São Paulo, sábado, 18 de setembro de 2004

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BNDES abrirá escritório em Buenos Aires

DE BUENOS AIRES

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) vai abrir um escritório em Buenos Aires. Será a primeira sucursal no exterior do banco de fomento estatal.
A decisão é parte da estratégia de política externa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele quer que o BNDES seja um instrumento para a integração sul-americana, por meio de comércio e de infra-estrutura.
O presidente do BNDES, Carlos Lessa, e o vice-presidente, Darc Costa, anunciaram ontem a novidade ao ministro da Economia da Argentina, Roberto Lavagna. O escritório administrará a extensão do financiamento de bens de capital aos parceiros do Mercosul, outra novidade anunciada ontem em Buenos Aires.
O financiamento à produção de bens de capital argentinos será indireto, já que os empréstimos serão concedidos aos importadores brasileiros que quiserem adquirir bens de capital produzidos no Mercosul, sempre que não houver produção similar no Brasil.
Na prática, a medida só beneficia a indústria argentina, já que os demais parceiros (Uruguai e Paraguai) não produzem bens de capital. O instrumento para financiar as operações será a Finame (Agência Especial de Financiamento Industrial). "O objetivo é estimular a formação de cadeias produtivas", disse Costa.
"Antes, o BNDES só podia financiar empresas de capital nacional quando pelo menos 60% do bem, dependendo do tipo de máquina, fosse de conteúdo nacional. Agora, esse conteúdo não é mais nacional, mas do Mercosul", disse Lessa.
O presidente Lula já anunciou US$ 3,9 bilhões em linhas de crédito do BNDES para financiar projetos de infra-estrutura na América do Sul. Para a Argentina, o primeiro país a ganhar uma espécie de "cheque especial" do BNDES, a linha de crédito é de US$ 1 bilhão. Para a Venezuela também foi destinado US$ 1 bilhão; para a Bolívia e para o Peru, US$ 600 milhões cada um; para o Equador, US$ 400 milhões, e, para o Paraguai, US$ 300 milhões. Há também US$ 400 milhões para a República Dominicana.

Investimento da Petrobras
Ontem, o presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra, também reuniu-se com Lavagna. Foram acertados os detalhes do financiamento do BNDES para que a Petrobras faça investimentos no gasoduto San Martin, entre o sul e a capital argentina.
"O gasoduto da Petrobras será o primeiro grande projeto maduro dentro da linha de crédito de US$ 1 bilhão anunciada pelo presidente", disse Costa.
De acordo com a Petrobras, o financiamento será de US$ 142 milhões, dos quais US$ 70 milhões serão usados para comprar tubos de fabricação brasileira (condição para os financiamentos do BNDES fora do Brasil) e os outros US$ 72 milhões serão usados para gastos de engenharia e obras civis, que serão realizadas por um consórcio formado por empresas brasileiras e argentinas (outra condição do BNDES).
O banco estatal possui recursos de US$ 16 bilhões, dos quais 80% são provenientes do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador). (CD)


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