|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
DESCONEXÃO
Incentivos para preços caíram com "MP do Bem"
Programa de computadores baratos e internet está parado desde maio
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar de ter sido lançado em
maio, o programa do governo que
prevê computadores baratos com
acesso à internet está parado e
sem perspectivas. Prometido desde o início do governo, o programa nunca chegou a acontecer.
Há cerca de duas semanas o governo finalmente conseguiu editar a regulamentação com as configurações do computador e esperava que ele chegasse às lojas nos
próximos dias. Agora, os incentivos fiscais que garantiam os preços baixos das máquinas caíram
com a "MP do Bem" e o programa
emperrou de vez.
Sem a cobrança dos tributos
(PIS e Cofins), o custo de produção dos computadores cairia
9,25%, o que permitiria que as
máquinas custassem até R$ 1.400
para o consumidor final, preço
que o governo havia concordado
em financiar com recursos do
FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador). Agora que a cobrança
dos tributos voltou, a Abinee (Associação Brasileira da Indústria
Elétrica e Eletrônica) já informou
que não é possível produzir as
máquinas dentro da faixa de preço elegível para o financiamento.
"Concordo com a Abinee. O
programa foi todo pensado com a
isenção tributária", avalia Sérgio
Rosa, diretor do Serpro (Serviço
Federal de Processamento de Dados) e coordenador do programa.
Ele culpa a oposição pelo impasse,
mas informa que o governo fará o
possível para pôr o programa na
rua, sem mudar o valor máximo
do computador (R$ 1.400). "Ou
vai ter acordo [para voltar com a
isenção de PIS/Cofins] ou estamos em um impasse", disse Rosa.
"Isso é lamentável, porque a MP
[do Bem] foi enviada para o Congresso depois de negociada. Agora, o cidadão vai ser prejudicado."
Na última terça-feira, quando a
"MP do Bem" não foi votada e
perdeu a validade, Hugo Valério,
diretor da Abinee, disse à Folha
que, sem a redução da carga tributária, não daria para chegar ao
valor de R$ 1.400.
Regras
O programa já mudou de nome
várias vezes. Em sua última versão, chama-se "Programa Cidadão Conectado - Computador para Todos". As regras do programa
estabelecem que micros fabricados dentro de uma determinada
configuração (monitor de vídeo
de 15 polegadas, teclado, mouse,
micro processador, HD de 40 GB,
CD-ROM, disco flexível de 1,44
MB, memória de 128 MB e fax
modem), que usem como sistema
operacional um software livre e
custem até R$ 1.400 têm direito a
um financiamento em condições
especiais com recursos do FAT.
Nas projeções do governo, o micro poderia ser comprado em 24
prestações de R$ 60. Isso aumentaria em cerca de 1 milhão a venda
de computadores, em 12 meses, o
que representaria um crescimento de cerca de 25% no mercado.
Internet
O programa previa também
acesso a internet em condições diferenciadas. Mas essa foi a primeira parte a morrer. O governo queria que os compradores de máquinas do "Cidadão Conectado"
tivessem acesso a 15 horas de internet ao mês, a R$ 7,50. As teles, a
princípio, concordaram, mas depois disseram que não poderiam
bancar o preço para todos e que
seria necessário um limitador.
A idéia passou a ser oferecer o
acesso barato a apenas para uma
parte da população, classificada
de acordo com a faixa de renda.
Essa possibilidade esbarrou na regulamentação do setor, que prevê
descontos isonômicos para todos
os usuários. Mesmo com a discussão emperrada nesse ponto, o governo tinha intenção de pôr os
computadores na rua, ainda que
sem o acesso barato a internet.
Na avaliação do governo, o perfil do comprador do "Computador para Todos" é de quem teria
uma linha fixa em casa e, dessa
forma, poderia acessar a internet
nos fins de semana e na madrugada pagando apenas um pulso.
(HUMBERTO MEDINA)
Texto Anterior: Internet: Google anuncia sua 1ª equipe brasileira Próximo Texto: Tecnologia: Lucro da Sony Ericsson cresce 16% após vendas superarem estimativas Índice
|