São Paulo, terça-feira, 18 de outubro de 2005

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TÊXTIL

Empresa dos EUA não quer influência de Alencar contra a invasão chinesa

Sócia da Coteminas rejeita "proteção"

LEILA SUWWAN
DE NOVA YORK

Depois do celebrado anúncio da fusão Springs-Coteminas, com direito a visita de cortesia ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a empresa norte-americana disse que espera a concretização do negócio até o final do ano e rejeitou qualquer influência do peso político do vice-presidente José Alencar, dono da Coteminas, para proteger mercados na América e fazer frente à competição chinesa no setor de têxteis.
A empresa brasileira receberá cerca de US$ 200 milhões pelo negócio. Segundo a Springs, trata-se de um pagamento relacionado à estrutura de capital da Springs Global, a nova empresa controladora, sediada no Brasil.
"Esse pagamento é reflexo do nível consideravelmente mais alto de dívida da Springs", disse à Folha Ted Matthews, vice-presidente e porta-voz da Springs.
Ele não detalhou a divisão de ativos e passivos ou as dificuldades operacionais financeiras da Springs, que foi tirada do mercado acionário pelo atual presidente, Crandall Bowles, e investidores privados em 2001.
Questionado sobre o peso político do negócio, Matthews explicou: "As razões por trás dessa joint venture são puramente estratégicas. Com a união, daremos um passo adiante como "player" global no setor de têxteis domésticos. Poderemos competir efetivamente com qualquer fabricante ou fornecedor no mundo". Leia-se: concorrer com as exportações têxteis da China.

Plataforma para crescer
Na semana passada, o filho de Alencar e presidente da Coteminas, Josué Gomes da Silva, negou que esse fosse um dos objetivos. Segundo Matthews, porém, a Springs já tem a liderança de mercado nos Estados Unidos e a fusão pretende formar uma "plataforma para o crescimento global".
A nova empresa terá 30 fábricas e distribuidoras nos EUA, no Brasil, no México, no Canadá e na Argentina. A fusão surgiu em meio ao fracasso das negociações do governo americano para limitar a importações de têxteis chineses. Nos Estados Unidos, o setor reclama da "invasão" de produtos.
Na semana passada, o governo chinês rejeitou mais uma tentativa de acordo com os Estados Unidos e declarou que declina qualquer entendimento que "impeça o desenvolvimento saudável da indústria têxtil chinesa".
Com a associação à Coteminas, a Springs está de olho na vantagem competitiva de produção e acesso a matéria-prima. "Nenhuma empresa pode concorrer com a Coteminas em acesso a materiais e escala na fabricação de baixo custo", afirmou.
A Springs não quis detalhar os planos de reestruturação das empresas para aumentar a eficiência e evitar redundâncias -a Coteminas entra com 13 mil funcionários, e a Springs, com 10 mil.


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