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São Paulo, sábado, 18 de outubro de 2003

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NO AR

Presidente do BNDES diz que demora em concretizar Varig/TAM é "lamentável"

Lessa critica atraso em fusão aérea

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

O presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Carlos Lessa, disse ontem achar "lamentável" a demora para concretizar a fusão entre a Varig e a TAM, anunciada no início do ano.
Embora não tenha descartado a hipótese de financiar alguma das empresas mesmo sem a fusão, Lessa advertiu que o banco não financia "a fundo perdido".
"Nós estamos abertos a examinar propostas. Agora, não somos um órgão que empresta a fundo perdido. Nós emprestamos contra a garantia de recepção."
O comentário de Lessa foi feito respondendo a uma pergunta sobre se o banco financiaria as empresas em separado, já que começam a surgir notícias de que a fusão pode não ser mais necessária.
"Continuamos defendendo que, nem tanto a fusão, mas o rearranjo do setor é fundamental", disse.
O diretor da Área Financeira do BNDES, Roberto Timótheo da Costa, disse ontem que o banco precisa de uma injeção de capital de R$ 5 bilhões "imediatamente" e de mais R$ 10 bilhões até o final do ano para se enquadrar nas regras internas (Banco Central) e externas (acordo de Basiléia) de risco para instituições financeiras.
Timótheo da Costa disse que o BNDES está irregular e que seus dirigentes estão sujeitos a penalidades na eventualidade de uma fiscalização do BC.
"Os dirigentes do BNDES estão sujeitos a punições como advertência, multa e até detenção. Vale dizer, cadeia", disse o dirigente.
Ele ressalvou que o BC vem tratando o BNDES como exceção, seja por não ser um banco comercial, seja por ser um banco cujo controle é 100% da União, o que significa que o risco BNDES é, em última instância, o risco Brasil.
O problema de capitalização decorre da grande desproporção (alavancagem) entre o valor do patrimônio do banco (R$ 11,3 bilhões) e o da sua carteira de empréstimos (R$ 121 bilhões).
Embora o BNDES disponha de recursos para emprestar, quanto mais aumentam os empréstimos maior fica seu grau de alavancagem, dificultando a meta de emprestar R$ 47 bilhões em 2004.
Embora o banco precise de injeção de dinheiro, a União está encontrando dificuldade de fazer a capitalização sem causar impacto na contabilidade do setor público. Isso impede, por exemplo, que seja transformada em capital um crédito de R$ 15 bilhões que a União já tem com o banco.
Para os primeiros R$ 5 bilhões, de acordo com Timótheo da Costa, a melhor solução é trocar ações de várias empresas -Petrobras, Vale do Rio Doce, Banco do Brasil e outras- pertencentes ao patrimônio da União por ações do BNDES. De acordo com o diretor do banco, o Tesouro Nacional está resistindo à idéia porque será a troca de papéis de alta liquidez por outros que não são negociados no mercado.


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