São Paulo, terça-feira, 18 de outubro de 2005

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AGROFOLHA

Fazendas estão dentro de raio de 25 quilômetros estabelecido pelo governo para tentar conter a doença

Governo confirma mais 3 focos de aftosa

FERNANDO ITOKAZU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo federal confirmou ontem mais três focos de febre aftosa no sul de Mato Grosso do Sul. Duas das fazendas afetadas, Santo Antônio e Guaíra, estão em Japorã, dentro do raio de 25 km estabelecido para tentar controlar a doença. A terceira, Jangada, fica em Eldorado, vizinha da fazenda Vezozzo, local do primeiro foco, anunciado no último dia 10.
Desde 1999, Mato Grosso do Sul (MS) não registrava a doença.
Com o diagnóstico em Japorã (a 4 km de Eldorado), dois municípios (Sete Quedas e Tacuru) se juntam aos cinco localizados na área de interdição.
O Ministério da Agricultura recebeu os laudos no final da tarde do Lanagro (Laboratório Nacional Agropecuário do Pará).
Antes mesmo da confirmação do laboratório, o secretário de Defesa Agropecuária, Gabriel Maciel, já dizia que as chances de serem detectados novos focos eram de mais de 95%.
Além disso, já havia começado o sacrifício de 280 animais na Jangada -nove bovinos na propriedade já apresentavam sintomas da febre aftosa.
Apesar da confirmação dos novos focos, o governo afirma que o processo já está estabilizado, já que nos últimos três dias não foram detectadas novas suspeitas (há ainda três em análise, todas em Japorã) e os focos estão dentro da área de interdição, que tem raio de 25 km a partir do local do primeiro diagnóstico.
De acordo com Gabriel Maciel, o anúncio de ontem não deve aprofundar as perdas econômicas do país -mais de 30 países já anunciaram o embargo à carne, entre os quais grandes importadores. Maciel disse que é normal surgirem novos focos dentro do raio de interdição. Para ele, o anúncio de um único foco poderia dar a impressão de que o país estaria escondendo a real dimensão da doença.

Paraguai
Maciel disse que os focos em Japorã, cidade mais perto da fronteira com o Paraguai, devem auxiliar no trabalho conjunto com o vizinho. A área de interdição passa a abranger território paraguaio.
Na semana passada, o governador de MS, José Orcílio Miranda dos Santos, o Zeca do PT, levantou a suspeita de que a origem da contaminação poderia ser o Paraguai. Em nota, a Embaixada do Paraguai em Brasília afirmou que o país é livre de febre aftosa.
O governo paraguaio acusou o Brasil de ter enviado uma missão sem permissão para tentar localizar provas da origem da doença (leia texto na pág. B3).
Já o governo brasileiro afirma que o vizinho é reticente a um acordo de cooperação.
Na semana passada, foi proposto um acordo para que fossem enviados técnicos ao Paraguai e que uma missão paraguaia viesse ao Brasil verificar as condições de cada país.
O Ministério da Agricultura disse que os paraguaios pediram informações do Brasil, mas negaram a visita dos técnicos.
Com o objetivo de evitar novos focos de febre aftosa, o governo brasileiro estuda não só doar as vacinas ao Paraguai, como já foi feito no passado sem resultados positivos, segundo o ministério, mas também acompanhar todo o processo de imunização no país, que é membro do Mercosul.

Vacina eficiente
Também ontem, o ministério divulgou ter recebido comunicado da Panaftosa (Centro Pan-Americano de Febre Aftosa) informando que os testes na vacina brasileira são eficientes. O órgão concluiu que o tipo de vírus detectado em Eldorado é comum na região sul-americana.
Com isso, foram descartadas duas possibilidades para a origem do foco da doença: problemas na vacina e vírus mutante. O governo ainda trabalha com outras três: manipulação inadequada da vacina, vacinação seletiva e ingresso de animais.

Emergência
A Prefeitura de Japorã decretou estado de emergência ontem à noite por causa dos focos de aftosa. A coordenação de Defesa Civil de Japorã estava reunida ontem à noite para definir medidas que serão tomadas a partir da confirmação de casos da doença.
Com a decretação do estado de emergência, o município pode requisitar ajuda dos governos estadual e federal.
Segundo a Defesa Civil do Estado, a fazenda Santo Antônio é conjugada com a São Benedito e as duas, juntas, têm 317 cabeças.


Colaborou Sílvia Freire, da Agência Folha, em Eldorado (MS)

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