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Com menos imóveis, preço sobe 27% em SP
Capital paulista tinha pouco mais de 10 mil unidades à venda em março, ante 18 mil há um ano; ideal seria pelo menos 12 mil
Secovi diz que descompasso entre oferta e demanda se deve à maior confiança dos consumidores para assumir uma dívida de longo prazo
TATIANA RESENDE
DA REPORTAGEM LOCAL
Com a redução no número de
lançamentos de imóveis residenciais na capital paulista, a
quantidade de unidades em estoque atingiu em março o menor nível de toda a série histórica da pesquisa do Secovi (Sindicato da Habitação) de São Paulo, iniciada em 2005.
Com isso, o preço do metro
quadrado de área útil das novas
moradias subiu 26,7% em dois
anos, considerando o valor médio registrado nos últimos 12
meses terminados em março
de 2008 (R$ 3.109) e no mesmo
mês deste ano (R$ 3.940), de
acordo com os dados divulgados ontem pela entidade. Já no
confronto entre março de 2009
e de 2010, a alta foi de 5,6%.
Para o economista-chefe do
Secovi-SP, Celso Petrucci, essa
forma de cálculo, ponderando o
preço num período longo e não
especificando o número de
dormitórios, é a mais apropriada. "A valorização imobiliária é
consequência do desenvolvimento", afirma, destacando o
aumento da renda, a estabilidade econômica, o crescimento
do PIB e a maior possibilidade
de ascensão das classes sociais.
Em março, havia 10.416 moradias à venda na cidade, ante
18.005 no mesmo mês de 2009.
No primeiro trimestre deste
ano, 6.193 imóveis foram lançados, quase o dobro (96,4%) em
relação aos primeiros três meses de 2009, devido à crise.
Apesar da alta, os lançamentos deste ano ainda são 11,8%
inferiores aos de 2008. Já as
vendas (8.461 unidades) subiram 75,1% em um ano e se
mantiveram estáveis (-0,2%)
no período de dois anos.
Na avaliação do presidente
do Secovi-SP, João Crestana,
um número mais confortável
para os estoques seria em torno
de 12 mil unidades. "Mas estamos num momento de recuperação", afirmou ele.
O descompasso entre oferta e
demanda, diz, deve-se mais à
rápida retomada da confiança
do consumidor para assumir
uma dívida de longo prazo do
que a dos empresários em erguer novos empreendimentos.
Outro fator determinante
para a valorização imobiliária,
ressalta Crestana, é o preço dos
terrenos. "É a matéria-prima
principal e estão cada vez mais
caros. Agora chegam a ser 50%
do preço de um imóvel, em alguns casos, e há cinco, seis
anos, não ultrapassavam 20%."
O Minha Casa, Minha Vida
foi citado como um dos impulsos à recuperação das vendas
no mercado imobiliário. O programa usa recursos do FGTS e
foi lançado pelo governo federal em março do ano passado.
Segundo o último balanço,
foram assinados 434.660 contratos até o dia 10, ante a meta
de 1 milhão até dezembro.
O financiamento imobiliário
com recursos da poupança
também aponta para essa retomada. As operações de crédito
somaram R$ 9,98 bilhões no
primeiro trimestre -melhor
resultado para o período na série histórica iniciada em 1967.
Para o economista Francisco
Pessoa, da LCA Consultores, "o
crescimento econômico não
necessariamente tem de vir
acompanhado de inflação".
No caso de imóveis, no entanto, ele pondera que há uma
maior influência da queda na
taxa de juros, permitindo que
mais consumidores possam ir
às compras, além de investidores que podem estar optando
por essa forma de aplicação
mais segura.
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