São Paulo, terça-feira, 18 de maio de 2010

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Com menos imóveis, preço sobe 27% em SP

Capital paulista tinha pouco mais de 10 mil unidades à venda em março, ante 18 mil há um ano; ideal seria pelo menos 12 mil

Secovi diz que descompasso entre oferta e demanda se deve à maior confiança dos consumidores para assumir uma dívida de longo prazo

TATIANA RESENDE
DA REPORTAGEM LOCAL

Com a redução no número de lançamentos de imóveis residenciais na capital paulista, a quantidade de unidades em estoque atingiu em março o menor nível de toda a série histórica da pesquisa do Secovi (Sindicato da Habitação) de São Paulo, iniciada em 2005.
Com isso, o preço do metro quadrado de área útil das novas moradias subiu 26,7% em dois anos, considerando o valor médio registrado nos últimos 12 meses terminados em março de 2008 (R$ 3.109) e no mesmo mês deste ano (R$ 3.940), de acordo com os dados divulgados ontem pela entidade. Já no confronto entre março de 2009 e de 2010, a alta foi de 5,6%.
Para o economista-chefe do Secovi-SP, Celso Petrucci, essa forma de cálculo, ponderando o preço num período longo e não especificando o número de dormitórios, é a mais apropriada. "A valorização imobiliária é consequência do desenvolvimento", afirma, destacando o aumento da renda, a estabilidade econômica, o crescimento do PIB e a maior possibilidade de ascensão das classes sociais.
Em março, havia 10.416 moradias à venda na cidade, ante 18.005 no mesmo mês de 2009.
No primeiro trimestre deste ano, 6.193 imóveis foram lançados, quase o dobro (96,4%) em relação aos primeiros três meses de 2009, devido à crise.
Apesar da alta, os lançamentos deste ano ainda são 11,8% inferiores aos de 2008. Já as vendas (8.461 unidades) subiram 75,1% em um ano e se mantiveram estáveis (-0,2%) no período de dois anos.
Na avaliação do presidente do Secovi-SP, João Crestana, um número mais confortável para os estoques seria em torno de 12 mil unidades. "Mas estamos num momento de recuperação", afirmou ele.
O descompasso entre oferta e demanda, diz, deve-se mais à rápida retomada da confiança do consumidor para assumir uma dívida de longo prazo do que a dos empresários em erguer novos empreendimentos.
Outro fator determinante para a valorização imobiliária, ressalta Crestana, é o preço dos terrenos. "É a matéria-prima principal e estão cada vez mais caros. Agora chegam a ser 50% do preço de um imóvel, em alguns casos, e há cinco, seis anos, não ultrapassavam 20%."
O Minha Casa, Minha Vida foi citado como um dos impulsos à recuperação das vendas no mercado imobiliário. O programa usa recursos do FGTS e foi lançado pelo governo federal em março do ano passado.
Segundo o último balanço, foram assinados 434.660 contratos até o dia 10, ante a meta de 1 milhão até dezembro.
O financiamento imobiliário com recursos da poupança também aponta para essa retomada. As operações de crédito somaram R$ 9,98 bilhões no primeiro trimestre -melhor resultado para o período na série histórica iniciada em 1967.
Para o economista Francisco Pessoa, da LCA Consultores, "o crescimento econômico não necessariamente tem de vir acompanhado de inflação".
No caso de imóveis, no entanto, ele pondera que há uma maior influência da queda na taxa de juros, permitindo que mais consumidores possam ir às compras, além de investidores que podem estar optando por essa forma de aplicação mais segura.


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