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PREVIDÊNCIA
Aumenta corrida para solicitar reajuste de benefícios pagos pelo INSS
Sob chuva, aposentado pede revisão
CLAUDIA ROLLI
MARCOS CÉZARI
DA REPORTAGEM LOCAL
Sob forte chuva, mais de 5.000
aposentados de São Paulo enfrentaram longas filas ontem para entregar no Juizado Especial Federal
Previdenciário pedidos de revisão
de seus benefícios.
Só ontem o juizado distribuiu
5.526 pedidos de revisão em um
kit para que os aposentados possam anexar os documentos necessários (cópias da identidade,
do CPF e de documento que mostre o número do benefício) para
fazer o pedido pelo correio.
"Como a lei 9.711 prevê que o
prazo para pedir a revisão termina na quinta-feira [dia 20], os
aposentados têm chegado de madrugada. Mas há decisões judiciais dos Tribunais Regionais Federais e do Superior Tribunal de
Justiça determinando o pagamento desse reajuste. É um absurdo que os aposentados fiquem na
fila "mendigando" esse direito",
disse Marisa dos Santos, coordenadora do Juizado.
A Associação dos Juízes Federais enviou ontem ofício ao ministro da Previdência, Ricardo
Berzoini, pedindo que a revisão
seja estendida de forma administrativa a todos os aposentados. O
ministério informou que não reconhece essa dívida (leia ao lado).
Na sexta-feira, o Ministério Público Federal em São Paulo entrou
com ação civil pública pedindo a
revisão dos benefícios. Hoje, a juíza Luciana Ortiz, da 3ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo,
deve decidir se acata o pedido. Se
for acatado, os aposentados no
Estado de São Paulo não precisam
pedir individualmente a revisão.
Para retirar o kit não é preciso
ficar na fila desde a madrugada. O
atendimento é das 9h às 17h, na
rua São Joaquim, 69, Liberdade.
Qualquer um pode retirar o kit.
Quem tem direito
Não são todos os aposentados
da Previdência Social que têm direito ao reajuste dos benefícios.
Isso depende do mês em que a
aposentadoria foi concedida.
Tem direito ao reajuste quem se
aposentou de junho de 1977 a outubro 1988 e de março de 1994 a
fevereiro de 1997. Mas o reajuste
não será concedido para todos. É
que, em alguns meses, o INSS
aplicou corretamente os índices
de reajuste dos salários-de-contribuição (valores sobre os quais o
trabalhador pagou suas contribuições mensais e que entraram
no cálculo do benefício).
Em vez de usar os índices previstos em lei (ORTN, Obrigação
Reajustável do Tesouro Nacional,
ou OTN, Obrigação do Tesouro
Nacional) para calcular o valor
inicial dos benefícios concedidos
de 1977 a 1988, o INSS optou, na
maioria dos meses, pelo uso de índices alternativos, definidos por
portarias. Resultado: o valor inicial dos benefícios foi achatado. A
diferença vai de 1,13% a 63,03%,
segundo cálculos do advogado
João Ibaixe, do escritório Ibaixe
Advogados Associados.
O mesmo acabou acontecendo
em março de 1994, quando foi
criada a URV (Unidade Real de
Valor, embrião do Plano Real).
Naquele mês, o INSS não incluiu
nos cálculos o índice de 39,67%
referente à inflação do IRSM (Índice de Reajuste do Salário Mínimo). Como eram usadas 36 contribuições para definir a renda inicial, a diferença prosseguiu, de
forma decrescente, até fevereiro
de 1997 (1,17%).
Assim, para milhares de aposentados (cerca de 900 mil apenas
no Estado de São Paulo), o INSS
começou pagando menos do que
devia. Mas nem tudo que deixou
de ser pago será devolvido. A devolução abrangerá apenas os últimos cinco anos, segundo a advogada Elvira Rita Rocha Giammusso. Assim, quem entrar com o pedido neste mês terá direito apenas
às diferenças a partir de novembro de 1998.
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