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Se as autoridades culpam os especuladores, por que a especulação não é coibida?
Os especuladores, tratados
no coletivo e no anonimato, são
bodes expiatórios convenientes quando as crises explodem.
Evoca-se a antipatia dedicada
aos gananciosos que desejam
enriquecer sem produzir, deixando em segundo plano os
questionamentos à política
econômica ou à atuação dos órgãos reguladores.
Propostas para restringir a
especulação são antigas e periodicamente lembradas. A
mais famosa, do economista
americano James Tobin, é a de
criar um imposto sobre todas
as transações financeiras, uma
espécie de CPMF global, para
tornar mais lentos e mais caros
os movimentos do mercado.
Nas palavras de seu idealizador, jogar "um pouco de areia"
nas engrenagens do sistema.
Passadas as crises, no entanto, as ameaças e limites impostos aos especuladores são esquecidos ou contornados. Em
parte porque o setor financeiro
é influente no mundo das idéias
e da política, mas, principalmente, porque a especulação é
um dos motores da economia
de mercado.
Os especuladores -aqueles
unicamente interessados em
comprar e vender com lucro-
viabilizam e expandem os mercados de ações, de moedas e de
títulos. Se não fosse a especulação, só compraria ações, por
exemplo, uma meia dúzia de fato interessada em se tornar sócia de uma empresa.
A riqueza financeira se distancia cada vez mais dos valores que enxergamos diariamente. Em 1980, o volume de
dinheiro aplicado no mercado
financeiro era 20% superior à
riqueza produzida no mundo.
Em 2006, mais de 200%.
O Produto Interno Bruto global, no período, quase quintuplicou, de US$ 10 trilhões para
US$ 48 trilhões. Mais espantoso foi o salto do volume de dinheiro aplicado nos bancos, em
títulos e ações, que foi de US$
12 trilhões para US$ 167 trilhões. Mais dinheiro no mercado significa mais possibilidades
de investimento e crescimento
-e mais riscos também.
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