São Paulo, sábado, 18 de agosto de 2007

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Tensão no mercado não chegou à economia real, diz Mantega

DENISE BRITO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"Vocês estão diante de um ministro da Fazenda tranqüilo. Eu dormi bem, não fui para Washington. Essa é a diferença de ontem para hoje", declarou ontem o ministro da Fazenda Guido Mantega, ao abrir a reunião com o CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social). Segundo ele, a turbulência não chegou à economia real, está circunscrita ao mercado financeiro e, embora tenha aspectos negativos para vários países, está comprovando a solidez da economia brasileira, que "está reagindo bem na hora da emergência".
"Os bancos brasileiros estão sólidos, fora do mercado subprime [crédito de alto risco nos EUA], que é onde aconteceu o problema. Alguns bancos de investimentos estão tendo prejuízo, mas não estão conectados diretamente com o financiamento da produção. Eles tiveram ganhos e agora estão tendo perdas. Mas isso é muito limitado, circunscrito a esses segmentos, então eu não vejo como a atividade real brasileira venha a ser afetada", disse.
O ministro afirmou não ser possível saber a direção da turbulência, mas atribuiu à decisão do Fed (BC dos EUA) de reduzir a taxa de redesconto no mercado americano um dos fatores que acalmaram o mercado de quinta para sexta-feira.
Disse ser natural que os ativos móveis, como Bolsa de valores, mercados futuros e de derivativos, sofram volatilidade, pois funcionam com um risco maior. "Podemos enfrentar [a turbulência] com tranqüilidade, mas não quer dizer que não seremos afetados, porque o circuito está todo conectado."
Sobre a oscilação da Bolsa, afirmou ser perfeitamente possível que ela volte a operar com 58 mil pontos (ontem estava em torno de 48.500). "Não há supervalorização de ativos na economia brasileira. As empresas que estão lá estão tendo bom desempenho econômico, bons rendimentos, portanto são sólidas. O fato de oscilar um ou dois dias ou semanas não significa que vão ficar [assim]. É fácil concluir que, passada a crise, tudo voltará ao normal."
Mantega reiterou não haver fuga de capitais. "Há, sim, saída de capitais de alguns ativos, porém a entrada compensa a saída. Temos mais entrada do que saída. Nenhuma pressão inflacionária foi detectada", disse, acrescentando que considerar uma pequena oscilação do dólar ameaça é "um pouco de exagero e precipitação". "Quanto tempo durou o dólar alto, 24 horas? E dólar a R$ 2,12 é alto? Quando chegou a R$ 2,30, todos diziam que era baixo."


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