São Paulo, domingo, 18 de julho de 2004

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BALEIA HIGH-TECH

Índia exporta tecnologia e vira pólo de terceirização de serviços

DA REPORTAGEM LOCAL

Ao longo da última década, a Índia tornou-se destaque no modelo de exportação de serviços. A participação mundial do país passou de 0,6% em 1990 para 1,2% em 2001.
Na América Latina inteira, incluindo o Brasil, a fatia não ultrapassa 2%, segundo a Unctad (órgão das Nações Unidas para comércio e desenvolvimento).
"Com 20% das exportações mundiais, a Índia se tornou o maior líder global na exportação de tecnologia da informação, na frente da Irlanda e dos Estados Unidos", diz estudo publicado recentemente pelo Cepii (Centro de Estudos Prospectivos e de Informações Internacionais), localizado em Paris (França).
A economia indiana também tem sido bem-sucedida em atrair investimentos para o setor de serviços. O país é um pólo da terceirização de serviços, especialmente no segmento de telemarketing. Empresas como Daimler-Chrysler, British Telecom, Citigroup, por exemplo, transferiram os seus call-centers para a Índia.
Na avaliação do professor da FGV-SP Antonio Manfredini, o Brasil deveria desenvolver mais, a exemplo da Índia, a indústria de softwares e investir para atrair serviços de terceirização.
"Além disso, a economia indiana tem sido caracterizada por bons fundamentos macroeconômicos: nível modesto de dívida externa de curto prazo, um déficit do balanço de pagamentos administrável, reservas internacionais e modesta exposição a instabilidades financeiras externas graças aos controles de capitais", diz o estudo do Cepii. Esse quadro difere da situação brasileira, que ainda se mostra bastante vulnerável a choques externos.
O professor Luiz Gonzaga Belluzzo também destaca pontos positivos da economia indiana, que segundo projeção do FMI (Fundo Monetário Internacional) deve obter uma taxa de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de 6,8% neste ano.
"No seu ritmo de reformas [que tomaram mais impulso no começo dos anos 90], a Índia procurou preservar instrumentos de gestão da sua política econômica interna. Jamais abriu a sua conta de capitais do jeito que o Brasil abriu e, portanto, manteve a capacidade de tomar decisões de política monetária e fiscal mais adequadas para o seu crescimento econômico", diz Belluzzo.
O país, entretanto, ainda luta contra um crescente déficit na balança comercial. Dados do governo indiano mostram um déficit de US$ 14,4 milhões entre abril de 2003 e janeiro de 2004. No mesmo período entre 2002 e 2003, esse valor era de US$ 7,5 milhões.


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