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Lugo cobra vontade do Brasil para mudar Itaipu
AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente do Paraguai,
Fernando Lugo, cobrou ontem,
em São Paulo, vontade política
do governo brasileiro e insistiu
na revisão do Tratado de Itaipu.
Na primeira visita oficial ao
Brasil, o novo presidente paraguaio deixou claro que a mudança do tratado bilateral será
pauta central no diálogo dos
dois países. O Paraguai quer
ampliar as receitas obtidas com
a cessão de energia ao Brasil e
obter o direito de negociar a
própria eletricidade. O vizinho
fala em uma receita de US$ 1,5
bilhão a US$ 2 bilhões como
compensação pela energia cedida ao Brasil.
Questionado sobre a posição
brasileira de que não há espaço
para a renegociação do Tratado
de Itaipu, Lugo sorriu e afirmou: "Quem disse que não se
pode mudar o tratado?". E
complementou: "Quando há
vontade de ambas as partes, é
possível mudar um tratado".
Em entrevista à Folha no início deste mês, o chanceler paraguaio, Alejandro Hamed
Franco, disse que a exigência
de compensação pela energia
cedida ao Brasil havia deixado
de ser condição para a negociação dos dois países.
A revisão do Tratado de Itaipu, que ordenou a construção e
define hoje as bases de operação da empresa Itaipu Binacional, foi a principal promessa
eleitoral aos paraguaios do ex-bispo da Diocese de San Pedro
na eleição de abril. A eleição de
Lugo, apoiado por uma frente
ampla de partidos e movimentos sociais, pôs fim a 60 anos de
hegemonia política do Partido
Colorado no Paraguai.
O governo brasileiro acenou
com o diálogo e tenta garantir
ao Paraguai condições para que
o país eleve o consumo de energia nos próximos anos. Para isso, disponibilizou o BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social)
como agente financiador de
uma linha de transmissão que
levaria mais energia de Itaipu
para Assunção, capital do país.
Lugo preferiu não qualificar a
oferta brasileira.
Na Fiesp, Lugo prometeu regras claras para atrair investimentos. A primeira missão empresarial brasileira deve chegar
ao Paraguai em novembro.
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