São Paulo, sábado, 18 de outubro de 2008

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MERCADO ABERTO

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

Números do mês de setembro não mostram crise, diz Iedi

Os efeitos da crise global não se refletiram nos indicadores da economia brasileira do mês passado. A conclusão é do Iedi (Instituto de Estudos para Desenvolvimento Industrial), a partir de dados positivos sobre o desempenho da indústria e do varejo em setembro.
A produção industrial de São Paulo cresceu 1,3% em setembro na comparação com agosto, segundo dados da FGV (Fundação Getulio Vargas). A ACSP (Associação Comercial de São Paulo) mediu uma expansão de 10,6% nas consultas de vendas a prazo e de 5,1% para negócios à vista. Os indicadores de emprego e produção de veículos também mostraram um bom desempenho em setembro.
"Todo mundo vai ficar procurando sinais da crise em qualquer indicador. Mas o PIB [Produto Interno Bruto] do terceiro trimestre e os dados econômicos de setembro não vão indicar efeitos mais fortes da crise", disse Julio Sergio Gomes de Almeida, consultor do Iedi e professor da Unicamp.
Ele ressalta, no entanto, que a manutenção de dados positivos em setembro não significa que a economia brasileira está blindada dos efeitos da crise global. Para Gomes de Almeida, o agravamento da crise com a quebra do banco norte-americano Lehman Brothers, em 15 de setembro, afetou o planejamento de consumidores e empresários, mas não sua ação imediata. Assim, compras e investimentos já planejados devem ser realizados, mas empresários e consumidores colocarão o pé no freio em novos projetos diante da crise.
O resultado disso deve aparecer parcialmente nos dados de outubro. Segundo o consultor do Iedi, o mercado de bens duráveis deve ser um dos primeiros a sentir os sinais da crise. No entanto, o pequeno varejo, dependente da massa salarial, não deve ser afetado ainda.
Em novembro e dezembro, será possível mensurar uma retração na aquisição de máquinas leves, diz Gomes de Almeida. Mas o reflexo da redução de investimentos mais estruturados, como a construção de novas unidades industriais, será perceptível apenas em 2009.

VÔO À LA CARTE

Gustavo Murad, diretor de negócios para companhias aéreas da Amadeus, empresa que desenvolve tecnologia para o mercado de turismo e aviação, diz que o setor é vítima habitual de qualquer turbulência, de guerras a crises econômicas. "Quando há qualquer crise, guerras ou turbulência econômica, o setor precisa solucionar as vulnerabilidades." Desta vez, para aliviar o impacto, a tendência será flexibilizar o produto aos passageiros e segmentar cada vez mais. Entre as estratégias, Murad diz que as companhias aéreas deverão oferecer diferentes cardápios nos vôos, pagos separadamente, e vender ingressos de museus com ganho de comissão. "É receita adicional."

GOLPE DO BAÚ
Mulher posa com cartaz com a frase "Jovem, solteira, pobre, buscando um milionário", durante a feira que apresenta produtos de luxo, Millionaire Fair Munich 2008, ontem, na Alemanha

SOBREVIVENTES
O JPMorgan Chase recomendou 16 empresas que deverão ter desempenho superior à média das Bolsas norte-americanas durante a recessão mundial que deve ocorrer nos próximos dois anos, segundo a Bloomberg. As escolhidas foram: 3M, Baxter, Colgate-Palmolive, CA, Devon Energy, General Mills, Gilead Sciences, Google, Hewlett-Packard, McDonald's, Merck, Monsanto, Nucor, Philip Morris, Union Pacific e Visa. A lista elenca as convicções dos 78 analistas de mercado do banco. Entre os critérios estão baixo endividamento, retorno ao investidor sob forma de dividendos ou recompras e lucratividade.

BOATARIA
Charles Rosen, responsável pela captação de recursos da campanha de Barack Obama para a eleição presidencial americana, que vai desembarcar no Brasil na próxima semana, já está sabendo sobre a publicidade da candidata Marta Suplicy com perguntas de natureza pessoal sobre seu adversário Gilberto Kassab. Para Rosen, ataques e sugestões sobre detalhes pessoais são uma arma de efeito poderoso. "Infelizmente, isso tem efeito." Em Obama, ele diz que os ataques sugestivos colaram e que se a situação brasileira tiver um efeito inverso, será muito curioso. "Ouço pessoas dizendo que não votarão em Obama porque ele é terrorista e muçulmano." Rosen vem ao Brasil para participar do evento sobre comunicação de marcas New Brand Communication, no Senac, em SP.

ASSUNTO
O Ação Jovem do Mercado Financeiro e de Capitais fará, dia 23, na BM&FBovespa, o debate "Impactos da crise americana no mercado brasileiro". Estarão presentes o sócio global do Rothschild Luiz Muniz e Luiz Leonardo Cantidiano, ex-CVM.

PROTESTADOS
Em setembro, foram protestados 63.109 títulos, segundo pesquisa realizada pelo Instituto de Estudos de Protesto de Títulos Seção São Paulo com os dez tabeliães de protesto da capital. A queda foi de 2,8% em relação aos 64.938 de agosto.

com JOANA CUNHA, MARINA GAZZONI



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