São Paulo, sábado, 18 de setembro de 2004

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Recuperação perde força, diz Ipea

DA SUCURSAL DO RIO

O Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), órgão do Ministério do Planejamento, divulgou ontem relatório no qual afirma que os últimos dados da indústria e do comércio mostram "sinais de desaceleração no ritmo de crescimento da economia".
"Os números relativos à indústria continuam mostrando taxas de crescimento elevadas em relação a igual mês do ano passado. O movimento mais recente, porém, sugere desaceleração", diz o Boletim de Conjuntura.
Apesar de falar em desaceleração, o relatório ressalta que isso "não representa uma reversão da trajetória de crescimento, indicando apenas que alguns fatores de impulso que estiveram presentes na fase inicial da recuperação provavelmente começam a perder um pouco de sua força".
Entre esses fatores, cita a taxa de juros real, que "teve forte queda ao longo do segundo semestre de 2003, mas aumentou ao longo do primeiro semestre em razão das expectativas de ajuste associadas à inflação mais elevada". Também afirma que "as exportações tiveram papel importante na expansão de alguns setores, mas sua taxa de crescimento vem declinando, ao mesmo tempo que as importações se aceleram."
Com relação à indústria, o órgão chama a atenção para o fato de a produção industrial em julho ter crescido 9,6% frente a julho do ano passado e 0,5% contra junho, na série sem efeito sazonal. "No entanto, nos quatro meses anteriores, esse crescimento da série dessazonalizada havia sido de 1,4% por mês, em média."
"De acordo com a CNI [Confederação Nacional da Indústria], as vendas industriais cresceram 19,5% ante julho do ano passado, mas houve queda de 3,3% em relação a junho".
O boletim diz que o indicador do Ipea estima que a produção industrial de agosto do IBGE mostrará alta de 8,8% sobre agosto de 2003, mas queda de 1,1% sobre julho de 2004, na série ajustada.
O Ipea cita outros dados para sinalizar a desaceleração. Entre eles, a produção de aço bruto, matéria-prima de vários produtos, que cresceu 4,1% em agosto sobre agosto de 2003, menos que em julho (5,6%) e em junho (6,1%). A expedição de papelão ondulado, considerado um termômetro do nível de atividade por ser utilizado em embalagens, cresceu 20,6% em agosto em comparação a igual mês de 2003. Mas, na série dessazonalizada (comparação com o mês anterior), caiu 4,1%, "uma queda significativa".
A produção de veículos, por sua vez, cresceu 47% em agosto sobre o mesmo mês do ano passado. "Já a série dessazonalizada cresceu 1,3% sobre julho, uma taxa bem menor do que a dos últimos três meses, em média de 4,6%."


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