São Paulo, terça-feira, 18 de outubro de 2005

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TRABALHO

Número de vagas criadas recuou em agosto, enquanto produção cresceu; renda apresenta ligeira melhora, aponta IBGE

Emprego não acompanha avanço da indústria

JANAINA LAGE
DA FOLHA ONLINE, NO RIO

A recuperação da produção industrial em agosto ainda não surtiu efeito no mercado de trabalho. Em agosto, as demissões voltaram a superar as contratações e o nível de emprego recuou 0,1% sobre o mês anterior. Em julho, o número de vagas criadas pelo setor havia crescido 0,1%.
Segundo Isabela Nunes, economista da Coordenação da Indústria do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a perda de ritmo da indústria do segundo para o terceiro trimestre revela um cenário de manutenção dos empregos, apesar do período mais propício ao aumento das contratações com a preparação para entregas de fim de ano. Após registrar queda de 1,9% em julho, a produção da indústria nacional cresceu 1,1% em agosto. "Esse ritmo de produção não teve capacidade de gerar uma melhora no indicador de emprego", disse.
A análise de longo prazo também dá sinais de arrefecimento. A média móvel trimestral permanece em trajetória descendente, com uma queda de 0,2% entre os trimestres encerrados em julho e agosto. Em relação a agosto de 2004, o nível de emprego industrial cresceu 0,3%. É a décima oitava taxa positiva nessa base de comparação, mas a menor desde abril de 2004, quando o indicador havia apurado alta de 0,1%.
Segundo Nunes, o período de maior aquecimento do mercado de trabalho industrial costuma ocorrer em outubro, com a proximidade da entrega dos produtos para vendas no fim do ano. Em agosto, poderia estar ocorrendo maior aquecimento nas indústrias ligadas à produção de insumos, mas ela classifica como "incipientes" as contratações nesses segmentos. "Os bens intermediários estão com resultados mais estáveis, o vigor maior da produção está concentrado em bens duráveis e não-duráveis", disse.
As indústrias de alimentos e bebidas (8,1%) e de meios de transporte (7,3%) lideram as contratações na comparação com agosto de 2004, movidas pelo aumento das exportações. Entre os Estados, os maiores impactos sobre o emprego industrial vieram de São Paulo e Minas Gerais.
Os locais que mais reduziram postos de trabalho foram Rio Grande do Sul (-8,5%) e região Nordeste (-1,9%). Entre as atividades, as principais pressões negativas ficaram com as indústrias de calçados e artigos de couro (-16,1%) e madeira (-13,8%).
O número de horas pagas ao trabalhador cresceu 0,3% na comparação com julho. O resultado ainda não compensou, no entanto, as perdas acumuladas nos dois meses anteriores, de 1,4%. Sobre agosto de 2004, houve crescimento de 0,5%. As horas pagas funcionam como um indicador antecedente sobre novas contratações. Quando há necessidade de elevar a produção, o empregador recorre primeiro ao aumento do número de horas extras. Depois, quando o sinal de crescimento se consolida, opta pela contratação.

Rendimento
O valor real da folha de pagamento, que inclui salários, benefícios e horas extras, cresceu 2,2% sobre julho. Segundo Nunes, o resultado reflete o melhor comportamento dos preços e um sinal de recuperação após duas quedas. Nos dois meses anteriores, o indicador acumulara perdas de 2,5%.
Em relação a agosto de 2004, a folha de pagamento cresceu 5,3%. A maior influência positiva ocorreu em São Paulo, devido ao aumento das contratações nas atividades de alimentos e bebidas, máquinas e equipamentos e meios de transporte.


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