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TÊXTIL
Empresa dos EUA não quer influência de Alencar contra a invasão chinesa
Sócia da Coteminas rejeita "proteção"
LEILA SUWWAN
DE NOVA YORK
Depois do celebrado anúncio da
fusão Springs-Coteminas, com
direito a visita de cortesia ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a
empresa norte-americana disse
que espera a concretização do negócio até o final do ano e rejeitou
qualquer influência do peso político do vice-presidente José Alencar, dono da Coteminas, para
proteger mercados na América e
fazer frente à competição chinesa
no setor de têxteis.
A empresa brasileira receberá
cerca de US$ 200 milhões pelo negócio. Segundo a Springs, trata-se
de um pagamento relacionado à
estrutura de capital da Springs
Global, a nova empresa controladora, sediada no Brasil.
"Esse pagamento é reflexo do
nível consideravelmente mais alto
de dívida da Springs", disse à Folha Ted Matthews, vice-presidente e porta-voz da Springs.
Ele não detalhou a divisão de
ativos e passivos ou as dificuldades operacionais financeiras da
Springs, que foi tirada do mercado acionário pelo atual presidente, Crandall Bowles, e investidores
privados em 2001.
Questionado sobre o peso político do negócio, Matthews explicou: "As razões por trás dessa
joint venture são puramente estratégicas. Com a união, daremos
um passo adiante como "player"
global no setor de têxteis domésticos. Poderemos competir efetivamente com qualquer fabricante
ou fornecedor no mundo". Leia-se: concorrer com as exportações
têxteis da China.
Plataforma para crescer
Na semana passada, o filho de
Alencar e presidente da Coteminas, Josué Gomes da Silva, negou
que esse fosse um dos objetivos.
Segundo Matthews, porém, a
Springs já tem a liderança de mercado nos Estados Unidos e a fusão
pretende formar uma "plataforma para o crescimento global".
A nova empresa terá 30 fábricas
e distribuidoras nos EUA, no Brasil, no México, no Canadá e na Argentina. A fusão surgiu em meio
ao fracasso das negociações do
governo americano para limitar a
importações de têxteis chineses.
Nos Estados Unidos, o setor reclama da "invasão" de produtos.
Na semana passada, o governo
chinês rejeitou mais uma tentativa de acordo com os Estados Unidos e declarou que declina qualquer entendimento que "impeça
o desenvolvimento saudável da
indústria têxtil chinesa".
Com a associação à Coteminas,
a Springs está de olho na vantagem competitiva de produção e
acesso a matéria-prima. "Nenhuma empresa pode concorrer com
a Coteminas em acesso a materiais e escala na fabricação de baixo custo", afirmou.
A Springs não quis detalhar os
planos de reestruturação das empresas para aumentar a eficiência
e evitar redundâncias -a Coteminas entra com 13 mil funcionários, e a Springs, com 10 mil.
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