São Paulo, quinta-feira, 18 de setembro de 2008

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Lugo cobra vontade do Brasil para mudar Itaipu

AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, cobrou ontem, em São Paulo, vontade política do governo brasileiro e insistiu na revisão do Tratado de Itaipu. Na primeira visita oficial ao Brasil, o novo presidente paraguaio deixou claro que a mudança do tratado bilateral será pauta central no diálogo dos dois países. O Paraguai quer ampliar as receitas obtidas com a cessão de energia ao Brasil e obter o direito de negociar a própria eletricidade. O vizinho fala em uma receita de US$ 1,5 bilhão a US$ 2 bilhões como compensação pela energia cedida ao Brasil.
Questionado sobre a posição brasileira de que não há espaço para a renegociação do Tratado de Itaipu, Lugo sorriu e afirmou: "Quem disse que não se pode mudar o tratado?". E complementou: "Quando há vontade de ambas as partes, é possível mudar um tratado". Em entrevista à Folha no início deste mês, o chanceler paraguaio, Alejandro Hamed Franco, disse que a exigência de compensação pela energia cedida ao Brasil havia deixado de ser condição para a negociação dos dois países.
A revisão do Tratado de Itaipu, que ordenou a construção e define hoje as bases de operação da empresa Itaipu Binacional, foi a principal promessa eleitoral aos paraguaios do ex-bispo da Diocese de San Pedro na eleição de abril. A eleição de Lugo, apoiado por uma frente ampla de partidos e movimentos sociais, pôs fim a 60 anos de hegemonia política do Partido Colorado no Paraguai.
O governo brasileiro acenou com o diálogo e tenta garantir ao Paraguai condições para que o país eleve o consumo de energia nos próximos anos. Para isso, disponibilizou o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) como agente financiador de uma linha de transmissão que levaria mais energia de Itaipu para Assunção, capital do país. Lugo preferiu não qualificar a oferta brasileira.
Na Fiesp, Lugo prometeu regras claras para atrair investimentos. A primeira missão empresarial brasileira deve chegar ao Paraguai em novembro.


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