São Paulo, terça-feira, 18 de agosto de 2009

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Pessimismo no exterior faz Bolsa de SP recuar 2,5%

Ásia desagrada a investidor; dólar avança para R$ 1,869

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A semana começou com os investidores se desfazendo de ações pelo mundo. A Bolsa de Valores de São Paulo sofreu depreciação de 2,51%, fazendo evaporar boa parte dos ganhos acumulados no mês -que passaram a ser de apenas 0,83%. A queda de ontem foi a mais forte desde o pregão de 22 de junho.
As perdas generalizadas de ontem começaram na Ásia, onde a Bolsa de Tóquio recuou 3,1%, e a de Xangai, 5,8%. Aos números do PIB (Produto Interno Bruto) do Japão, mais fracos que as projeções, somaram-se dados que apontaram queda nos investimento estrangeiros na China.
No mercado de câmbio internacional, o dólar se apreciou. O mesmo ocorreu no Brasil, onde a moeda norte-americana registrou valorização de 0,86%, vendida a R$ 1,869. No mês, o dólar passou a computar alta em relação ao real, de 0,21%.
A queda das ações também marcou Wall Street: o índice Dow Jones perdeu 2%. A Bolsa de Londres teve baixa de 1,46%.
"Na sexta, a queda na confiança do consumidor dos EUA já tinha desagradado ao mercado. Isso aconteceu porque consumo fraco dificulta a recuperação da economia. Hoje [ontem] foi a vez de a Ásia desanimar os investidores", diz Newton Rosa, economista-chefe da Sul América Investimentos.
"Não acredito que entremos em um período de piora acentuada dos mercados financeiros. Mas o que esses últimos dias têm sinalizado é que os mercados talvez tivessem ido um pouco além do que deviam, contando com uma recuperação mais rápida e consistente da economia", avalia.
O mal-estar com a Ásia afetou as commodities e abateu o setor de mineração e siderurgia na Bovespa. Na lista das cinco maiores quedas do Ibovespa, apareceram Usiminas ON, que teve depreciação de 5,06%, Gerdau PN, com recuo de 4,51%, e Vale PNA (-4,20%).
Com o petróleo em queda de 1,13%, cotado a US$ 66,75, as ações da Petrobras não escaparam de fechar em terreno negativo. Os papéis PN da petrolífera recuaram 1,08%, e os ON caíram 1,02%.
Outro segmento fundamental para a Bolsa de Valores brasileira, o bancário, terminou com suas ações de maior peso em baixa. A queda de Banco do Brasil ON ficou em 2,90%; Itaú Unibanco PN perdeu 2,39%; e Bradesco PN encerrou as operações com recuo de 2,82%.
Para Rosa, da Sul América Investimentos, "o desempenho das Bolsas mostra que deve ter muito investidor em processo de reavaliação e redução da exposição ao risco". Em outras palavras, vê-se um menor apetite aos investimentos mais arriscados, como as ações.
O número de negócios realizados na Bolsa ontem superou os 353 mil, cifra acima da média computada no ano, que é de 309 mil. O dado ilustra o quanto o pregão foi agitado.
Nos últimos dois pregões, operadores de corretoras notaram um aumento na venda de ações brasileira por parte dos investidores estrangeiros.
O estrangeiro representa hoje a categoria que mais negocia ações na BM&FBovespa. Em julho, chegou a responder por 38% do total negociado em pregão -um percentual recorde.
Neste mês, até o dia 12, o balanço dos negócios feitos com capital externo na Bolsa apontava saldo positivo de R$ 1,5 bilhão. No ano, o resultado está positivo em R$ 13,8 bilhões.
O agravamento da crise no segundo semestre de 2008 levou os investidores externos a fugirem da Bolsa local. No ano passado, as operações da categoria tiveram o pior resultado na história, com saída líquida de R$ 24,6 bilhões.


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