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BNDES vira sócio da Light com 31,4% do capital
Banco tinha a opção de converter dívida em ações
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
O BNDES (Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social) anunciou que decidiu se tornar sócio da Light
com 31,4% do capital. O banco
optou por converter 90% de
uma dívida referente a um empréstimo contraído em 2005, o
equivalente a R$ 713 milhões. A
participação na Light é a segunda maior do banco em uma empresa do setor de energia.
Em 2005, o BNDES concedeu um empréstimo no valor
de R$ 726 milhões para a Light,
no âmbito de uma linha de crédito emergencial para as distribuidoras. O financiamento foi
alvo de críticas na época por
conta das dificuldades de gestão. A empresa acabou sendo
vendida ao consórcio Rio Minas Energia, formado por Cemig, Andrade Gutierrez, Luce e
Pactual no ano passado.
O banco subscreveu debêntures (títulos de dívida) no valor do financiamento e tinha a
opção de convertê-las em ações
até 2009. Os títulos foram convertidos a um preço de R$ 12
por ação, valor abaixo da cotação atual dos papéis da Light,
na faixa de R$ 29.
Com a mudança, a participação do Consórcio Rio Minas
Energia será reduzida de
79,39% para 54,20%. O banco
passa a ser o segundo maior
acionista. Os minoritários, incluindo a EDF (Electricité de
France), passam a deter 14,4%.
A operação adiantará o cumprimento das metas do novo
mercado, que prevêem manutenção de no mínimo 25% do
capital da empresa fora do grupo de controle. Com a conversão da dívida, as ações em circulação passam a representar
46% do capital.
O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, afirmou que a
operação vai reforçar a estrutura de capital da empresa. "Fizemos isso com uma visão de longo prazo. Existirão no futuro
oportunidades importantes para que as empresas do setor invistam mais", disse. Com a operação, a Light deixa de pagar
cerca de R$ 80 milhões em juros por ano referentes à dívida.
Mais investimento
A Light pretende acelerar o
ritmo de investimentos com a
entrada do BNDES. Segundo o
presidente do conselho de administração da Light, Wilson
Brumer, a entrada do BNDES
vai mudar a estratégia da distribuidora, que deverá participar
de forma mais agressiva do processo de consolidação do setor
e investir mais em geração de
energia. As hipóteses em avaliação incluem a participação
em leilões de energia nova. A
mudança pode ser atribuída em
parte à queda do endividamento da Light com a operação. A
dívida líquida cai de R$ 2,34 bilhões para R$ 1,62 bilhão.
A empresa quer elevar o valor do seu plano de investimento em R$ 800 milhões com a
construção de uma PCH (Pequena Central Hidrelétrica)
em Paracambi (RJ), e uma hidrelétrica em Itaocara (RJ).
A Light ainda tem um pedido
de empréstimo de R$ 660 milhões no BNDES para levar
adiante o plano de investimentos até 2008 e planeja, no futuro, pedir novos empréstimos.
Ela espera receber os recursos
no terceiro trimestre.
O investimento em geração é
uma estratégia da empresa para combater a perda de clientes
para o chamado mercado livre.
Grandes consumidores, em geral indústrias, migraram para
empresas como Tractebel e Cemig, que investem mais em geração. Uma das principais críticas aos indicadores da Light é o
elevado nível de perda de energia, que no primeiro trimestre
ficou em 25%. Segundo o presidente da empresa, José Luiz Alquéres, as dificuldades para reduzir esse percentual refletem
a migração de clientes para o
chamado mercado livre.
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