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Evasão fiscal de clientes do UBS envolvia empresas de Hong Kong
Descoberta deve ameaçar o futuro do tradicional sigilo bancário na Suíça
JANAINA LAGE
DE NOVA YORK
A investigação sobre clientes
americanos do banco suíço
UBS suspeitos de evasão fiscal
mostra que o esquema envolvia
contas de empresas sediadas
em Hong Kong, segundo o jornal "Wall Street Journal". Trata-se do primeiro avanço significativo no caso depois que o
banco divulgou, em fevereiro,
os nomes de 250 clientes envolvidos em um processo criminal.
A descoberta pode ser apenas
o começo da investigação de
um esquema global para sonegação de impostos. Na semana
passada, o UBS fechou acordo
com o governo americano referente a um outro processo sobre evasão fiscal, civil, para a divulgação de mais nomes.
O governo queria detalhes de
52 mil clientes. Os números
não foram divulgados, mas, segundo a Reuters, o banco entregará amanhã o nome de 5.000
clientes para as autoridades
norte-americanas. O caso coloca em risco o futuro do tradicional sigilo bancário suíço.
Segundo a reportagem, a investigação indica como o banco
auxiliava os clientes a esconder
os ativos ou a existência de contas em bancos no exterior. Na
sexta, John McCarthy, cliente
do UBS na Califórnia, aceitou
se declarar culpado em uma
acusação de não ter declarado
informações ao Tesouro.
O primeiro passo do esquema era direcionar recursos para uma conta do UBS em nome
de uma entidade de Hong
Kong, denominada COGS Enterprises. Com o auxílio do
banco e de um advogado suíço
cujo nome não foi revelado, ele
movia recursos de uma conta
de Los Angeles para uma conta
corrente americana não identificada e de lá para a conta da
COGS no UBS. Ele transferiu
mais de US$ 1 milhão.
De 2003 a 2008, McCarthy
manteve encontros com representantes do banco e com o advogado suíço em Beverly Hills e
na Suíça. Foi informado que
"muitos clientes americanos
não declaravam a renda".
De acordo com a declaração
de McCarthy, ele foi aconselhado pelo advogado a criar uma
fundação em Liechtenstein que
serviria como guarda-chuva sobre uma corporação panamenha ou de Hong Kong. O objetivo era assegurar uma dose extra de privacidade nas operações. McCarthy volta à corte federal no dia 14 de setembro e
enfrenta o risco de uma pena
máxima de cinco anos de prisão
e multas de US$ 250 mil.
Outro cliente americano envolvido no caso, Jeffrey Chernick, se declarou culpado em
julho por entregar uma declaração falsa. Ele também usou
uma corporação de Hong Kong.
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