São Paulo, sábado, 18 de setembro de 2004

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EXPANSÃO

Ritmo de crescimento em julho foi menor em sete das oito atividades pesquisadas pelo IBGE; supermercados são destaque

Venda do comércio dá sinal de desaceleração

GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DO RIO

O comércio registrou alta de 12,04% no volume de vendas em julho em comparação com igual mês de 2003. No acumulado do ano, a alta é de 9,74%. Para o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o destaque ficou por conta da atividade que engloba supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, que cresceu 10,35%, a maior variação desde o começo da série, em janeiro de 2001.
Com esse desempenho, o segmento de supermercados ultrapassou o de móveis e eletrodomésticos e foi o principal responsável pelo fato de o comércio ter permanecido em julho com um desempenho muito próximo ao de junho, que ficou em 12,86%.
Isso porque, apesar de ser o oitavo mês consecutivo de expansão do comércio, o levantamento mostra que, em sete das oito atividades pesquisadas, houve uma desaceleração no ritmo de crescimento no volume de vendas.
"Antes, o que estava puxando o comércio eram móveis e eletrodomésticos, que são bens duráveis", disse Nilo Macedo, da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE. "Agora, supermercados, que têm o maior peso na pesquisa, começam a puxar também. É um setor muito sensível a variáveis de emprego e renda. A partir do momento em que o emprego começa a crescer e a renda a se recuperar, o desempenho dessa atividade melhora."
O segmento de livros, jornais e papelaria foi o único que apresentou queda em julho, de 4,55%, contra alta de 2,4% em junho. "Esse setor está na lama", resume Bráulio Borges, economista da LCA Consultores. "Ele depende da renda, que já mostrou alguma recuperação, mas ainda não o suficiente", avalia o chefe do Departamento Econômico da Confederação Nacional do Comércio), Carlos Thadeu de Freitas.
Os demais segmentos do comércio tiveram expansão em comparação ao mesmo mês do ano anterior, mas cresceram menos. O ramo de combustíveis e lubrificantes cresceu 3,65% em julho contra 7,84% em julho. Tecidos, vestuário e calçados registrou 7,92% em julho contra 14,13% em junho. Móveis e eletrodomésticos, que teve 32,22% em julho, havia obtido 36,25% em junho.
Para Nilo Macedo, do IBGE, grande parte da desaceleração se explica pelo fato de a economia ter começado a mostrar recuperação a partir do segundo semestre de 2003. Ou seja, como a comparação é com o mesmo mês do ano anterior, os índices tendem a se mostrar mais baixos.
Diferentemente de outras pesquisas, o IBGE não faz a comparação de um mês com o mês anterior em comércio. Segundo dados da LCA, a taxa sem efeito sazonal cresceu 1,1%. A CNC afirma que o índice ficou em 0,8% em julho, contra 1,5% em junho.
"Desacelerar não significa deixar de crescer", disse Borges, da LCA. Para ele, a menor expansão de móveis e eletrodomésticos pode significar que a demanda reprimida por esses bens "já está sendo satisfeita". Mas ressalta que o segmento registrou um grande crescimento -segundo suas contas, as vendas cresceram 43% de abril do ano passado para cá. "O fato de eles estarem desacelerando agora é reflexo do aumento espantoso de mais de um ano."
"Acho que este ano vai ser muito bom para o comércio, que deve fechar em 8% contra uma queda de 3,6% no ano passado", afirma Freitas, da CNC. "Mas não podemos negar que há uma pequena queda, uma desaceleração."


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