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Como um momento de euforia econômica se transforma em pânico financeiro?
Crises especulativas como a
atual -documentadas desde o
século 17, com dimensões variadas- são sempre gestadas
em momentos de juros baixos e
crédito farto, mais comuns em
fases de prosperidade. E a economia mundial vivia o melhor
momento desde a década de 70.
O acesso mais fácil ao dinheiro reduz a noção geral de risco.
Tanto profissionais do mercado quanto cidadãos comuns se
tornam mais propensos a investimentos ousados, em busca
de lucros mais altos e rápidos.
Nesse cenário, surgem as
"bolhas": um tipo de investimento -sejam ações, moedas,
imóveis, empréstimos ou, em
tempos mais remotos, canais,
ferrovias e até tulipas- se torna uma mania e se valoriza
muito além das reais possibilidades de retorno. Cria-se um
círculo vicioso: quanto mais
gente entra no mercado, mais
ele se valoriza; quanto mais se
valoriza, mais gente entra.
No caso atual, a bolha foi
criada no mercado imobiliário
americano, antes de se disseminar por outros mercados e países. Casas e apartamentos com
preços em alta serviam de garantia para financiamentos
imobiliários que ajudavam a
elevar os preços. A espiral culminou em financiamentos de
altíssimo risco para clientes
sem capacidade de pagamento.
Os participantes do mercado
sabem que a festa não vai durar
para sempre. Paradoxalmente,
isso estimula a corrida à especulação: os investidores querem aproveitar a oportunidade
antes do estouro da bolha.
Como se sabe que a situação
é insustentável, o primeiro sinal -quebra de banco, disparada de uma moeda, moratória-
causa pânico geral, e todos querem fugir ao mesmo tempo e
multiplicam as perdas. Decisões individuais racionais, portanto, podem levar a comportamentos coletivos irracionais.
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