São Paulo, sexta-feira, 18 de abril de 2008

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Transações globais devem ter a menor alta em seis anos

DE GENEBRA

Travado pela crise do crédito e pelo aumento nos preços das matérias-primas, o comércio mundial não deverá crescer mais que 4,5% em 2008, a menor taxa desde 2002. A previsão é do estudo divulgado ontem pela OMC. A Organização Mundial do Comércio antecipou que a taxa poderá ser "significativamente menor" se as turbulências do mercado financeiro se agravarem.
A desaceleração prevista para este ano acompanha a queda dos últimos três anos. Em 2007, o comércio mundial teve crescimento de 5,5%, contra 8,5% no ano anterior. "É uma queda e tanto", reconheceu o economista-chefe da entidade, Patrick Low, antevendo piora ainda maior neste ano.
"Tivemos dificuldades para chegar a esse número porque há muita incerteza na economia mundial", disse Low. "Provavelmente teremos que revisitar a estimativa no terceiro ou no quarto trimestre." Ele acrescentou, porém, que a crise no mercado financeiro ainda não teve efeito direto na economia real do planeta.
Segundo a OMC, os países em desenvolvimento podem servir como "amortecedor" para a desaceleração mundial, já que devem continuar com crescimento robusto. A organização baseia em números do FMI a previsão de que as economias desenvolvidas crescerão em média 1,1% em 2008, enquanto as dos países em desenvolvimento, como o Brasil, terão expansão acima de 5%.
Mais de 40% do crescimento econômico mundial em 2007 foi produzido por países em desenvolvimento, lembra a OMC. A fatia desses países no mercado mundial (exportações e importações) atingiu o patamar de 34% no ano passado, um recorde.
A perspectiva de queda no comércio mundial, entretanto, mostra que esse crescimento não será suficiente para compensar a desaceleração nos países desenvolvidos, principalmente nos EUA, há meses à beira da recessão. A previsão é que a economia mundial cresça 2,6% neste ano, contra 3,4% em 2007 e 3,7% em 2006.
O mundo inteiro sofre com a queda na demanda nos países desenvolvidos. Nos EUA, aponta a OMC, as importações aumentaram apenas 1% em volume em 2007, a menor taxa em seis anos.
"São tempos de incerteza e dificuldades para a economia global", disse o diretor-geral da OMC, Pascal Lamy. "As turbulências nos mercados financeiros, o significativo aumento de preços e a desaceleração das economias desenvolvidas não levaram ao rompimento do comércio. Mas as pressões protecionistas estão crescendo."
Para Patrick Low, as dificuldades da economia mundial aumentam a urgência da Rodada Doha, bloqueada pela resistência em baixar tarifas industriais e reduzir subsídios agrícolas. (MN)


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