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EUROLÂNDIA
Romano Prodi, presidente da Comissão Européia, critica rigidez das regras macroeconômicas da zona do euro
Pacto de estabilidade é estupidez, diz UE
DA REPORTAGEM LOCAL
Em entrevista publicada ontem
pelo jornal francês "Le Monde", o
presidente da Comissão Européia, o italiano Romano Prodi,
criticou as regras que norteiam a
política macroeconômica dos 12
países que adotaram o euro.
"O pacto de estabilidade é estúpido, como todas as decisões que
são rígidas", afirmou Prodi.
Para o presidente, o pacto deveria ter regras mais flexíveis, sobretudo em relação ao déficit público
dos países. "O pacto de estabilidade é imperfeito. É preciso uma
ferramenta mais inteligente e
mais flexível", disse o presidente
ao "Le Monde".
As regras atuais, que foram estabelecidas em 1999, limitam o déficit público em até 3% do PIB
(Produto Interno Bruto) e prevê
multas para os países-membros
que rompam o acordo e ultrapassem esse teto.
Mudança de regras
Por já estarem próximas desse
limite, França e Alemanha lideram o movimento pela flexibilização do pacto.
Ambos os países conseguiram
recentemente convencer a União
Européia a prolongar o prazo para atingir o equilíbrio fiscal. Com
isso, a data, que estava prevista
para 2004, passou para 2006.
Prodi defendeu a mudança. Para ele, isso representa que é possível criar um pacto mais eficaz e inteligente. Porém ressaltou que o
limite de 3% no déficit público é
importante e, sem ele, não seria
possível evitar derrapagens na
coordenação entre os países da
zona do euro.
O presidente da comissão destacou também que, para haver mudanças de regras mais abrangentes, é preciso unanimidade e poder de decisão.
A ausência desses elementos no
panorama atual, segundo ele, prejudica o andamento de propostas
de flexibilização do pacto.
Quando questionado pelo jornal francês se ele próprio teria a
autoridade necessária para conduzir essas mudanças, Prodi respondeu: "É claro que não. Ninguém tem. Esse é o problema".
Apesar das críticas ao modelo,
Prodi argumentou que a existência de um pacto de estabilidade é
necessária para a harmonia na zona do euro. "Não é possível ter políticas divergentes", afirmou.
Após os comentários de Prodi,
em nota à imprensa, o porta-voz
da comissão, Jonathan Faull,
amenizou o tom das críticas do
presidente.
De acordo com Faull, "estúpida
seria a aplicação dogmática do
pacto de estabilidade a despeito
das conjunturas econômicas".
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