São Paulo, domingo, 18 de outubro de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MERCADO TENSO
Empresas dos Estados Unidos se aproveitam da crise e ampliam presença no sistema financeiro japonês
Companhias dos EUA invadem o Japão

de Tóquio

Nos últimos dez anos, os japoneses cutucaram os Estados Unidos comprando estúdios cinematográficos em Hollywood e o prédio da GE em Nova York.
Parecia uma invasão. Agora chegou a hora do troco.
Três grandes e tradicionais instituições financeiras japonesas foram compradas por companhias norte-americanas somente em junho passado, causando polêmica e sentimentos contraditórios numa sociedade tradicionalmente fechada aos estrangeiros.
Tudo começou com a aquisição de 33 agências da tradicionalíssima corretora japonesa Yamaichi pela norte-americana Merrill Lynch. A Yamaichi faliu em 1997 depois de cerca de um século de operações.
Quase que simultaneamente, o grupo Travelers anunciou que iria absorver a Nikko Securities, quarta maior corretora do país.
Pouco depois, o American International Group adquiriu a Aoba Life, uma grande seguradora do combalido grupo Nissan.
Como se não bastasse, o Citibank invadiu as ruas de Tóquio convencendo os japoneses a tirar a poupança dos bancos locais e testar novos meios de guardar dinheiro.
Para alguns, as operações mostraram que um processo de reestruturação saudável do sistema financeiro japonês está a caminho. Outros acham que foi um sinal de alerta, como Shintaro Ishihara, um nacionalista que ficou famoso por ter escrito com Akio Morita, do grupo Sony, o livro "Um Japão que Pode Dizer Não". Segundo ele, que escreveu recentemente "Um Japão que Pode Dizer Não De Novo", a crise estaria sendo aproveitada para elevar a hegemonia norte-americana na Asia. Ele sugere que o governo de Tóquio ameace vender os títulos do Tesouro dos EUA que tem em mãos par forçar Washington a reduzir as pressões sobre o país. (MA)



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.