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Transações globais devem ter a menor alta em seis anos
DE GENEBRA
Travado pela crise do crédito e pelo aumento nos preços das matérias-primas, o
comércio mundial não deverá crescer mais que 4,5% em
2008, a menor taxa desde
2002. A previsão é do estudo
divulgado ontem pela OMC.
A Organização Mundial do
Comércio antecipou que a
taxa poderá ser "significativamente menor" se as turbulências do mercado financeiro se agravarem.
A desaceleração prevista
para este ano acompanha a
queda dos últimos três anos.
Em 2007, o comércio mundial teve crescimento de
5,5%, contra 8,5% no ano anterior. "É uma queda e tanto", reconheceu o economista-chefe da entidade, Patrick
Low, antevendo piora ainda
maior neste ano.
"Tivemos dificuldades para chegar a esse número porque há muita incerteza na
economia mundial", disse
Low. "Provavelmente teremos que revisitar a estimativa no terceiro ou no quarto
trimestre." Ele acrescentou,
porém, que a crise no mercado financeiro ainda não teve
efeito direto na economia
real do planeta.
Segundo a OMC, os países
em desenvolvimento podem
servir como "amortecedor"
para a desaceleração mundial, já que devem continuar
com crescimento robusto. A
organização baseia em números do FMI a previsão de
que as economias desenvolvidas crescerão em média
1,1% em 2008, enquanto as
dos países em desenvolvimento, como o Brasil, terão
expansão acima de 5%.
Mais de 40% do crescimento econômico mundial
em 2007 foi produzido por
países em desenvolvimento,
lembra a OMC. A fatia desses
países no mercado mundial
(exportações e importações)
atingiu o patamar de 34% no
ano passado, um recorde.
A perspectiva de queda no
comércio mundial, entretanto, mostra que esse crescimento não será suficiente
para compensar a desaceleração nos países desenvolvidos, principalmente nos
EUA, há meses à beira da recessão. A previsão é que a
economia mundial cresça
2,6% neste ano, contra 3,4%
em 2007 e 3,7% em 2006.
O mundo inteiro sofre com
a queda na demanda nos países desenvolvidos. Nos EUA,
aponta a OMC, as importações aumentaram apenas 1%
em volume em 2007, a menor taxa em seis anos.
"São tempos de incerteza e
dificuldades para a economia
global", disse o diretor-geral
da OMC, Pascal Lamy. "As
turbulências nos mercados
financeiros, o significativo
aumento de preços e a desaceleração das economias desenvolvidas não levaram ao
rompimento do comércio.
Mas as pressões protecionistas estão crescendo."
Para Patrick Low, as dificuldades da economia mundial aumentam a urgência da
Rodada Doha, bloqueada pela resistência em baixar tarifas industriais e reduzir subsídios agrícolas.
(MN)
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