São Paulo, quinta-feira, 18 de março de 2004

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GUERRA DAS CERVEJAS

Nova Schin amplia seu mercado

Schincariol vai acionar AmBev e Zeca Pagodinho judicialmente

DA REPORTAGEM LOCAL

A Schincariol anunciou ontem que moverá ações na Justiça contra a AmBev e o cantor Zeca Pagodinho. A primeira ação, contra a AmBev, seria por perdas e danos, baseada no suposto aliciamento do cantor, então garoto-propaganda da Schincariol, pela concorrente. Zeca Pagodinho teria que responder, além de perdas e danos, por quebra de contrato.
Desde a última semana, o cantor protagoniza um comercial da cerveja Brahma, uma das marcas da AmBev. Zeca fora a estrela do lançamento da Nova Schin, da Schincariol, em agosto do ano passado, que sustenta manter contrato de exclusividade com o artista até setembro próximo.
O diretor-superintendente da Schincariol, Adriano Schincariol, disse que a AmBev promoveu a veiculação da campanha com o cantor para ""encobrir" os problemas que estaria enfrentando desde o acordo com a Interbrew.
"É uma cortina de fumaça para desviar a atenção do que realmente interessa. O que queríamos que aparecesse, que são as questões da CVM [Comissão de Valores Mobiliários] e do Cade [Conselho Administrativo de Defesa Econômica], acaba deixado de lado pela polêmica em torno do Zeca."
O empresário fazia alusão à queda das ações preferenciais da AmBev, depois do anúncio do acordo, e à admissão do co-presidente do conselho de administração da AmBev, Victório de Marchi, de que houve vazamento de informações sobre a negociação.
O advogado da Schincariol, Vinícius Camargo Silva, disse que nas ações pedirá indenização baseada nas perdas que a Schincariol teve com a quebra de contrato e que o juiz estabeleça outra indenização a título de "correção".
A empresa e o advogado se negaram a divulgar os valores do contrato com Zeca Pagodinho.
A Schincariol afirmou que recorrerá ao Cade contra o acordo da AmBev-Interbrew. A empresa alega que o acordo agravará a situação de virtual monopólio no mercado interno. Para a Schincariol, a AmBev poderia usar seu maior poder econômico para pressionar fornecedores, o que prejudicaria a concorrência.
Procurada pela Folha, a AmBev, por meio de sua assessoria, informou que somente comentaria questões judiciais se de fato houvesse o ingresso de uma ação.
Acerca do acordo com a Interbrew, a empresa informou que procedeu de forma "transparente" e o processo tem cumprido as normas estabelecidas pela CVM.
Pelos dados da consultoria Nielsen referentes a fevereiro divulgados ontem, a Nova Schin passou de uma participação de 12,6% do mercado, em janeiro, para 13%. A Brahma recuou de 18,2% para 17,8%. A Skol (da AmBev), marca líder, tem 30,4%. (JOSÉ ALAN DIAS)


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