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COMBUSTÍVEIS
Primeiro dia de negociações de blocos de exploração foi marcado pela fraca participação de companhias estrangeiras
Petrobras domina rodada de licitações da ANP
PEDRO SOARES
LUCIANA BRAFMAN
DA SUCURSAL DO RIO
Mais uma vez, a Petrobras foi o
destaque das licitações da ANP
(Agência Nacional do Petróleo),
ao arrematar sozinha ou em consórcio 31 dos 140 blocos negociados no primeiro dia da 7ª rodada
da agência, que arrecadou R$
546,62 milhões -o total da 6ª rodada foi de R$ 665,2 milhões.
A licitação foi marcada pela fraca participação das grandes petrolíferas internacionais na aquisição de áreas. A exceção foi a espanhola Repsol, que levou três
blocos. Ao todo, foram vendidos
24% do ofertado (340 blocos).
As três áreas que mais atraíram
interessados foram as bacia de
São Francisco, Campos, que concentra 80% da produção nacional,
e a parte marítima da bacia do Espírito Santo. Em Campos, a estatal brasileira levou cinco blocos
-dois sozinha e três em parceria
com a norte-americana Devon
Energy, que será a operadora responsável pela exploração em dois
deles. Foram ofertados 16 blocos
na bacia de Campos.
Localizado próximo a áreas onde a Petrobras já explora petróleo,
o bloco CM-471 foi o que teve o
maior lance do dia: o consórcio
entre Devon (50%), que será operadora do campo, e a Petrobras
(50%) ofereceu R$ 116 milhões
pela área, com ágio de 1.447%. O
grupo deixou o consórcio da espanhola Repsol (70%) e da norueguesa Statoil (30%) para trás, com
proposta de R$ 20,15 milhões.
Segundo o presidente da Devon
no Brasil, Murilo Marroquim, o
fato de já ter realizado uma descoberta de óleo com a Petrobras em
área próxima aumentou o interesse em disputar quatro blocos
em consórcio com a Petrobras e
operar alguns deles.
Já na bacia do Espírito Santo, a
Petrobras em consórcio com a
Shell (operadora) perdeu duas
das quatro áreas de grande potencial de descoberta em águas profundas. Foram ultrapassadas pelas propostas da Repsol sozinha
(R$ 51,977 milhões) e do consórcio da espanhola com a britânica
Amerada Hess (R$ 23,073 milhões). Na parte de águas rasas da
bacia de Santos, só um bloco foi
vendido à Petrobras.
"Adquirimos as áreas que nos
interessavam, evidentemente que
perdemos algumas disputas, mas
nada que seja significativo. Vamos continuar disputando", disse
o presidente da Petrobras, José
Sérgio Gabrielli.
Na bacia terrestre de São Francisco, a mais disputada, foram arrematados 40 dos 43 levados a leilão. Os lances, porém, foram baixos -o maior ficou em R$ 5,7 milhões, dado pela Petrobras. O interesse se deveu ao alto potencial
de gás da bacia, segundo Paulo
Mendonça, gerente da Petrobras.
O diretor-geral interino da ANP
(Agência Nacional de Petróleo),
Haroldo Lima, destacou o forte
crescimento do setor petrolífero.
"Nos últimos sete anos, o setor
cresceu 318%, enquanto o país tece um crescimento de cerca de
26%", afirmou.
O setor de blocos da bacia de
Camamu-Almada (BA) não despertou o interesse de nenhuma
empresa. O mesmo ocorreu com
setores da bacia de Barreirinhas,
Pelotas, Foz do Amazonas e Pará-Maranhão. Todas são áreas de nova fronteiras, com poucas informações sísmicas disponíveis e
maior risco exploratório.
Protesto
Para protestar contra a realização da sétima rodada de licitação
da ANP, um grupo de 50 petroleiros, sindicalistas e integrantes de
movimentos sociais se reuniu em
frente ao Hotel Sheraton, em São
Conrado (zona sul do Rio).
Com um carro de som e empunhando bandeiras, eles pediam a
realização de um plebiscito no
país para devolver à União a propriedade sobre as reservas de petróleo. A idéia é que as empresas
que explorarem petróleo no Brasil
sejam prestadoras de serviços, recebendo uma parte da produção
em troca da operação dos campos. Esse é o modelo mais utilizado na Venezuela.
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