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TRABALHO
Número de vagas criadas recuou em agosto, enquanto produção cresceu; renda apresenta ligeira melhora, aponta IBGE
Emprego não acompanha avanço da indústria
JANAINA LAGE
DA FOLHA ONLINE, NO RIO
A recuperação da produção industrial em agosto ainda não surtiu efeito no mercado de trabalho.
Em agosto, as demissões voltaram a superar as contratações e o
nível de emprego recuou 0,1% sobre o mês anterior. Em julho, o
número de vagas criadas pelo setor havia crescido 0,1%.
Segundo Isabela Nunes, economista da Coordenação da Indústria do IBGE (Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística), a perda de ritmo da indústria do segundo para o terceiro trimestre
revela um cenário de manutenção
dos empregos, apesar do período
mais propício ao aumento das
contratações com a preparação
para entregas de fim de ano. Após
registrar queda de 1,9% em julho,
a produção da indústria nacional
cresceu 1,1% em agosto. "Esse ritmo de produção não teve capacidade de gerar uma melhora no indicador de emprego", disse.
A análise de longo prazo também dá sinais de arrefecimento. A
média móvel trimestral permanece em trajetória descendente, com
uma queda de 0,2% entre os trimestres encerrados em julho e
agosto. Em relação a agosto de
2004, o nível de emprego industrial cresceu 0,3%. É a décima oitava taxa positiva nessa base de
comparação, mas a menor desde
abril de 2004, quando o indicador
havia apurado alta de 0,1%.
Segundo Nunes, o período de
maior aquecimento do mercado
de trabalho industrial costuma
ocorrer em outubro, com a proximidade da entrega dos produtos
para vendas no fim do ano. Em
agosto, poderia estar ocorrendo
maior aquecimento nas indústrias ligadas à produção de insumos, mas ela classifica como "incipientes" as contratações nesses
segmentos. "Os bens intermediários estão com resultados mais estáveis, o vigor maior da produção
está concentrado em bens duráveis e não-duráveis", disse.
As indústrias de alimentos e bebidas (8,1%) e de meios de transporte (7,3%) lideram as contratações na comparação com agosto
de 2004, movidas pelo aumento
das exportações. Entre os Estados, os maiores impactos sobre o
emprego industrial vieram de São
Paulo e Minas Gerais.
Os locais que mais reduziram
postos de trabalho foram Rio
Grande do Sul (-8,5%) e região
Nordeste (-1,9%). Entre as atividades, as principais pressões negativas ficaram com as indústrias
de calçados e artigos de couro
(-16,1%) e madeira (-13,8%).
O número de horas pagas ao
trabalhador cresceu 0,3% na
comparação com julho. O resultado ainda não compensou, no entanto, as perdas acumuladas nos
dois meses anteriores, de 1,4%.
Sobre agosto de 2004, houve crescimento de 0,5%. As horas pagas
funcionam como um indicador
antecedente sobre novas contratações. Quando há necessidade de
elevar a produção, o empregador
recorre primeiro ao aumento do
número de horas extras. Depois,
quando o sinal de crescimento se
consolida, opta pela contratação.
Rendimento
O valor real da folha de pagamento, que inclui salários, benefícios e horas extras, cresceu 2,2%
sobre julho. Segundo Nunes, o resultado reflete o melhor comportamento dos preços e um sinal de
recuperação após duas quedas.
Nos dois meses anteriores, o indicador acumulara perdas de 2,5%.
Em relação a agosto de 2004, a
folha de pagamento cresceu 5,3%.
A maior influência positiva ocorreu em São Paulo, devido ao aumento das contratações nas atividades de alimentos e bebidas, máquinas e equipamentos e meios
de transporte.
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