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São Paulo, quinta-feira, 18 de dezembro de 2003

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RECEITA GRADUAL

BC cita "perspectivas favoráveis" e reduz Selic para 16,5% na última reunião regular do Copom em 2003

Juro cai 1 ponto e decepciona empresários

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco Central reduziu os juros para 16,5% ao ano, os menores desde maio de 2001. O corte de um ponto percentual, decidido ontem pelo Copom (Comitê de Política Monetária do BC), já era esperado pelo mercado financeiro. Foi o sétimo mês consecutivo de redução na taxa Selic.
O setor produtivo pedia uma redução de pelo menos 1,5 ponto percentual. Entidades como a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e a CNI (Confederação Nacional da Indústria) disseram que o governo perdeu a oportunidade de fazer cortes mais ousados nos juros.
O BC afirma, porém, que já há sinais de retomada da economia, o que descartaria a necessidade de uma redução maior.
"Tendo em vista a convergência da inflação para a trajetória das metas e as perspectivas favoráveis para a evolução da atividade econômica, o Copom decidiu, por unanimidade, fixar a taxa Selic em 16,5% ao ano", informou o BC por meio de uma nota. Ao contrário da decisão de novembro do Copom, a de ontem foi unânime.

Juros reais
Se descontada a expectativa de inflação, os 16,5% anunciados ontem equivalem a cerca de 10%. Isso significa que o BC pode estar perto de definir se existe e qual seria a taxa de juro real de equilíbrio, abaixo da qual o país não cresce sem provocar inflação.
Esse é o ponto crucial do debate econômico atual. Atingido tal patamar, 2004 seria um ano de pequenas variações na taxa de juros. Por esse motivo, líderes empresariais demonstram temor de que o BC torne mais lento o relaxamento da política monetária nos próximos meses. Não foi indicada tendência de aumento ou de queda da taxa. Isso indica que ela ficará nesse nível até a próxima reunião do Copom, a ser realizada nos dias 20 e 21 de janeiro.
Com a decisão de ontem, a Selic deve encerrar o ano com uma queda de 8,5 pontos percentuais desde janeiro. Quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tomou posse, a taxa estava em 25%. De janeiro a fevereiro, os juros subiram para 26,5% ao ano. Segundo o BC, a elevação foi necessária para conter a alta da inflação.
Como resultado do aperto monetário, o PIB (Produto Interno Bruto) registrou, entre abril e junho, sua primeira queda desde a crise asiática, em 1997.
No terceiro trimestre, a taxa de crescimento decepcionou. Ficou em apenas 0,4%, abaixo do 1,5% esperado pelo governo.
Diante da estagnação, analistas ainda divergem sobre o ritmo da recuperação econômica do país.

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