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Crise provoca queda nas vendas e indústrias cortam investimentos
MARCELO BILLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Mais da metade (67%) dos industriais paulistas afirma que ficou mais difícil fazer negócios nos últimos meses. Destes, pelo menos 50% viram a procura pelos
produtos que fabricam cair, e outros 14% dizem ter dificuldades
para conseguir crédito. Mais da metade vai cortar investimentos
por causa da instabilidade econômica brasileira.
Os problemas que a instabilidade dos últimos meses tem causado às empresas do setor industrial foram tema de pesquisa realizada pelo Vox Populi a pedido da
Fiesp. A pesquisa foi divulgada ontem pela entidade. "A situação não é nada boa, e a crise pela qual passamos tem ganhado dimensões profundas", diz Horacio Lafer Piva, presidente da Fiesp.
O Vox Populi entrevistou 405
empresários de micro, pequenas,
médias e grandes empresas. Dos
entrevistados, 67% afirmaram
que o atual ambiente econômico
criou dificuldades para a empresa
que dirigem.
O problema mais mencionado
pelos empresários é a queda na
procura por produtos, apontada
por 50% daqueles que disseram
estar enfrentando dificuldades.
As grandes empresas são as que
menos sofrem com a queda da
procura por seus produtos
-apenas 25% dizem que enfrentam este problema-, mas são as
que mais sofrem com o aumento
do preço dos importados, problema mencionado por 35% dos industriais de grandes empresas.
"Isso ocorre provavelmente porque as grandes empresas têm a opção de exportar, o que nem sempre é uma alternativa factível para as pequenas e médias empresas", diz Clarice Messer, diretora da Fiesp.
No caso das pequenas e médias, ocorre o contrário: mais da metade dos empresários diz que a maior dificuldade que enfrentam é a queda na demanda, enquanto menos de 10% citam o aumento dos custos de importação.
O resultado deste cenário: para se ajustar à crise, 65% das empresas afirmaram que estão cortando investimentos antes planejados. Metade vai diminuir a compra de máquinas e equipamentos para a produção, 12% cortará investimentos na ampliação e reforma da estrutura física das empresas, e outros 9% reviram os planos de contratar novos funcionários.
Para o presidente da Fiesp, os resultados mostram o quanto os
ciclos de instabilidade da economia brasileira nos últimos anos
têm prejudicado as indústrias. "É
impossível conviver com esses ciclos de volatilidade. Enquanto a
indústria aqui encolhe, nossos
concorrentes internacionais estão
investindo, ganhando escala e
competitividade", diz Piva.
Apesar dos resultados da pesquisa, Clarice afirma que alguns
dados mostram que os empresários esperam uma melhora no
médio prazo. Para a maioria dos
empresários (72%) a cotação do
dólar estará entre R$ 2,80 e R$
3,20 no final do ano. "Uma situação melhor do que a atual, o que
mostra que a percepção é de que a
volatilidade diminuirá depois das
eleições", diz Clarice.
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