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Fusão sepulta sonho de múlti brasileira do aço
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
A fusão da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) com o gigante anglo-holandês Corus praticamente sepulta o sonho de criação
de uma multinacional com sede
no Brasil na área de aços planos,
onde estão concentradas as grandes usinas.
A menos que estejamos diante
de uma situação na qual o rato é
mais forte que o gato, o centro de
controle da primeira siderúrgica
brasileira acaba de migrar para
Londres, contrariando o discurso
nacionalista no qual se apoiou o
empresário Benjamin Steinbruch
para construir a liderança do grupo têxtil Vicunha no comando da
usina de Volta Redonda (RJ).
Por mais de três anos (meados
de 1997 ao final de 2000) a CSN
chegou a ter sob controle a também emblemática Vale do Rio
Doce, adquirida em leilão com
ajuda estatal.
Na privatização da Vale, o consórcio liderado pela Votorantim,
contando com a participação da
sul-africana Anglo American, era
favorito. Steinbruch, no comando
da CSN, liderou a formação de
outro consórcio, cujo viés nacionalista era o maior apelo.
Esse viés valeu ao empresário
até o apoio do deputado federal
petista Aloizio Mercadante, seu
amigo pessoal, na busca de uma
aproximação com a Previ, o poderoso fundo de pensão patrocinado pelo BB (Banco do Brasil). A
opção da Previ pela CSN, sob protestos do líder do Votorantim,
Antônio Ermírio de Moraes, decidiu o leilão da Vale.
Na separação Vale-CSN, o Vicunha obteve do estatal BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) US$
390 milhões para ficar sozinho
com o controle da siderúrgica e
mais um refinanciamento de outra dívida de US$ 250 milhões,
contraída na época da compra de
sua participação inicial na CSN. O
projeto da multinacional brasileira seguia como pano de fundo.
Somados os encargos, o braço
siderúrgico do Vicunha deve hoje
ao BNDES perto de US$ 700 milhões, algo próximo de R$ 2 bilhões. O banco não fala, por enquanto, do assunto, mas está
preocupado. Não só com o destino de seus créditos, mas também
com o desmoronamento de uma
estratégia considerada importante para a economia brasileira.
Havia uma torcida, à distância,
para que a aliança da CSN fosse
com o grupo gaúcho Gerdau.
Com a CSN, o Gerdau -da área
de aços longos (vergalhões etc),
mas que já controla a Açominas,
da área de planos- passaria a ser
um grupo de porte internacional.
O BNDES sonhava com uma
concentração da siderurgia brasileira em três grandes grupos, capazes de competir com os conglomerados internacionais. Tudo indica que o sonho vai se concretizar. Com o fechamento do negócio CSN-Corus e o namoro entre a
Usiminas-Cosipa, cujo maior sócio controlador é a japonesa Nippon Steel, e a Acesita-CST (grupo
europeu Acelor), o país passaria a
ter os três desejados grupos.
Só que o sonho incluía brasileiros comandando os três gigantes
de aço. Restou o Gerdau, ao menos por enquanto, nem tão gigante assim.
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