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Recuperação perde força, diz Ipea
DA SUCURSAL DO RIO
O Ipea (Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada), órgão do
Ministério do Planejamento, divulgou ontem relatório no qual
afirma que os últimos dados da
indústria e do comércio mostram
"sinais de desaceleração no ritmo
de crescimento da economia".
"Os números relativos à indústria continuam mostrando taxas
de crescimento elevadas em relação a igual mês do ano passado. O
movimento mais recente, porém,
sugere desaceleração", diz o Boletim de Conjuntura.
Apesar de falar em desaceleração, o relatório ressalta que isso
"não representa uma reversão da
trajetória de crescimento, indicando apenas que alguns fatores
de impulso que estiveram presentes na fase inicial da recuperação
provavelmente começam a perder um pouco de sua força".
Entre esses fatores, cita a taxa de
juros real, que "teve forte queda
ao longo do segundo semestre de
2003, mas aumentou ao longo do
primeiro semestre em razão das
expectativas de ajuste associadas
à inflação mais elevada". Também afirma que "as exportações
tiveram papel importante na expansão de alguns setores, mas sua
taxa de crescimento vem declinando, ao mesmo tempo que as
importações se aceleram."
Com relação à indústria, o órgão chama a atenção para o fato
de a produção industrial em julho
ter crescido 9,6% frente a julho do
ano passado e 0,5% contra junho,
na série sem efeito sazonal. "No
entanto, nos quatro meses anteriores, esse crescimento da série
dessazonalizada havia sido de
1,4% por mês, em média."
"De acordo com a CNI [Confederação Nacional da Indústria],
as vendas industriais cresceram
19,5% ante julho do ano passado,
mas houve queda de 3,3% em relação a junho".
O boletim diz que o indicador
do Ipea estima que a produção industrial de agosto do IBGE mostrará alta de 8,8% sobre agosto de
2003, mas queda de 1,1% sobre julho de 2004, na série ajustada.
O Ipea cita outros dados para sinalizar a desaceleração. Entre
eles, a produção de aço bruto, matéria-prima de vários produtos,
que cresceu 4,1% em agosto sobre
agosto de 2003, menos que em julho (5,6%) e em junho (6,1%). A
expedição de papelão ondulado,
considerado um termômetro do
nível de atividade por ser utilizado em embalagens, cresceu 20,6%
em agosto em comparação a igual
mês de 2003. Mas, na série dessazonalizada (comparação com o
mês anterior), caiu 4,1%, "uma
queda significativa".
A produção de veículos, por sua
vez, cresceu 47% em agosto sobre
o mesmo mês do ano passado. "Já
a série dessazonalizada cresceu
1,3% sobre julho, uma taxa bem
menor do que a dos últimos três
meses, em média de 4,6%."
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