São Paulo, terça-feira, 18 de outubro de 2005

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COMBUSTÍVEIS

Primeiro dia de negociações de blocos de exploração foi marcado pela fraca participação de companhias estrangeiras

Petrobras domina rodada de licitações da ANP

PEDRO SOARES
LUCIANA BRAFMAN
DA SUCURSAL DO RIO

Mais uma vez, a Petrobras foi o destaque das licitações da ANP (Agência Nacional do Petróleo), ao arrematar sozinha ou em consórcio 31 dos 140 blocos negociados no primeiro dia da 7ª rodada da agência, que arrecadou R$ 546,62 milhões -o total da 6ª rodada foi de R$ 665,2 milhões.
A licitação foi marcada pela fraca participação das grandes petrolíferas internacionais na aquisição de áreas. A exceção foi a espanhola Repsol, que levou três blocos. Ao todo, foram vendidos 24% do ofertado (340 blocos).
As três áreas que mais atraíram interessados foram as bacia de São Francisco, Campos, que concentra 80% da produção nacional, e a parte marítima da bacia do Espírito Santo. Em Campos, a estatal brasileira levou cinco blocos -dois sozinha e três em parceria com a norte-americana Devon Energy, que será a operadora responsável pela exploração em dois deles. Foram ofertados 16 blocos na bacia de Campos.
Localizado próximo a áreas onde a Petrobras já explora petróleo, o bloco CM-471 foi o que teve o maior lance do dia: o consórcio entre Devon (50%), que será operadora do campo, e a Petrobras (50%) ofereceu R$ 116 milhões pela área, com ágio de 1.447%. O grupo deixou o consórcio da espanhola Repsol (70%) e da norueguesa Statoil (30%) para trás, com proposta de R$ 20,15 milhões.
Segundo o presidente da Devon no Brasil, Murilo Marroquim, o fato de já ter realizado uma descoberta de óleo com a Petrobras em área próxima aumentou o interesse em disputar quatro blocos em consórcio com a Petrobras e operar alguns deles.
Já na bacia do Espírito Santo, a Petrobras em consórcio com a Shell (operadora) perdeu duas das quatro áreas de grande potencial de descoberta em águas profundas. Foram ultrapassadas pelas propostas da Repsol sozinha (R$ 51,977 milhões) e do consórcio da espanhola com a britânica Amerada Hess (R$ 23,073 milhões). Na parte de águas rasas da bacia de Santos, só um bloco foi vendido à Petrobras.
"Adquirimos as áreas que nos interessavam, evidentemente que perdemos algumas disputas, mas nada que seja significativo. Vamos continuar disputando", disse o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli.
Na bacia terrestre de São Francisco, a mais disputada, foram arrematados 40 dos 43 levados a leilão. Os lances, porém, foram baixos -o maior ficou em R$ 5,7 milhões, dado pela Petrobras. O interesse se deveu ao alto potencial de gás da bacia, segundo Paulo Mendonça, gerente da Petrobras.
O diretor-geral interino da ANP (Agência Nacional de Petróleo), Haroldo Lima, destacou o forte crescimento do setor petrolífero. "Nos últimos sete anos, o setor cresceu 318%, enquanto o país tece um crescimento de cerca de 26%", afirmou.
O setor de blocos da bacia de Camamu-Almada (BA) não despertou o interesse de nenhuma empresa. O mesmo ocorreu com setores da bacia de Barreirinhas, Pelotas, Foz do Amazonas e Pará-Maranhão. Todas são áreas de nova fronteiras, com poucas informações sísmicas disponíveis e maior risco exploratório.

Protesto
Para protestar contra a realização da sétima rodada de licitação da ANP, um grupo de 50 petroleiros, sindicalistas e integrantes de movimentos sociais se reuniu em frente ao Hotel Sheraton, em São Conrado (zona sul do Rio).
Com um carro de som e empunhando bandeiras, eles pediam a realização de um plebiscito no país para devolver à União a propriedade sobre as reservas de petróleo. A idéia é que as empresas que explorarem petróleo no Brasil sejam prestadoras de serviços, recebendo uma parte da produção em troca da operação dos campos. Esse é o modelo mais utilizado na Venezuela.


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