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BNDES abrirá
escritório em
Buenos Aires
DE BUENOS AIRES
O BNDES (Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social) vai abrir um escritório em Buenos Aires. Será a
primeira sucursal no exterior
do banco de fomento estatal.
A decisão é parte da estratégia de política externa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Ele quer que o BNDES seja um
instrumento para a integração
sul-americana, por meio de comércio e de infra-estrutura.
O presidente do BNDES, Carlos Lessa, e o vice-presidente,
Darc Costa, anunciaram ontem
a novidade ao ministro da Economia da Argentina, Roberto
Lavagna. O escritório administrará a extensão do financiamento de bens de capital aos
parceiros do Mercosul, outra
novidade anunciada ontem em
Buenos Aires.
O financiamento à produção
de bens de capital argentinos
será indireto, já que os empréstimos serão concedidos aos importadores brasileiros que quiserem adquirir bens de capital
produzidos no Mercosul, sempre que não houver produção
similar no Brasil.
Na prática, a medida só beneficia a indústria argentina, já
que os demais parceiros (Uruguai e Paraguai) não produzem
bens de capital. O instrumento
para financiar as operações será a Finame (Agência Especial
de Financiamento Industrial).
"O objetivo é estimular a formação de cadeias produtivas",
disse Costa.
"Antes, o BNDES só podia financiar empresas de capital
nacional quando pelo menos
60% do bem, dependendo do
tipo de máquina, fosse de conteúdo nacional. Agora, esse
conteúdo não é mais nacional,
mas do Mercosul", disse Lessa.
O presidente Lula já anunciou US$ 3,9 bilhões em linhas
de crédito do BNDES para financiar projetos de infra-estrutura na América do Sul. Para a
Argentina, o primeiro país a
ganhar uma espécie de "cheque especial" do BNDES, a linha de crédito é de US$ 1 bilhão. Para a Venezuela também
foi destinado US$ 1 bilhão; para
a Bolívia e para o Peru, US$ 600
milhões cada um; para o Equador, US$ 400 milhões, e, para o
Paraguai, US$ 300 milhões. Há
também US$ 400 milhões para
a República Dominicana.
Investimento da Petrobras
Ontem, o presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra,
também reuniu-se com Lavagna. Foram acertados os detalhes do financiamento do
BNDES para que a Petrobras
faça investimentos no gasoduto San Martin, entre o sul e a capital argentina.
"O gasoduto da Petrobras será o primeiro grande projeto
maduro dentro da linha de crédito de US$ 1 bilhão anunciada
pelo presidente", disse Costa.
De acordo com a Petrobras, o
financiamento será de US$ 142
milhões, dos quais US$ 70 milhões serão usados para comprar tubos de fabricação brasileira (condição para os financiamentos do BNDES fora do
Brasil) e os outros US$ 72 milhões serão usados para gastos
de engenharia e obras civis, que
serão realizadas por um consórcio formado por empresas
brasileiras e argentinas (outra
condição do BNDES).
O banco estatal possui recursos de US$ 16 bilhões, dos quais
80% são provenientes do FAT
(Fundo de Amparo ao Trabalhador).
(CD)
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