São Paulo, sexta-feira, 18 de maio de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

BNDES vira sócio da Light com 31,4% do capital

Banco tinha a opção de converter dívida em ações

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) anunciou que decidiu se tornar sócio da Light com 31,4% do capital. O banco optou por converter 90% de uma dívida referente a um empréstimo contraído em 2005, o equivalente a R$ 713 milhões. A participação na Light é a segunda maior do banco em uma empresa do setor de energia.
Em 2005, o BNDES concedeu um empréstimo no valor de R$ 726 milhões para a Light, no âmbito de uma linha de crédito emergencial para as distribuidoras. O financiamento foi alvo de críticas na época por conta das dificuldades de gestão. A empresa acabou sendo vendida ao consórcio Rio Minas Energia, formado por Cemig, Andrade Gutierrez, Luce e Pactual no ano passado.
O banco subscreveu debêntures (títulos de dívida) no valor do financiamento e tinha a opção de convertê-las em ações até 2009. Os títulos foram convertidos a um preço de R$ 12 por ação, valor abaixo da cotação atual dos papéis da Light, na faixa de R$ 29.
Com a mudança, a participação do Consórcio Rio Minas Energia será reduzida de 79,39% para 54,20%. O banco passa a ser o segundo maior acionista. Os minoritários, incluindo a EDF (Electricité de France), passam a deter 14,4%.
A operação adiantará o cumprimento das metas do novo mercado, que prevêem manutenção de no mínimo 25% do capital da empresa fora do grupo de controle. Com a conversão da dívida, as ações em circulação passam a representar 46% do capital.
O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, afirmou que a operação vai reforçar a estrutura de capital da empresa. "Fizemos isso com uma visão de longo prazo. Existirão no futuro oportunidades importantes para que as empresas do setor invistam mais", disse. Com a operação, a Light deixa de pagar cerca de R$ 80 milhões em juros por ano referentes à dívida.

Mais investimento
A Light pretende acelerar o ritmo de investimentos com a entrada do BNDES. Segundo o presidente do conselho de administração da Light, Wilson Brumer, a entrada do BNDES vai mudar a estratégia da distribuidora, que deverá participar de forma mais agressiva do processo de consolidação do setor e investir mais em geração de energia. As hipóteses em avaliação incluem a participação em leilões de energia nova. A mudança pode ser atribuída em parte à queda do endividamento da Light com a operação. A dívida líquida cai de R$ 2,34 bilhões para R$ 1,62 bilhão.
A empresa quer elevar o valor do seu plano de investimento em R$ 800 milhões com a construção de uma PCH (Pequena Central Hidrelétrica) em Paracambi (RJ), e uma hidrelétrica em Itaocara (RJ).
A Light ainda tem um pedido de empréstimo de R$ 660 milhões no BNDES para levar adiante o plano de investimentos até 2008 e planeja, no futuro, pedir novos empréstimos. Ela espera receber os recursos no terceiro trimestre.
O investimento em geração é uma estratégia da empresa para combater a perda de clientes para o chamado mercado livre. Grandes consumidores, em geral indústrias, migraram para empresas como Tractebel e Cemig, que investem mais em geração. Uma das principais críticas aos indicadores da Light é o elevado nível de perda de energia, que no primeiro trimestre ficou em 25%. Segundo o presidente da empresa, José Luiz Alquéres, as dificuldades para reduzir esse percentual refletem a migração de clientes para o chamado mercado livre.


Texto Anterior: Operação: PF detém suspeitos de contrabando
Próximo Texto: Vaivém das commodities
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.