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País tem apenas 1,2% do comércio global
Exportações brasileiras aumentam 24% no começo do ano, enquanto importações do país crescem 56%, mostra OMC
Estudo da Organização Mundial do Comércio indica que, no ano passado, Brasil subiu para 23º no ranking global de exportadores
MARCELO NINIO
DE GENEBRA
O comércio exterior brasileiro cresceu mais nos dois primeiros meses de 2008 que o
das maiores economias do
mundo, graças ao aumento da
demanda interna e das altas
nos preços das matérias-primas. O crescimento das importações foi particularmente alto,
de 56% em relação ao mesmo
período do ano passado.
As exportações cresceram
menos no bimestre, mas o aumento de 24% ainda é maior do
que o registrado por gigantes
como Estados Unidos (20%),
China (17%), Alemanha (23%)
e Japão (22%). O baixo número
da China tem motivos sazonais,
explicaram os economistas da
OMC (Organização Mundial do
Comércio), pois registra a virada do ano, quando a atividade
econômica diminui no país.
Em 2007, segundo estudo da
OMC, as exportações do Brasil
cresceram 17%, com volume de
US$ 161 bilhões. O desempenho fez o país subir uma posição no ranking mundial, para o
23º lugar, mas o colocou na lanterna entre os chamados Brics
(principais economias emergentes). As exportações da China cresceram 26% no ano passado, as da Índia, 20%. O Brasil
empatou com a Rússia.
O desempenho brasileiro nas
exportações também foi um
pouco pior que a média dos países do Mercosul (Argentina,
Brasil, Paraguai e Uruguai), que
chegou a 18%.
A fatia ocupada pelos produtos brasileiros no mercado
mundial não passa de 1,2%, inferior à de países bem menores,
como Holanda (4%), Bélgica
(3,1%) e Coréia do Sul (2,7%).
Para Michael Finger, economista sênior da OMC, o lento
crescimento da participação
brasileira no comércio mundial
tem razões históricas, principalmente a concentração no
setor de matéria-prima.
"Para ampliar a sua fatia, o
país teria que investir mais em
produtos manufaturados, como fez a Coréia", diz Finger.
Aquecimento interno
Os números da OMC confirmam o aquecimento da demanda interna do Brasil nos últimos meses, que alavancou o crescimento e protegeu o país
das turbulências mundiais
-mas também despertou os temores inflacionários que levaram o Banco Central a elevar os
juros em 0,5 ponto anteontem.
Os dois primeiros meses deste ano prosseguem a tendência
observada em 2007, quando as
importações brasileiras tiveram crescimento de 32% em
relação a 2006. Foi o maior aumento entre os países listados
no estudo da OMC, com exceção da Rússia, cujas importações aumentaram 35%. No ranking mundial das importações,
o Brasil ocupa o 27º lugar, com
compras de US$ 127 bilhões
(0,9% do total mundial).
Os países desenvolvidos investem justamente no aumento da demanda interna nos países em desenvolvimento, principalmente na China, para
compensar os efeitos da desaceleração em suas economias.
Em 2007, a queda no consumo no mundo desenvolvido reduziu o crescimento econômico mundial de 3,7% para 3,4%.
No mesmo período, as regiões
emergentes registraram crescimento próximo de 7%.
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