São Paulo, quarta-feira, 18 de setembro de 2002

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Crise provoca queda nas vendas e indústrias cortam investimentos

MARCELO BILLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Mais da metade (67%) dos industriais paulistas afirma que ficou mais difícil fazer negócios nos últimos meses. Destes, pelo menos 50% viram a procura pelos produtos que fabricam cair, e outros 14% dizem ter dificuldades para conseguir crédito. Mais da metade vai cortar investimentos por causa da instabilidade econômica brasileira.
Os problemas que a instabilidade dos últimos meses tem causado às empresas do setor industrial foram tema de pesquisa realizada pelo Vox Populi a pedido da Fiesp. A pesquisa foi divulgada ontem pela entidade. "A situação não é nada boa, e a crise pela qual passamos tem ganhado dimensões profundas", diz Horacio Lafer Piva, presidente da Fiesp.
O Vox Populi entrevistou 405 empresários de micro, pequenas, médias e grandes empresas. Dos entrevistados, 67% afirmaram que o atual ambiente econômico criou dificuldades para a empresa que dirigem.
O problema mais mencionado pelos empresários é a queda na procura por produtos, apontada por 50% daqueles que disseram estar enfrentando dificuldades.
As grandes empresas são as que menos sofrem com a queda da procura por seus produtos -apenas 25% dizem que enfrentam este problema-, mas são as que mais sofrem com o aumento do preço dos importados, problema mencionado por 35% dos industriais de grandes empresas. "Isso ocorre provavelmente porque as grandes empresas têm a opção de exportar, o que nem sempre é uma alternativa factível para as pequenas e médias empresas", diz Clarice Messer, diretora da Fiesp.
No caso das pequenas e médias, ocorre o contrário: mais da metade dos empresários diz que a maior dificuldade que enfrentam é a queda na demanda, enquanto menos de 10% citam o aumento dos custos de importação.
O resultado deste cenário: para se ajustar à crise, 65% das empresas afirmaram que estão cortando investimentos antes planejados. Metade vai diminuir a compra de máquinas e equipamentos para a produção, 12% cortará investimentos na ampliação e reforma da estrutura física das empresas, e outros 9% reviram os planos de contratar novos funcionários.
Para o presidente da Fiesp, os resultados mostram o quanto os ciclos de instabilidade da economia brasileira nos últimos anos têm prejudicado as indústrias. "É impossível conviver com esses ciclos de volatilidade. Enquanto a indústria aqui encolhe, nossos concorrentes internacionais estão investindo, ganhando escala e competitividade", diz Piva.
Apesar dos resultados da pesquisa, Clarice afirma que alguns dados mostram que os empresários esperam uma melhora no médio prazo. Para a maioria dos empresários (72%) a cotação do dólar estará entre R$ 2,80 e R$ 3,20 no final do ano. "Uma situação melhor do que a atual, o que mostra que a percepção é de que a volatilidade diminuirá depois das eleições", diz Clarice.


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