|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Sem armazéns, MT estoca milho ao ar livre
Produtores dizem que preço baixo impede escoamento da safra, mas governo estadual suspeita de esquema de sonegação fiscal
Safra acima de 7 milhões
de toneladas não tem mais onde ser estocada; saca é vendida a R$ 8, mas custa
R$ 13, segundo produtores
RODRIGO VARGAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ
Centenas de milhares de toneladas de grãos de milho a céu
aberto. Esse é o cenário nas
imediações dos silos de armazenagem nas principais regiões
produtoras de Mato Grosso.
Alegando falta de rentabilidade para escoar uma safra que
atingiu mais de 7 milhões de toneladas, o setor não tem mais
espaço para estocar a produção
em municípios como Sinop,
Lucas do Rio Verde e Campo
Novo dos Parecis.
Segundo a Famato (Federação da Agricultura de Mato
Grosso), o preço da saca de 60
quilos chegou a R$ 8 -valor
abaixo do custo de produção
que, de acordo com a entidade,
foi de R$ 13 por saca.
Para Rui Prado, presidente
da entidade, a situação precisa
ser resolvida pelo Ministério da
Agricultura antes que comece o
período de chuvas no Estado.
"O Brasil tem falta de milho
em algumas regiões. Aqui temos de sobra. O fato é que restam poucos dias até setembro.
Se vier chuva, toda a produção
que está a descoberto será perdida", disse Prado.
O governo de Mato Grosso,
porém, suspeita que parte do
encalhe possa estar relacionada a um suposto esquema de
sonegação fiscal. Nesta semana, fiscais da Secretaria da Fazenda iniciaram uma devassa
na empresas que comercializam o grão no Estado.
Nos últimos 18 meses, segundo a secretaria, 98 delas foram
abertas e foi registrado aumento na emissão de guias de exportação. Essas vendas para o
mercado externo, segundo a secretaria, são apenas simuladas.
"Nessas operações são emitidas guias de exportação que
não geram incidência do ICMS
e o milho acaba sendo vendido
no mercado interno em vantagem sobre os que recolheram
devidamente o imposto", disse
o secretário Eder Moraes.
Sem comprador
O diretor do centro de comercialização de grãos da Famato, João Birkhan, não vê relação entre o suposto esquema
e o crescimento dos estoques.
"Nossa área plantada caiu,
mas o clima ajudou e tivemos
uma safra muito boa. Com os
preços baixos no mercado internacional, teríamos que conseguir escoar essa produção no
mercado interno, mas não há
quem compre", afirmou.
Leonildo Barei, diretor do
sindicato rural de Sinop, disse
que o governo federal incentivou o plantio do grão após a seca prolongada e a perspectiva
de quebra da produção na região Sul em 2008, "mas não se
preocupou com a logística".
O ministro Reinhold Stephanes (Agricultura) disse ontem
que o governo pretende definir
ainda nesta semana uma forma
de lidar com o excedente do
grão em MT. Segundo ele, a safra do Estado superou o previsto em 2 milhões de toneladas.
"Isso é positivo. O problema
é que não tivemos capacidade
de interferir na hora exata para
dar continuidade aos leilões e
escoar a produção adicional."
Texto Anterior: Golpe era considerado uma "lenda urbana" Próximo Texto: Crise na indústria e chuva reduzem lucro da BR Distribuidora Índice
|