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Em confecção chinesa, é o cliente que cria a camisa
Pela internet, empresas customizam e vendem produtos, de roupas a alimentos
Jovens chineses focalizam interatividade para atrair clientes para seu site, onde é possível customizar camisas por menos de US$ 30 a mais
AMY WALLACE
DO "NEW YORK TIMES"
A ideia jamais foi tentar suplantar o varejo, diz Fan Bi, 22,
presidente-executivo da Blank
Label. Há momentos em que o
consumidor precisa de uma camisa social agora mesmo, e, em
momentos como esses, "é possível comprá-la agora mesmo
na Nordstrom [rede de lojas]".
Mas e quando a pessoa tem o
desejo de não usar aquilo que
outros 10 mil usam? Ou quando
quer o tecido, o colarinho e o
forro que sempre desejou, não
os escolhidos por algum comprador de moda? E se a pessoa
pudesse desenhar ela mesma a
camisa que deseja e recebê-la
pelo preço de uma camisa social produzida em massa?
"A ideia de que personalizar
um produto vendido a preço de
varejo adiciona valor tinha posição central para a nossa empresa desde o começo", disse
Fan, em Xangai, onde as camisas Blank Label são produzidas
segundo especificações dos
clientes e entregues em qualquer parte do mundo em prazo
de quatro semanas.
Desde o fim de 2009, quando
o aplicativo para quem deseja
criar camisas estreou no site
www.blank-label.com, Fan e
seus três sócios, de 19, 22 e 30
anos, passaram a fazer parte de
um movimento pequeno, mas
crescente, de cocriação.
Via internet, consumidores
podem influenciar a produção
do que adquirem. Já surgiram
empresas que permitem que
consumidores criem granola
(MeAndGoji.com), joias
(gemvara.com), chocolate
(CreateMyChocolate.com) e
bolsas (LaudiVidni.com).
Também existem sites que
vendem serviços de criação de
camisas, e a Brooks Brothers é
um grande grupo de varejo que
oferece recurso semelhante.
O lado positivo para os donos
das empresas é evidente: baixo
custo fixo. Na Blank Label, o
modelo de negócios resulta na
produção só das camisas que
serão vendidas, eliminando a
necessidade de produzi-las em
todos os tamanhos e estilos.
Não é preciso alugar espaço
para armazenagem. Não é preciso operar lojas nem um escritório maior que um emprestado do Babson College, de Boston, onde Fan foi aluno.
"Nos concentramos em ser
uma empresa enxuta", diz Fan.
Segundo ele, o site já vendeu
450 camisas. Recentemente,
houve salto na demanda, e os
pedidos subiram para dez camisas diárias. O site foi financiado com cerca de US$ 10 mil
que Fan tinha em economias.
Desde o início, um dos objetivos era se comunicar diretamente com os clientes. O site
convida: "Entre em contato.
Gostamos de conversar".
A depender do horário, Fan
atende os telefonemas. Se estiver acordado, ativa um recurso
que envia mensagens instantâneas aos visitantes que permaneçam no site por mais de 90
segundos.
"Precisa de ajuda?", pergunta a mensagem. Ele e seus sócios dedicam horas a conversar
com os clientes e descobrir do
que eles gostam ou não no serviço. O retorno de informações
resultou em diversas reformulações no site. Em seis meses, a
empresa já trocou três vezes de
home page. Os sócios dizem alterar algo quase todo dia.
Algumas semanas atrás, eu
visitei o site e criei, para meu filho de 13 anos, uma camisa social feita com tecido "verde de
entusiasmo" -todos os tecidos
da Blank Label têm nomes altamente descritivos.
Escolhi o corte, o tamanho, o
colarinho, a abertura do punho, o punho de um só botão,
sem bolsos e com galardões decorativos nos ombros. O processo durou dez minutos. Com
os detalhes, a camisa custou
US$ 72, ante US$ 45 do modelo
básico.
Na sexta, a camisa chegou,
exatamente como desenhei. Se
meu filho não gostar, as regras
da Blank Label são a de que devoluções serão aceitas sem justificativa. E o melhor: posso dizer que, de certo modo, eu a fiz.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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