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Bolívia fala em negociação mais "técnica"
Segundo funcionários do governo Morales, saída de Soliz Rada despolitizará discussões em torno da nacionalização
Mais moderado, Carlos Villegas, novo titular da pasta de Hidrocarbonetos, diz que prioridade será a assinatura de contratos
DA REPORTAGEM LOCAL
Com a saída do controvertido
ministro dos Hidrocarbonetos,
Andrés Soliz Rada, na última
sexta-feira, funcionários do governo boliviano admitiram que
o processo de nacionalização
tende a assumir uma perspectiva mais "técnica e ampla" na
negociação com as empresas
multinacionais petroleiras.
Em entrevistas em separado
ao jornal boliviano "La Prensa",
os vice-ministros de Exploração, Guillermo Aruquipa, e de
Comercialização, Williams Donaire, disseram anteontem esperar que a posse do mais moderado ministro Carlos Villegas no lugar de Soliz Rada traga
uma visão especializada às negociações em andamento para
a assinatura de novos contratos
com as empresas petroleiras.
Decreto
Para os dois, Soliz Rada deu
um caráter mais político às negociações. Crítico histórico da
Petrobras e dos acordos com o
Brasil -foi contra, por exemplo, a construção do gasoduto-
, o ex-ministro fazia acusações
públicas quase semanais contra a empresa brasileira. Com
isso, as negociações entre as
duas partes em torno da nacionalização estão paradas há
mais de dois meses.
A Câmara Boliviana de Hidrocarbonetos (CBH), que reúne as principais empresas dos
setor -entre as quais, a Petrobras-, informou que espera
que Villegas acompanhe os planos para o desenvolvimento do
setor, algo que, na avaliação da
entidade, Soliz Rada não permitiu que ocorresse.
Em declarações divulgadas
pela agência oficial de notícias
boliviana, Villegas disse que a
prioridade do processo da
agenda para o cumprimento do
decreto de nacionalização será
a assinatura de novos contratos
de exploração com as multinacionais. Ao todo, são cerca de
70 novos contratos, a serem negociados com dez empresas,
entre as quais a Petrobras.
"Haverá continuidade no
processo de nacionalização, e,
em primeiro lugar, devemos estabelecer acordos sobre novos
contratos. Para isso, se respeitará o cronograma da rodada de
negociações com as petroleiras
até 9 de outubro", disse Villegas, segundo a agência.
As negociações sobre os novos contratos serão retomadas
hoje com a Andina, filial da empresa hispano-argentina Repsol. Ao longo da semana, haverá
encontros com a francesa Total
e a britânica British Gas.
De acordo com o decreto de
nacionalização, assinado em 1º
de maio e que transforma as
empresas do setor em prestadoras de serviço para a YPFB, a
estatal boliviana, os novos contratos têm de ser assinados até
1º de novembro, o que dificilmente será cumprido.
Caso o prazo seja estendido,
se repetirá o mesmo problema
do ano passado, quando, em
maio, foi aprovada a nova Lei
de Hidrocarbonetos, na qual já
se previa a assinatura de novos
contratos em 180 dias com as
multinacionais.
Até agora, praticamente nada do que está previsto no decreto foi implantado, como a
retomada do controle acionário das duas refinarias da Petrobras e de outras quatro empresas privatizadas ao longo da
década de 1990.
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