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Tensão no mercado não chegou à economia real, diz Mantega
DENISE BRITO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
"Vocês estão diante de um
ministro da Fazenda tranqüilo.
Eu dormi bem, não fui para
Washington. Essa é a diferença
de ontem para hoje", declarou
ontem o ministro da Fazenda
Guido Mantega, ao abrir a reunião com o CDES (Conselho de
Desenvolvimento Econômico e
Social). Segundo ele, a turbulência não chegou à economia
real, está circunscrita ao mercado financeiro e, embora tenha aspectos negativos para vários países, está comprovando a
solidez da economia brasileira,
que "está reagindo bem na hora
da emergência".
"Os bancos brasileiros estão
sólidos, fora do mercado subprime [crédito de alto risco nos
EUA], que é onde aconteceu o
problema. Alguns bancos de investimentos estão tendo prejuízo, mas não estão conectados diretamente com o financiamento da produção. Eles tiveram ganhos e agora estão
tendo perdas. Mas isso é muito
limitado, circunscrito a esses
segmentos, então eu não vejo
como a atividade real brasileira
venha a ser afetada", disse.
O ministro afirmou não ser
possível saber a direção da turbulência, mas atribuiu à decisão do Fed (BC dos EUA) de reduzir a taxa de redesconto no
mercado americano um dos fatores que acalmaram o mercado de quinta para sexta-feira.
Disse ser natural que os ativos móveis, como Bolsa de valores, mercados futuros e de
derivativos, sofram volatilidade, pois funcionam com um risco maior. "Podemos enfrentar
[a turbulência] com tranqüilidade, mas não quer dizer que
não seremos afetados, porque o
circuito está todo conectado."
Sobre a oscilação da Bolsa,
afirmou ser perfeitamente possível que ela volte a operar com
58 mil pontos (ontem estava
em torno de 48.500). "Não há
supervalorização de ativos na
economia brasileira. As empresas que estão lá estão tendo
bom desempenho econômico,
bons rendimentos, portanto
são sólidas. O fato de oscilar um
ou dois dias ou semanas não
significa que vão ficar [assim].
É fácil concluir que, passada a
crise, tudo voltará ao normal."
Mantega reiterou não haver
fuga de capitais. "Há, sim, saída
de capitais de alguns ativos, porém a entrada compensa a saída. Temos mais entrada do que
saída. Nenhuma pressão inflacionária foi detectada", disse,
acrescentando que considerar
uma pequena oscilação do dólar ameaça é "um pouco de exagero e precipitação". "Quanto
tempo durou o dólar alto, 24
horas? E dólar a R$ 2,12 é alto?
Quando chegou a R$ 2,30, todos diziam que era baixo."
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