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JUROS
Banco Central volta a cortar juros após quatro meses; taxa anual cai de 18,5% para 18%; BC justifica medida de modo original
Otimista com política e preços, BC corta juro
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de quatro meses, o Banco Central voltou a cortar os juros
básicos da economia, que saíram
de 18,5% para 18% ao ano. A decisão foi considerada algo surpreendente pelo mercado, era ansiada pelo candidato do governo à
presidente e foi justificada de modo original pelo Comitê de Política Monetária (a direção do BC,
que vota e define a taxa de juros).
Para justificar a decisão, o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) divulgou nota dizendo
que a redução foi possível graças à
confiança "na manutenção, no futuro, de um arcabouço macroeconômico responsável", um argumento político inusual no BC, e
na queda da inflação.
De acordo com a equipe econômica, "arcabouço macroeconômico responsável" é o nome dado
às bases da atual política econômica: compromisso com o ajuste
fiscal, com o câmbio flutuante e
com as metas de inflação.
Na reunião de junho, quando
indicou tendência de queda dos
juros, o BC informou que as condições da economia ainda não
eram as mais adequadas para reduzir a taxa. Ontem, não havia
grande diferença em relação à situação do mês passado.
A decisão de reduzir os juros
não foi unânime entre os diretores do BC. Foram cinco votos pela
redução e dois pela manutenção
da taxa. O Copom tem oito membros, mas um deles -o diretor de
Administração, Edison Bernardes- não participou da reunião
porque está de férias.
Além da confiança na manutenção das bases da política econômica, o Copom também cita o fato de a projeção de inflação do
ano que vem estar "bem abaixo"
da meta fixada pelo governo.
No final do mês passado, o Conselho Monetário Nacional aumentou de 3,25% para 4% a meta
para a inflação do ano que vem.
Além disso, a margem de tolerância para a meta passou de 2 pontos percentuais para 2,5 pontos.
No mês passado, o BC projetava
inflação de 2,6% para o ano que
vem -bem abaixo da meta de
4%. Em junho do ano passado, o
BC estimava uma inflação de 3%
para 2002. Um ano depois, essa
projeção passou para 5,5%.
Também no mês passado, o BC
informou que não reduziria os juros naquela ocasião por causa da
alta do dólar e da taxa de risco-país. De lá para cá, porém, nenhum dos indicadores deu sinais
de melhora. Isso pode ser um indicativo de que o corte nos juros
teve por objetivo estimular o crescimento da economia, conveniente num ano de eleições.
Anteontem, pesquisa do Ibope
mostrou uma queda de dois pontos percentuais na intenção de voto no tucano José Serra. Ciro Gomes, do PPS, subiu quatro pontos
e se firmou no segundo lugar, sete
pontos na frente de Serra.
No PSDB, era forte a pressão para que o BC baixasse os juros, o
que melhoraria o ânimo de agentes econômicos e poderia favorecer o candidato tucano. Logo após
a reunião do Copom, o presidente
do BC, Armínio Fraga, se encontrou com o presidente do PSDB, o
deputado José Aníbal, para tratar da situação econômica.
A reunião estava marcada desde o início da semana. Na saída do
encontro, Aníbal disse que a decisão de reduzir os juros foi técnica.
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