São Paulo, terça-feira, 18 de maio de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

agrofolha

Produtor de laranja vende safra ainda no pé

Indústria fecha contratos antecipados devido à menor oferta de frutas, mas produtor reclama de perdas de anos anteriores

Associação de produtores diz que caixa está sendo vendida entre R$ 13 e R$ 15; há um ano, indústria pagava pouco mais de R$ 3,50

JEAN DE SOUZA
DA FOLHA RIBEIRÃO

A safra de laranja 2010/2011 que começa a engrenar no interior de São Paulo já está comprada, para alívio dos citricultores, que ainda reclamam do prejuízo sofrido em anos anteriores.
Segundo entidades de produtores, a oferta menor de frutas projetada para este ano forçou as indústrias de suco a fechar contratos antecipados com os produtores.
A situação contrasta com a vivida pelos citricultores no ano passado, quando, nos meses que antecederam o início da colheita, novos contratos para fornecimento de laranja eram raros e o mercado à vista pagava pouco mais de R$ 3,50 pela caixa de 40,8 quilos.
A alternativa, para muitos produtores, foi deixar a laranja apodrecer no pé, já que entregar ao preço estabelecido pelos compradores significava bancar custos de colheita e transporte até a fábrica.
De acordo com o presidente da Associtrus (Associação Brasileira de Citricultores), neste ano os preços pagos estão entre R$ 13 e R$ 15 por caixa.
A produção foi praticamente comprada, mas não é motivo de comemoração para os plantadores, segundo Flávio Viegas, presidente da Associtrus.
"Com esse preço, vamos cobrir os custos deste ano, mas continuamos com os prejuízos dos anos anteriores."
O presidente do Sindicato Rural de Taquaritinga, Marco Antônio dos Santos, diz que os contratos já fechados, e a um preço "razoável", apenas darão ao produtor a oportunidade de não acumular novas dívidas, mas não são suficientes para pagar os débitos antigos nem fazer investimentos na lavoura.
A condição mais favorável de preço também não representa uma retomada da relação de confiança entre as indústrias e os produtores.
A Folha conversou com um citricultor, por telefone, que disse ter fechado contrato por R$ 13,50 a caixa para esta safra.
No ano passado, ele não tinha contrato e entregou a mesma caixa por R$ 3,50 -com frete e colheita-, mas ainda assim afirmou não querer informar seu nome para não sofrer retaliações da indústria.

Safra menor
A queda estimada na produção desta safra chega a 15%. Em sua última estimativa de produção, de novembro de 2009, o IEA (Instituto de Economia Agrícola), da Secretaria da Agricultura de São Paulo, projetou a safra 2009/10 em 341 milhões de caixas.
Na semana passada, a Cutrale -líder do mercado mundial, posto que deve perder após concluída a fusão da Citrovita e da Citrosuco, anunciada na última sexta-feira- lançou estimativa de 286 milhões de caixas para a nova safra (251 milhões para produção de suco).
O presidente da CitrusBR (Associação Nacional de Exportadores de Suco Cítricos), Cristian Lobauer, afirmou que as esmagadoras projetam produção entre 270 milhões e 286 milhões de caixas.


Texto Anterior: Para BC, país já tem pronta ação anticrise

Próximo Texto: Mato Grosso quer status de livre da aftosa
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.