São Paulo, segunda-feira, 18 de setembro de 2006

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Emissão de títulos prefixados deve crescer

Medida aumenta possibilidade de que seja maior o corte da taxa de juros ainda neste ano, segundo especialistas

Alta de curva de juros e elevado vencimento de dívida pública nos EUA dificultaram a colocação de títulos em maio e junho

MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

A dificuldade de colocar títulos públicos foi temporária e, dado o interesse de investidores pela dívida pública, deve crescer a emissão de títulos prefixados no ano que vem. É mais uma variável a abrir espaço para um corte maior de juros neste ano, segundo analistas.
Durante maio e junho, os principais obstáculos na colocação de títulos públicos estiveram ligados à alta de curva de juros nos Estados Unidos e também ao elevado vencimento de dívida pública, o que dificulta o enxugamento da liquidez da economia.
Na opinião de Jorge Simino, da Fundação Cesp, as dificuldades "foram uma reação à turbulência, no entanto elas foram passageiras".
"As expectativas de inflação recuaram bastante para 2006, e ainda devem recuar mais, tanto para este ano, quanto para 2007. E quanto mais caírem, mais interesse aparece nos prefixados", disse Simino.
"O resgate líquido positivo [de títulos públicos], acumulado em 12 meses, começou a ceder, o que indica uma situação confortável para a colocação de títulos da dívida", afirmou Guilherme Loureiro, economista que trabalha na consultoria Tendências.
De acordo com Loureiro, esse resgate "guarda uma estreita relação com a inflação. Os dados [da dívida interna mobiliária] confirmam o apetite dos investidores pelos títulos públicos e são mais um vetor que eleva a chance de outra redução de 0,5 ponto percentual da taxa Selic na próxima reunião do Copom".
A perspectiva de a taxa de juros básica, a Selic, continuar em queda, de forma significativa, por sua vez, abre mais espaço para a colocação de títulos prefixados e a ampliação do prazo médio da dívida em 2007, dizem analistas.
De acordo com dados da dívida interna mobiliária do último mês, divulgados na semana passada, foi grande o vencimento de títulos indexados à Selic, 68% dos vencimentos previstos para o mês, com a contrapartida de emissões prefixadas e indexadas a índices de preço.
Isso representa a continuidade de melhora do perfil da dívida interna. A parcela de títulos com remuneração prefixada subiu de 30,4% para 31,5%. Quanto maior o volume de prefixados, mais previsível fica a administração da dívida. O mesmo não acontece quando os títulos são atrelados à Selic, já que a taxa pode eventualmente subir.
A expectativa no Tesouro Nacional é fechar o ano com 39% dos títulos indexados à taxa Selic.
Houve melhora também no prazo médio das emissões, 38,5 meses em agosto. Em julho, o prazo era de 28,5 meses.

Estrangeiros
O ingresso de investidores estrangeiros em títulos domésticos poderá crescer nos próximos meses, segundo economistas. Um ambiente de contínuas quedas da taxa de juros e do risco-país e a recompra da dívida externa aguça o apetite de estrangeiros.
Incertezas no cenário externo, a princípio, não deverão ser um obstáculo para a volta de estrangeiros. A demanda mundial por commodities continua forte, e o mundo deverá continuar a crescer, ainda que o ritmo possa ser menor em 2007.
"A desaceleração nos Estados Unidos deverá ser suave, com o país crescendo cerca de 4,7%. Além disso, não há espaço para aumento da oferta de commodities no curto prazo, o que poderia derrubar os preços", disse Loureiro.


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