|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
entrevista
Exportação está sob risco, diz Fiesp
AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
Responsável por uma importante peça do projeto exportador no primeiro mandato do governo Lula, Juan
Quirós, ex-presidente da
Apex (Agência Brasileira de
Promoção de Exportação e
Investimentos), hoje vice-presidente da Fiesp e de volta à iniciativa privada, afirma
que a exportação brasileira
está sob risco. A situação
cambial, segundo ele, pode
comprometer o esforço de
criar uma "cultura exportadora" brasileira, com forte
envolvimento das pequenas
e médias empresas.
FOLHA - O câmbio está minando
a cultura exportadora?
JUAN QUIRÓS - Precisamos gerar um novo modelo exportador. No primeiro mandato
do presidente Lula, se criou
uma cultura exportadora. O
dólar sempre foi um fator
complicado. Quando estava a
R$ 3,50, quando caiu para
dois reais e pouco. Muita
gente falava que a R$ 2,50
não dava para exportar. O fato foi o de que o dólar caiu e
as exportações continuaram
crescendo, mas cresceu com
a iniciativa privada. Hoje, está ficando insustentável para
alguns setores exportadores.
A exportação vai crescer,
mas o problema está nas importações, que crescem muito mais devido ao câmbio.
FOLHA - O déficit na balança comercial está no horizonte?
QUIRÓS - Se as importações
continuarem no atual ritmo,
duas ou três vezes maiores
do que as exportações, não
tenha dúvida de que em
2009 teremos déficit na balança comercial. Vai depender muito da importação do
petróleo e do preço das commodities, mas há risco grande disso.
FOLHA - O governo acaba de
lançar uma meta na qual pretende exportar US$ 210 bilhões em
2010. É factível?
QUIRÓS - A meta dos US$ 210
bilhões faz parte da política
industrial. Suponho que
existe um estudo que ancore
essa meta de exportação e a
nova política industrial que
será anunciada. A política industrial precisa ser anunciada e entrar imediatamente
em prática para o setor exportador. Nós já passamos da
luz amarela. Nós já estamos
na luz vermelha.
Texto Anterior: Governo volta a cogitar IOF maior para entrada de dólares Próximo Texto: Luiz Carlos Mendonça de Barros: Remando contra a maré Índice
|