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TRANSE
Bovespa dispara e tem maior alta em quase um ano, dólar estaciona e risco-país tem a maior queda desde agosto
Turbulências cedem, e risco Brasil desaba
ANA PAULA RAGAZZI
DA REPORTAGEM LOCAL
Após semanas de turbulência, o
mercado financeiro viveu um dia
de tranquilidade ontem. O risco-país desabou, o dólar estacionou e
a Bovespa disparou.
A moeda norte-americana fechou com baixa de 0,38%, negociada a R$ 3,905.
O Banco Central vendeu dólares
ao mercado à vista.
O risco-país do Brasil, calculado
pelo JP Morgan, teve sua maior
queda em um dia desde agosto.
Fechou a 2.066, baixa de 9,5%.
O melhor desempenho dos
mercados dos EUA -o índice
Dow Jones subiu 2,97% e a Nasdaq, 3,24%- teria causado certo
alívio e diminuído um pouco a resistência mundial ao mercado de
ações. Fraudes contábeis de empresas americanas ajudaram a reduzir o dinheiro em circulação
nas Bolsas pelo mundo.
Além disso, segundo operadores, o Banco Central teria comprado C-Bonds e contribuído para a
sua alta. Os títulos da dívida externa brasileira valorizaram 5,7%. O
comportamento desses papéis
tem influência direta no fechamento do risco Brasil.
A Bolsa de Valores de São Paulo
também se beneficiou das altas
dos mercados dos EUA. Em um
movimento de correção, típico de
uma Bolsa que registra perdas há
vários dias, a Bovespa subiu
6,34% -sua maior alta desde novembro de 2001.
O dólar iniciou o dia nervoso e
chegou a atingir alta de 1,5%. As
negociações começaram a acalmar após a informação de que, se
eleito, Luiz Inácio Lula da Silva
(PT) poderia anunciar já no dia 28
sua equipe econômica.
O mercado teme que transcorra
um período muito grande entre
uma provável confirmação de vitória de Lula e a definição dos
membros do novo governo. A data para a divulgação da equipe foi
negada, mas os pregões já haviam
sido encerrados.
Também foi bem recebido documento elaborado pelo PT e pela
Bovespa. O texto trata o mercado
de capitais como um instrumento
para o desenvolvimento econômico. O evento ocorreu na Fiesp
(Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
"A aproximação entre o PT e a
Fiesp foi positiva, aos olhos do
mercado", afirma Helio Osaki,
analista da Finambras. "Além disso também houve declarações do
senador eleito Aloizio Mercadante, que demonstraram um comprometimento do partido com a
responsabilidade fiscal."
Essas sinalizações de como seria
um governo petista deverão concentrar as atenções do mercado
daqui por diante, uma vez que
analistas já dão como quase certa
a vitória de Lula.
"Tudo o que for possível antecipar sobre um governo Lula, ainda
obscuro, interessa ao mercado.
Quanto antes a nova equipe for
divulgada, melhor", diz Marcelo
Schmitt, do banco Lloyds TSB.
A queda de ontem também foi
vista como uma correção, após a
alta de 1,95% na quarta-feira,
quando investidores pressionaram o dólar para elevar seus ganhos em dia de vencimento de dívida pública atrelada ao dólar. A
semana que vem deverá ter novos
momentos nervosos por conta de
novo vencimento, desta vez de
US$ 1,52 bilhão, na quarta-feira.
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