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NO AR
Presidente do BNDES diz que demora em concretizar Varig/TAM é "lamentável"
Lessa critica atraso em fusão aérea
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
O presidente do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social), Carlos Lessa, disse ontem achar "lamentável" a demora para concretizar a
fusão entre a Varig e a TAM,
anunciada no início do ano.
Embora não tenha descartado a
hipótese de financiar alguma das
empresas mesmo sem a fusão,
Lessa advertiu que o banco não financia "a fundo perdido".
"Nós estamos abertos a examinar propostas. Agora, não somos
um órgão que empresta a fundo
perdido. Nós emprestamos contra a garantia de recepção."
O comentário de Lessa foi feito
respondendo a uma pergunta sobre se o banco financiaria as empresas em separado, já que começam a surgir notícias de que a fusão pode não ser mais necessária.
"Continuamos defendendo
que, nem tanto a fusão, mas o
rearranjo do setor é fundamental", disse.
O diretor da Área Financeira do
BNDES, Roberto Timótheo da
Costa, disse ontem que o banco
precisa de uma injeção de capital
de R$ 5 bilhões "imediatamente"
e de mais R$ 10 bilhões até o final
do ano para se enquadrar nas regras internas (Banco Central) e
externas (acordo de Basiléia) de
risco para instituições financeiras.
Timótheo da Costa disse que o
BNDES está irregular e que seus
dirigentes estão sujeitos a penalidades na eventualidade de uma
fiscalização do BC.
"Os dirigentes do BNDES estão
sujeitos a punições como advertência, multa e até detenção. Vale
dizer, cadeia", disse o dirigente.
Ele ressalvou que o BC vem tratando o BNDES como exceção,
seja por não ser um banco comercial, seja por ser um banco cujo
controle é 100% da União, o que
significa que o risco BNDES é, em
última instância, o risco Brasil.
O problema de capitalização decorre da grande desproporção
(alavancagem) entre o valor do
patrimônio do banco (R$ 11,3 bilhões) e o da sua carteira de empréstimos (R$ 121 bilhões).
Embora o BNDES disponha de
recursos para emprestar, quanto
mais aumentam os empréstimos
maior fica seu grau de alavancagem, dificultando a meta de emprestar R$ 47 bilhões em 2004.
Embora o banco precise de injeção de dinheiro, a União está encontrando dificuldade de fazer a
capitalização sem causar impacto
na contabilidade do setor público.
Isso impede, por exemplo, que seja transformada em capital um
crédito de R$ 15 bilhões que a
União já tem com o banco.
Para os primeiros R$ 5 bilhões,
de acordo com Timótheo da Costa, a melhor solução é trocar ações
de várias empresas -Petrobras,
Vale do Rio Doce, Banco do Brasil
e outras- pertencentes ao patrimônio da União por ações do
BNDES. De acordo com o diretor
do banco, o Tesouro Nacional está resistindo à idéia porque será a
troca de papéis de alta liquidez
por outros que não são negociados no mercado.
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