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NO AR
Formato de associação proposto ao Cade é substituído pela proposta de criação de uma empresa gestora de vôos compartilhados
Fusão Varig/TAM sai de cena "no curto prazo"
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL
O sistema de defesa da concorrência afirmou na manhã de ontem que Varig e TAM vão substituir, formalmente, a fusão societária por uma empresa gestora do
compartilhamento de vôos entre
as duas companhias aéreas.
A informação foi anunciada ontem pelos secretários de Direito
Econômico, Daniel Goldberg, e
de Acompanhamento Econômico, José Tavares, e pelo relator do
caso no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica),
Thompson Andrade. Eles estiveram reunidos ontem com sete representantes das empresas.
Goldberg afirmou que, na próxima semana, Varig e TAM farão
um aditamento na minuta de associação apresentada ao governo
para modificar a etapa final do
processo: em vez de uma fusão de
ativos e passivos das empresas,
será criada uma empresa gestora
do compartilhamento de vôos entre as duas companhias -conforme adiantou a Folha em 6/2.
"As empresas substituíram a última fase, que é a da fusão patrimonial, por uma outra forma de
associação, que envolve uma empresa gestora, mas não implica a
fusão dos ativos e passivos das
duas companhias", declarou.
Questionado pelos jornalistas se
a fusão sairia da proposta apresentada ao governo, Goldberg
respondeu: "Sai". Ele acrescentou, no entanto, que isso não impede as empresas de futuramente
realizarem uma fusão.
À tarde, em entrevista à Folha, o
economista Luciano Coutinho
-que trabalha com o banco Fator para a associação entre as
companhias aéreas- afirmou
que os planos de uma associação
societária no futuro não foram
abandonados por causa da criação da empresa gestora.
Segundo ele, o aditamento previsto pelas empresas é no contrato
de associação entre ambas, assinado em setembro de 2003, onde
vai ser adicionada a intenção de se
constituir uma empresa gestora,
sem exclusão da associação societária entre Varig e TAM.
"Da ótica do sistema de defesa
da concorrência, o objeto de avaliação mudou: passou a ser a criação da empresa gestora, em vez da
associação societária. Mas isso
não se reflete no contrato de associação", afirmou Coutinho.
Segundo Goldberg, as empresas
precisarão apresentar a operação
ao sistema para que seja aberto
um novo processo de análise.
O relator Thompson Andrade
afirmou ainda que os novos planos foram apresentados ontem
pelos representantes da empresa,
mas é preciso que sejam oficializados. "O que nos foi apresentado
até agora foi uma proposta, e não
um documento. Isso precisa ser
consubstanciado", declarou o
conselheiro do Cade.
Goldberg acrescentou que o
aditamento é necessário porque
os órgãos de defesa da concorrência analisarão se a criação dessa
empresa gestora do compartilhamento de vôos não terá impactos
anticoncorrenciais.
Entre os representantes das empresas na reunião, estavam o economista Luciano Coutinho, o
economista Gesner Oliveira, da
consultoria Tendências, advogados do escritório Tozzini Freire e
representantes do Fator.
No encontro, os órgãos de defesa da concorrência apresentaram
às empresas uma Declaração de
Objeções Preliminares. Essa foi a
primeira vez que o Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência
adotou esse mecanismo, no qual
as autoridades antitruste declaram suas preocupações em relação à operação.
"É uma espécie de lista dos problemas que queremos que eles
respondam. Eles terão de comprovar que a operação não terá
determinados efeitos. Isso garantirá maior celeridade aos processos", declarou Goldberg.
No final do dia, a SDE (Secretaria de Direito Econômico) divulgou uma nota para esclarecer que
em nenhum momento na reunião
as companhias anunciaram a desistência da operação de fusão.
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