São Paulo, terça-feira, 18 de agosto de 2009

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Evasão fiscal de clientes do UBS envolvia empresas de Hong Kong

Descoberta deve ameaçar o futuro do tradicional sigilo bancário na Suíça

JANAINA LAGE
DE NOVA YORK

A investigação sobre clientes americanos do banco suíço UBS suspeitos de evasão fiscal mostra que o esquema envolvia contas de empresas sediadas em Hong Kong, segundo o jornal "Wall Street Journal". Trata-se do primeiro avanço significativo no caso depois que o banco divulgou, em fevereiro, os nomes de 250 clientes envolvidos em um processo criminal.
A descoberta pode ser apenas o começo da investigação de um esquema global para sonegação de impostos. Na semana passada, o UBS fechou acordo com o governo americano referente a um outro processo sobre evasão fiscal, civil, para a divulgação de mais nomes.
O governo queria detalhes de 52 mil clientes. Os números não foram divulgados, mas, segundo a Reuters, o banco entregará amanhã o nome de 5.000 clientes para as autoridades norte-americanas. O caso coloca em risco o futuro do tradicional sigilo bancário suíço.
Segundo a reportagem, a investigação indica como o banco auxiliava os clientes a esconder os ativos ou a existência de contas em bancos no exterior. Na sexta, John McCarthy, cliente do UBS na Califórnia, aceitou se declarar culpado em uma acusação de não ter declarado informações ao Tesouro.
O primeiro passo do esquema era direcionar recursos para uma conta do UBS em nome de uma entidade de Hong Kong, denominada COGS Enterprises. Com o auxílio do banco e de um advogado suíço cujo nome não foi revelado, ele movia recursos de uma conta de Los Angeles para uma conta corrente americana não identificada e de lá para a conta da COGS no UBS. Ele transferiu mais de US$ 1 milhão.
De 2003 a 2008, McCarthy manteve encontros com representantes do banco e com o advogado suíço em Beverly Hills e na Suíça. Foi informado que "muitos clientes americanos não declaravam a renda".
De acordo com a declaração de McCarthy, ele foi aconselhado pelo advogado a criar uma fundação em Liechtenstein que serviria como guarda-chuva sobre uma corporação panamenha ou de Hong Kong. O objetivo era assegurar uma dose extra de privacidade nas operações. McCarthy volta à corte federal no dia 14 de setembro e enfrenta o risco de uma pena máxima de cinco anos de prisão e multas de US$ 250 mil.
Outro cliente americano envolvido no caso, Jeffrey Chernick, se declarou culpado em julho por entregar uma declaração falsa. Ele também usou uma corporação de Hong Kong.


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