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Anac vai redistribuir as linhas da Varig
Agência pretende retomar 148 vôos e 53 espaços de pouso e decolagem, contrariando decisão judicial
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
A Anac (Agência Nacional de
Aviação Civil) anunciou ontem
que vai redistribuir as linhas, os
espaços de pouso e decolagem e
os horários de vôos da Varig
que não constam no Plano Básico de Linhas apresentado à
agência. No começo da semana,
uma decisão do juiz Luiz Roberto Ayoub, da 8ª Vara Empresarial do Rio, havia proibido
a redistribuição imediata dessas concessões.
Em nota encaminhada à imprensa, a agência afirma que
determinou às Superintendências de Serviços Aéreos e de Relações Internacionais a adoção
de providências imediatas para
a retomada das linhas. A Varig
tinha 272 vôos "congelados"
em razão de decisão anterior do
juiz Ayoub, de 11 de maio, com o
objetivo de tornar a empresa
mais atraente em leilão.
Após a venda para a VarigLog, a empresa apresentou
um plano de linhas dividido em
três etapas. Na primeira, que
deve vigorar a partir do fim deste mês, a empresa se dispõe a
voar para dez destinos no mercado doméstico e três no exterior. As outras rotas seriam retomadas de acordo com o aumento da frota. A decisão do
juiz Ayoub deu prazo de 30 dias
para a retomada das rotas domésticas não usadas e de 180
dias para as internacionais.
Com a decisão da agência, as
concorrentes deverão disputar
as linhas da Varig no exterior e
os espaços de pouso e decolagem em Congonhas, um dos aeroportos mais disputados do
país em razão do fluxo de passageiros. Serão redistribuídos
no total 148 vôos, que incluem
53 "slots" (espaços de pouso e
decolagem) em Congonhas. De
acordo com a medida, a Varig
só manterá linhas para o exterior para Frankfurt, Buenos Aires e Caracas.
Reserva de mercado
A agência já tinha anunciado
na quarta que a proposta em
etapas significaria na prática
uma "reserva de mercado" para
a Varig, o que seria prejudicial
aos usuários. O juiz Ayoub afirmou que não poderia antecipar
decisões do Judiciário.
Em entrevista concedida antes do anúncio da agência,
Ayoub minimizou a divergência com a Anac e disse que avaliações diferentes são comuns
nesses casos. "Fundamento jurídico existe de um lado, fundamento jurídico existe de outro.
Quem está certo? A gente não
sabe, mas há uma decisão judicial e ponto final", disse. O juiz
não quis comentar a decisão da
Anac, depois de anunciada.
Financiamento
O presidente do BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social),
Demian Fiocca, afirmou ontem
que a aprovação do financiamento de até US$ 1,7 bilhão para a Varig pode sair em menos
de dois meses.
A empresa pretende pedir
empréstimo ao banco para a
compra de 50 aeronaves da
Embraer, mas ainda não apresentou a carta-consulta, primeira etapa formal dos pedidos
de financiamento.
Segundo Wagner Bittencourt, diretor da área de Insumos Básicos e Infra-Estrutura,
o trâmite da operação depende
da agilidade da empresa para
apresentar as informações necessárias para a análise do banco. Os próprios jatos da Embraer serão garantia do financiamento. O banco vai exigir a
hipoteca das aeronaves, um seguro de garantia, caução de recebíveis e garantia de recolocação do equipamento em caso de
inadimplência.
Enquanto a nova Varig fazia
planos para o futuro, o Ministério Público do Trabalho ajuizava ontem uma nova ação para
garantir os direitos dos 5.500
trabalhadores que foram demitidos.
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