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Mercado de seguros cresce 18% ao ano
Área com forte potencial de ganhos ajuda na rentabilidade dos bancos, que tendem a lucrar menos com juros em queda
Exigências de aumento de
capital serão ainda maiores;
sindicato de corretores
prevê diminuição de opções
de preços aos consumidores
DA REPORTAGEM LOCAL
O mercado de seguros é um
dos ramos financeiros que mais
crescem no país. Também deve
ganhar cada vez mais espaço
nos lucros dos bancos com a
tendência de queda nos juros e
de atingimento de limites insuportáveis para cobrança de tarifas dos correntistas.
Entre janeiro e outubro de
2006, a arrecadação de seguros
no país (área atingida pelas resoluções da Susep) cresceu
18%. Os ramos de capitalização
e previdência aberta, 2,2% e
-6,2%, respectivamente, segundo dados da Fenaseg.
Embora o Brasil seja a 12ª
economia do mundo (dependendo do indicador), ainda
ocupa o 24º lugar no mercado
segurador. O espaço para crescer é imenso. O ramo de veículos, o maior do país, cobre apenas 25% da frota nacional.
As pequenas e médias seguradoras acreditam que serão
alijadas rapidamente desse
mercado promissor com as novas exigências da Susep. Os
bancos ganhariam mercado.
Algumas dessas empresas
menores falaram à Folha sob a
condição de não serem identificadas, temendo represálias.
Elas chegam a concordar
com a necessidade de o Brasil
equalizar as regras com o resto
do mundo, apesar das diferenças de mercado, mas vêem favorecimento aos bancos no
prazo de três anos estipulado.
Com a safra de fortes lucros
dos últimos anos, o sistema
bancário estaria pronto para
atender rapidamente as exigências de mais dinheiro colocado rapidamente no negócio.
As empresas menores também consideram "inaceitável"
que o processo não tenha sido
conduzido com a transparência das audiências públicas.
"No limite do risco"
Um ex-funcionário do governo nesse ramo afirma que há
muitas empresas menores
"complicadas, operando no limite do risco", e que as mudanças são necessárias. Mas também questiona a falta de transparência que levou à definição
das novas regras e ao prazo.
Já as seguradoras ligadas a
bancos dizem estar prontas para as mudanças. "Não vamos
ter nenhuma dificuldade. Vamos nos adaptar rapidamente.
Até temos interesse, porque isso vai fazer um diferencial no
mercado", diz Samuel Monteiro, diretor-geral da Bradesco
Seguros e Previdência.
Sobre as discussões que levaram ao prazo de três anos,
Monteiro afirmou que "os técnicos da Susep prepararam o
modelo e o colocaram em audiência pública".
Lembrado pela Folha de que
isso não ocorreu, Monteiro disse que, "na verdade, houve uma
audiência pública "informal".
Fenaseg e todas as seguradoras
foram acionadas. Não é do desconhecimento de ninguém, essa é a grande verdade".
Renê Garcia, da Susep (atualmente afastado), diz que "cerca
de 20 das maiores empresas foram ouvidas". Representantes
de seguradoras médias, algumas tradicionais, dizem não terem sido consultados.
Osvaldo Nascimento, diretor-executivo da Itaú Seguros,
Vida e Previdência, afirma que
as novas regras são "muito positivas" para o mercado. Ele
concorda, porém, que o prazo
de três anos poderia ter sido
"mais bem debatido para ver se
não está descalibrado".
A Folha também entrou em
contato com o Unibanco, que
decidiu não se pronunciar sobre o assunto.
Exigência vai aumentar
Na verdade, a exigência de
aumento de capital poderá ser
ainda maior nos próximos
anos. Na atual fase, a medida da
Susep trata apenas do chamado
"capital adicional baseado nos
riscos de subscrição". Ou seja,
do limite da aceitação do risco
assumido em uma operação de
seguro tendo como base o capital da seguradora.
A base para o cálculo será o
total das operações até 2007. A
regra, então, terá de ser implementada em até três anos, sendo que no primeiro ano o ajuste
da insuficiência de capital será
de 30%. De 60% no segundo e
de 100% até o terceiro.
Além dos "riscos de subscrição" (resolução CNSP 158/ 06),
a Susep estuda a regulamentação de capital adicional pertinente aos riscos de "crédito",
"mercado", "legal" e "operacional", a que as seguradoras também estão expostas.
Para Leôncio de Arruda, presidente do Sincor (que reúne os
corretores de seguro), as medidas trarão "enxugamento no
setor e diminuição nas opções"
dos consumidores em relação
aos preços dos seguros.
(FERNANDO CANZIAN)
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