São Paulo, terça-feira, 18 de outubro de 2005

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MERCADO ABERTO

Agronegócio já preocupa ferrovia

O enfraquecimento do agronegócio e a valorização do real preocupam a ferrovia MRS Logística, uma das principais empresas do setor no país. Com uma parcela considerável de seus negócios voltados para a exportação, a MRS teme a influência desses fatores nas vendas externas no ano que vem.
"A atividade ferroviária é intimamente ligada à exportação. O dólar desvalorizado pode nos prejudicar", diz Júlio Fontana Neto, presidente da empresa.
Segundo ele, houve uma redução no transporte de fertilizantes, o que interpreta como um fator de preocupação. "É sinal de que a área plantada será menor."
Ele diz que tem ouvido de empresários do agronegócio, especialmente os ligados à soja, a confirmação de que reduzirão a área plantada na próxima safra.
Segundo ele, a companhia já sente uma redução no volume transportado no mercado interno. "Diziam que o último trimestre deste ano seria melhor, mas, até agora, não vi essa reação."
Apesar do cenário incerto, ele diz esperar um aumento no volume transportado em 2006. A estimativa é fechar com 123 milhões de toneladas transportadas, ante as 110 milhões de 2005.
Boa parte da carga é ligada à cadeia siderúrgica e mineradora. Entre seus sócios estão as principais siderúrgicas do país e a Vale do Rio Doce. Elas vivem uma disputa em razão do aumento da presença da Vale na empresa e que chegou até ao Cade.
Fontana diz que a disputa não afeta a empresa, embora julgue "que um mau acordo é sempre melhor do que uma boa briga".
A MRS pretende, aos poucos, reduzir a participação dos produtos siderúrgicos e de minério no total transportado. Hoje a concentração nesses segmentos chega a 70% do volume total, mas Fontana considera ideal reduzi-lo para 50%.
Para 2006, a empresa espera investir R$ 650 milhões na operação, com a modernização e a duplicação de alguns trechos. Ela planeja ainda a compra de 150 novas locomotivas e 5.500 vagões nos próximos cinco anos.

ARESTAS APARADAS
A Abdib (associação da indústria de base) irá concentrar esforços para tentar destravar o projeto de lei que busca instituir uma política nacional para o setor de saneamento. Amanhã, a diretoria e o conselho de estratégia da entidade se reúnem com o deputado federal Júlio Lopes (PP-RJ), relator do projeto de lei. Na quinta, a reunião será com a Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento. A intenção é resolver as polêmicas em torno do projeto proposto pelo governo, que recebeu 862 emendas. As empresas do setor não aceitaram esse texto.

DISPUTA
A Top Sports, empresa que detém os direitos de transmissão dos campeonatos de futebol da Espanha e da Itália, acaba de pedir a falência da Rede TV!. A emissora, segundo o processo de arbitragem, quebrou o contrato que existia para a transmissão da Copa dos Campeões da Europa. O valor da conta é de R$ 2,782 milhões. A agência de marketing trava uma disputa jurídica com a emissora desde o ano passado.

PRIMEIRA DAMA
Na esteira da indicação de Angela Merkel, 51, como a primeira mulher a ocupar a Chancelaria alemã, na semana passada, um designer e fabricante de bonecas do país, Marcel Offermann, acaba de lançar uma coleção especial inspirada na política conservadora. Com "tiragem" limitada de 999 unidades, a boneca deve custar 189 (cerca de R$ 510), e suas roupas são inspiradas na forma como Merkel se vestiu no dia das eleições alemãs, em setembro.

DESEMBARQUE
O Outback Steakhouse escolheu Porto Alegre para abrir seu primeiro restaurante na região Sul. A 12ª unidade da cadeia americana no país teve investimento de R$ 4 milhões e começa a operar em 22 de novembro.

PROTESTOS
O movimento de títulos efetivamente protestados em SP caiu 7,5% em setembro ante agosto, segundo o Instituto de Estudos de Protesto de Títulos-SP.

EXPANSÃO
Com foco na expansão nacional, a Gafisa anuncia amanhã sua entrada no mercado de Mato Grosso, em encontro com o governador do Estado, Blairo Maggi. Em parceria com uma empresa local, ela lança um condomínio residencial em Cuiabá.

EMISSÃO
A GP Investimentos Imobiliários, por meio de sua controlada Altere Securitizadora, acaba de emitir mais R$ 101,5 milhões em CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários). Com essa emissão, a Altere já soma R$ 300 milhões de emissões em 2005, sendo R$ 157 milhões de certificados com registro provisório e R$143 milhões com definitivo. Os papéis são lastreados pelos contratos de compra e venda.

MESA GLOBALIZADA
Alunos de 23 nacionalidades participam amanhã de mesa-redonda em SP sobre o papel do Brasil nas negociações de comércio multilaterais. O evento faz parte do módulo organizado no país do MBA Trium Global, desenvolvido por três instituições: a NYU Stern School of Business, a London School of Economics e a HEC School of Management (França). No Brasil, a parceria é com a Fundação Dom Cabral.

DESALENTO
A reunião do Copom, que começa hoje, não deve gerar grande alento à indústria paulista. Essa é a opinião do diretor do departamento de economia do Ciesp, Boris Tabacof, que acredita numa redução da taxa básica de juro de, no máximo, 0,5 ponto percentual. Para Tabacof, o país enfrenta um momento delicado, com forte risco de desorganização do agronegócio e suspensão da "MP do Bem". "O Banco Central deveria abandonar o dogmatismo e passar a estimular o crescimento. Para isso, basta deixar de encarar a indústria como inimiga da estabilidade", diz.

INVESTIMENTO
A implantação e a construção do porto de Navegantes, cidade a 150 km de Florianópolis, deve demandar investimento de R$ 420 milhões ao longo de 22 meses pela Portonave, que cuida do projeto. As obras começam no próximo dia 26, quando será lançado o marco inicial, com o governador de Santa Catarina, Luiz Henrique. Estima-se que o porto tenha capacidade para movimentar 600 mil contêineres.

MAIS CARO
O comércio para o Dia da Criança teve saldo positivo neste ano. As vendas de presentes com cartões de crédito e de débito entre os dias 1º e 12 deste mês registraram crescimento de 33%, com faturamento de R$ 2,4 bilhões, segundo dados da Redecard, que opera com uma rede de 860 mil estabelecimentos credenciados. As maiores altas foram alcançadas por produtos mais caros, como computadores e acessórios (59%) e equipamentos eletrônicos (56%), na comparação com o mesmo período do ano passado. Presentes mais tradicionais, como calçados (34%), brinquedos (29%) e roupas (23%), registraram aumento menor, embora também tenham crescido ante 2004.


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