São Paulo, quinta-feira, 18 de março de 2004

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LUÍS NASSIF

Sinais trocados

Há sinais trocados por parte do governo, em relação à atração de investimentos externos. Oferecem-se rentabilidade aviltante para o capital que não interessa -o especulativo- e sinais confusos para o capital que interessa -o de investimentos.
Do lado financeiro, há anos o país transformou-se no paraíso da especulação e do ganho fácil. O capital externo se torna decisivo quando se transforma em investimento, em geração de riqueza. O modelo, em vigor há dez anos, beneficiou apenas o capital especulativo. Taxas de juros exorbitantes, livre fluxo de capitais, volatilidade cambial.
O que o capital de longo prazo requer? Primeiro, um ambiente favorável ao crescimento, com taxas de juros civilizadas e tributação adequada. O modelo adotado foi de juros altos e arrocho fiscal. Depois, estabilidade cambial. O modelo levou a crises cambiais sucessivas.
Finalmente, um ambiente de regulação adequado. O modelo elétrico aumentou o grau de incerteza. O mercado de capitais virou um faroeste, com o papel totalmente ausente e suspeito da CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
Agora, o último bastião do desenvolvimentismo brasileiro, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), ameaça criar discriminação entre capital nacional e externo produtivos -e isso em um momento de queda de demanda de investimento. Há que tocar que as multinacionais do setor produtivo são aliadas, na luta contra o capital gafanhoto.

E-mails
Recebo dois e-mails sobre colunas recentes:
Do presidente indicado da CVM, Marcelo Trindade: "Apesar de afirmações absolutamente injustas sobre o atual presidente da CVM -homem de cuja probidade e retidão de conduta, inclusive como adversário, dou o mais veemente testemunho pessoal-, ambas as colunas (principalmente a de sábado) fizeram-me, como sempre, refletir sobre as questões por você mencionadas e parecem-me legítimas manifestações de um ponto de vista respeitável (ainda que dele eu tenda a discordar)". Não entendi, mas acato. Trindade diz que, de fato, foi advogado de seu adversário Luiz Cantidiano, mas em uma ação apenas.
De Maristela Maffei, da assessoria Máquina da Notícia: "Prezado Luis Nassif, em relação à colocação feita em sua coluna de ontem, temos a informar que a Máquina da Notícia, assessoria de imprensa corporativa da AmBev, contratou um free-lance do jornalista Mario Vianna para entrevistar e transformar em artigos as sugestões de articulistas que procuravam a AmBev, à época, para manifestar o desejo de tornar públicas suas opiniões sobre a polêmica que envolvia o episódio da fusão da Brahma com a Antarctica".
"Esse fato coincidia com as solicitações dos jornais da grande imprensa, em busca de um contraponto, ante os inúmeros artigos que chegavam às Redações defendendo exclusivamente a Kaiser (...). O único pagamento relativo ao episódio foi destinado à contratação, pela Máquina da Notícia, do jornalista, free-lance, como forma de pagamento pelo texto final ("ghost writer") dos artigos dos articulistas que assim o desejavam."

E-mail - Luisnassif@uol.com.br


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