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Emissão de títulos prefixados deve crescer
Medida aumenta possibilidade de que seja maior o corte da taxa de juros ainda neste ano, segundo especialistas
Alta de curva de juros e elevado vencimento de dívida pública nos EUA dificultaram a colocação de títulos em maio e junho
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
A dificuldade de colocar títulos públicos foi temporária e,
dado o interesse de investidores pela dívida pública, deve
crescer a emissão de títulos
prefixados no ano que vem. É
mais uma variável a abrir espaço para um corte maior de juros
neste ano, segundo analistas.
Durante maio e junho, os
principais obstáculos na colocação de títulos públicos estiveram ligados à alta de curva de
juros nos Estados Unidos e
também ao elevado vencimento de dívida pública, o que dificulta o enxugamento da liquidez da economia.
Na opinião de Jorge Simino,
da Fundação Cesp, as dificuldades "foram uma reação à turbulência, no entanto elas foram
passageiras".
"As expectativas de inflação
recuaram bastante para 2006, e
ainda devem recuar mais, tanto
para este ano, quanto para
2007. E quanto mais caírem,
mais interesse aparece nos prefixados", disse Simino.
"O resgate líquido positivo
[de títulos públicos], acumulado em 12 meses, começou a ceder, o que indica uma situação
confortável para a colocação de
títulos da dívida", afirmou Guilherme Loureiro, economista
que trabalha na consultoria
Tendências.
De acordo com Loureiro, esse resgate "guarda uma estreita
relação com a inflação. Os dados [da dívida interna mobiliária] confirmam o apetite dos investidores pelos títulos públicos e são mais um vetor que eleva a chance de outra redução de
0,5 ponto percentual da taxa
Selic na próxima reunião do
Copom".
A perspectiva de a taxa de juros básica, a Selic, continuar em
queda, de forma significativa,
por sua vez, abre mais espaço
para a colocação de títulos prefixados e a ampliação do prazo
médio da dívida em 2007, dizem analistas.
De acordo com dados da dívida interna mobiliária do último
mês, divulgados na semana
passada, foi grande o vencimento de títulos indexados à
Selic, 68% dos vencimentos
previstos para o mês, com a
contrapartida de emissões prefixadas e indexadas a índices de
preço.
Isso representa a continuidade de melhora do perfil da dívida interna. A parcela de títulos
com remuneração prefixada
subiu de 30,4% para 31,5%.
Quanto maior o volume de prefixados, mais previsível fica a
administração da dívida. O
mesmo não acontece quando
os títulos são atrelados à Selic,
já que a taxa pode eventualmente subir.
A expectativa no Tesouro
Nacional é fechar o ano com
39% dos títulos indexados à taxa Selic.
Houve melhora também no
prazo médio das emissões, 38,5
meses em agosto. Em julho, o
prazo era de 28,5 meses.
Estrangeiros
O ingresso de investidores
estrangeiros em títulos domésticos poderá crescer nos próximos meses, segundo economistas. Um ambiente de contínuas
quedas da taxa de juros e do risco-país e a recompra da dívida
externa aguça o apetite de estrangeiros.
Incertezas no cenário externo, a princípio, não deverão ser
um obstáculo para a volta de estrangeiros. A demanda mundial por commodities continua
forte, e o mundo deverá continuar a crescer, ainda que o ritmo possa ser menor em 2007.
"A desaceleração nos Estados Unidos deverá ser suave,
com o país crescendo cerca de
4,7%. Além disso, não há espaço para aumento da oferta de
commodities no curto prazo, o
que poderia derrubar os preços", disse Loureiro.
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