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AGROFOLHA
Fazendas estão dentro de raio de 25 quilômetros estabelecido pelo governo para tentar conter a doença
Governo confirma mais 3 focos de aftosa
FERNANDO ITOKAZU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo federal confirmou
ontem mais três focos de febre aftosa no sul de Mato Grosso do Sul.
Duas das fazendas afetadas, Santo
Antônio e Guaíra, estão em Japorã, dentro do raio de 25 km estabelecido para tentar controlar a
doença. A terceira, Jangada, fica
em Eldorado, vizinha da fazenda
Vezozzo, local do primeiro foco,
anunciado no último dia 10.
Desde 1999, Mato Grosso do Sul
(MS) não registrava a doença.
Com o diagnóstico em Japorã (a
4 km de Eldorado), dois municípios (Sete Quedas e Tacuru) se
juntam aos cinco localizados na
área de interdição.
O Ministério da Agricultura recebeu os laudos no final da tarde
do Lanagro (Laboratório Nacional Agropecuário do Pará).
Antes mesmo da confirmação
do laboratório, o secretário de Defesa Agropecuária, Gabriel Maciel, já dizia que as chances de serem detectados novos focos eram
de mais de 95%.
Além disso, já havia começado
o sacrifício de 280 animais na Jangada -nove bovinos na propriedade já apresentavam sintomas
da febre aftosa.
Apesar da confirmação dos novos focos, o governo afirma que o
processo já está estabilizado, já
que nos últimos três dias não foram detectadas novas suspeitas
(há ainda três em análise, todas
em Japorã) e os focos estão dentro
da área de interdição, que tem
raio de 25 km a partir do local do
primeiro diagnóstico.
De acordo com Gabriel Maciel,
o anúncio de ontem não deve
aprofundar as perdas econômicas
do país -mais de 30 países já
anunciaram o embargo à carne,
entre os quais grandes importadores. Maciel disse que é normal
surgirem novos focos dentro do
raio de interdição. Para ele, o
anúncio de um único foco poderia dar a impressão de que o país
estaria escondendo a real dimensão da doença.
Paraguai
Maciel disse que os focos em Japorã, cidade mais perto da fronteira com o Paraguai, devem auxiliar no trabalho conjunto com o
vizinho. A área de interdição passa a abranger território paraguaio.
Na semana passada, o governador de MS, José Orcílio Miranda
dos Santos, o Zeca do PT, levantou a suspeita de que a origem da
contaminação poderia ser o Paraguai. Em nota, a Embaixada do
Paraguai em Brasília afirmou que
o país é livre de febre aftosa.
O governo paraguaio acusou o
Brasil de ter enviado uma missão
sem permissão para tentar localizar provas da origem da doença
(leia texto na pág. B3).
Já o governo brasileiro afirma
que o vizinho é reticente a um
acordo de cooperação.
Na semana passada, foi proposto um acordo para que fossem enviados técnicos ao Paraguai e que
uma missão paraguaia viesse ao
Brasil verificar as condições de cada país.
O Ministério da Agricultura disse que os paraguaios pediram informações do Brasil, mas negaram a visita dos técnicos.
Com o objetivo de evitar novos
focos de febre aftosa, o governo
brasileiro estuda não só doar as
vacinas ao Paraguai, como já foi
feito no passado sem resultados
positivos, segundo o ministério,
mas também acompanhar todo o
processo de imunização no país,
que é membro do Mercosul.
Vacina eficiente
Também ontem, o ministério
divulgou ter recebido comunicado da Panaftosa (Centro Pan-Americano de Febre Aftosa) informando que os testes na vacina
brasileira são eficientes. O órgão
concluiu que o tipo de vírus detectado em Eldorado é comum na
região sul-americana.
Com isso, foram descartadas
duas possibilidades para a origem
do foco da doença: problemas na
vacina e vírus mutante. O governo ainda trabalha com outras três:
manipulação inadequada da vacina, vacinação seletiva e ingresso
de animais.
Emergência
A Prefeitura de Japorã decretou
estado de emergência ontem à
noite por causa dos focos de aftosa. A coordenação de Defesa Civil
de Japorã estava reunida ontem à
noite para definir medidas que serão tomadas a partir da confirmação de casos da doença.
Com a decretação do estado de
emergência, o município pode requisitar ajuda dos governos estadual e federal.
Segundo a Defesa Civil do Estado, a fazenda Santo Antônio é
conjugada com a São Benedito e
as duas, juntas, têm 317 cabeças.
Colaborou Sílvia Freire, da Agência Folha, em Eldorado (MS)
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