São Paulo, sexta-feira, 18 de outubro de 2002

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TRANSE

Bovespa dispara e tem maior alta em quase um ano, dólar estaciona e risco-país tem a maior queda desde agosto

Turbulências cedem, e risco Brasil desaba

ANA PAULA RAGAZZI
DA REPORTAGEM LOCAL

Após semanas de turbulência, o mercado financeiro viveu um dia de tranquilidade ontem. O risco-país desabou, o dólar estacionou e a Bovespa disparou.
A moeda norte-americana fechou com baixa de 0,38%, negociada a R$ 3,905.
O Banco Central vendeu dólares ao mercado à vista.
O risco-país do Brasil, calculado pelo JP Morgan, teve sua maior queda em um dia desde agosto. Fechou a 2.066, baixa de 9,5%.
O melhor desempenho dos mercados dos EUA -o índice Dow Jones subiu 2,97% e a Nasdaq, 3,24%- teria causado certo alívio e diminuído um pouco a resistência mundial ao mercado de ações. Fraudes contábeis de empresas americanas ajudaram a reduzir o dinheiro em circulação nas Bolsas pelo mundo.
Além disso, segundo operadores, o Banco Central teria comprado C-Bonds e contribuído para a sua alta. Os títulos da dívida externa brasileira valorizaram 5,7%. O comportamento desses papéis tem influência direta no fechamento do risco Brasil.
A Bolsa de Valores de São Paulo também se beneficiou das altas dos mercados dos EUA. Em um movimento de correção, típico de uma Bolsa que registra perdas há vários dias, a Bovespa subiu 6,34% -sua maior alta desde novembro de 2001.
O dólar iniciou o dia nervoso e chegou a atingir alta de 1,5%. As negociações começaram a acalmar após a informação de que, se eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) poderia anunciar já no dia 28 sua equipe econômica.
O mercado teme que transcorra um período muito grande entre uma provável confirmação de vitória de Lula e a definição dos membros do novo governo. A data para a divulgação da equipe foi negada, mas os pregões já haviam sido encerrados.
Também foi bem recebido documento elaborado pelo PT e pela Bovespa. O texto trata o mercado de capitais como um instrumento para o desenvolvimento econômico. O evento ocorreu na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
"A aproximação entre o PT e a Fiesp foi positiva, aos olhos do mercado", afirma Helio Osaki, analista da Finambras. "Além disso também houve declarações do senador eleito Aloizio Mercadante, que demonstraram um comprometimento do partido com a responsabilidade fiscal."
Essas sinalizações de como seria um governo petista deverão concentrar as atenções do mercado daqui por diante, uma vez que analistas já dão como quase certa a vitória de Lula.
"Tudo o que for possível antecipar sobre um governo Lula, ainda obscuro, interessa ao mercado. Quanto antes a nova equipe for divulgada, melhor", diz Marcelo Schmitt, do banco Lloyds TSB.
A queda de ontem também foi vista como uma correção, após a alta de 1,95% na quarta-feira, quando investidores pressionaram o dólar para elevar seus ganhos em dia de vencimento de dívida pública atrelada ao dólar. A semana que vem deverá ter novos momentos nervosos por conta de novo vencimento, desta vez de US$ 1,52 bilhão, na quarta-feira.


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