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Indústria eletrônica vê perda de US$ 150 mi devido à greve
Governo conseguiu cassar na Justiça liminar que favorecia auditores da Receita
Setor de transporte aponta prejuízos de US$ 14 milhões; sindicato dos servidores sinaliza que greve, iniciada há um mês, deve continuar
FELIPE SELIGMAN
JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A greve dos auditores fiscais,
que completa hoje um mês, já
causou um prejuízo de pelo
menos US$ 164 milhões para o
setor privado, segundo estimativas divulgadas ontem pela
Abinee (Associação Brasileira
da Indústria Elétrica e Eletrônica) e pela NTC&Logística
(Associação Nacional de Transporte de Cargas Logísticas).
O presidente da Abinee,
Humberto Barbato, entregou
ao ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, documentos que mostram um prejuízo de US$ 150 milhões no setor. Essa conta inclui o custo de
armazenagem das mercadorias
nos portos e nos aeroportos e
os impostos que já foram pagos
sem a liberação do material importado.
Barbato disse que as fábricas
de equipamentos eletrônicos
de imagem e som e seus componentes são as mais atingidas
porque dependem da importação de insumos. Por isso, essas
indústrias já reduziram o ritmo
de produção. Segundo ele, cerca de US$ 400 milhões em
equipamentos e insumos do setor estão retidos nas alfândegas
do país.
As empresas de transporte
internacional de cargas tiveram perdas de US$ 14 milhões
desde o começo da greve, segundo nota divulgada
NTC&Logística. A entidade
protocolou no Ministério da
Fazenda um pedido de providências ao ministro Guido
Mantega.
Corte dos dias parados
O governo conseguiu restabelecer pela segunda vez o direito de descontar os dias de
paralisação dos auditores fiscais da Receita Federal. A Advocacia Geral da União recorreu, na noite de ontem, à decisão do STJ (Superior Tribunal
de Justiça), que havia concedido uma liminar que impedia o
Ministério do Planejamento de
cortar o ponto dos grevistas.
Com o argumento de que o
futuro presidente do Supremo
Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes, já havia decidido
que a greve era "ilegal", a AGU
conseguiu reverter decisão liminar proferida na noite de anteontem pelo relator do caso,
ministro Napoleão Nunes Maia
Filho. "Esvai-se um dos requisitos autorizadores da concessão da tutela de urgência.... o
que basta para desestabilizar o
raciocínio que serviu de fundamento à concessão da medida
liminar", afirmou o ministro ao
reconsiderar o caso.
Em sua primeira decisão, o
ministro alegou que o dinheiro
recebido pelos grevistas "tem
natureza alimentar" e disse que
não acredita que "a suspensão
dos pagamentos, pela administração, possa conduzir à solução desejável desse impasse".
O governo já anunciou na semana passada, quando a primeira liminar foi derrubada,
que vai descontar os dias de
greve em abril.
Os auditores fiscais da Receita fazem hoje nova assembléia
para decidir se continuam parados ou não. Os auditores, que
hoje ganham entre R$ 10,2 mil
(início de carreira) e R$ 13,4 mil
(fim de carreira), sem gratificação, querem equiparação com
os delegados da Polícia Federal,
que hoje ganham R$ 19 mil.
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