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RECEITA GRADUAL
BC cita "perspectivas favoráveis" e reduz Selic para 16,5% na última reunião regular do Copom em 2003
Juro cai 1 ponto e decepciona empresários
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco Central reduziu os juros para 16,5% ao ano, os menores desde maio de 2001. O corte de
um ponto percentual, decidido
ontem pelo Copom (Comitê de
Política Monetária do BC), já era
esperado pelo mercado financeiro. Foi o sétimo mês consecutivo
de redução na taxa Selic.
O setor produtivo pedia uma redução de pelo menos 1,5 ponto
percentual. Entidades como a
Fiesp (Federação das Indústrias
do Estado de São Paulo) e a CNI
(Confederação Nacional da Indústria) disseram que o governo
perdeu a oportunidade de fazer
cortes mais ousados nos juros.
O BC afirma, porém, que já há
sinais de retomada da economia,
o que descartaria a necessidade de
uma redução maior.
"Tendo em vista a convergência
da inflação para a trajetória das
metas e as perspectivas favoráveis
para a evolução da atividade econômica, o Copom decidiu, por
unanimidade, fixar a taxa Selic
em 16,5% ao ano", informou o BC
por meio de uma nota. Ao contrário da decisão de novembro do
Copom, a de ontem foi unânime.
Juros reais
Se descontada a expectativa de
inflação, os 16,5% anunciados ontem equivalem a cerca de 10%. Isso significa que o BC pode estar
perto de definir se existe e qual seria a taxa de juro real de equilíbrio, abaixo da qual o país não
cresce sem provocar inflação.
Esse é o ponto crucial do debate
econômico atual. Atingido tal patamar, 2004 seria um ano de pequenas variações na taxa de juros.
Por esse motivo, líderes empresariais demonstram temor de que o
BC torne mais lento o relaxamento da política monetária nos próximos meses. Não foi indicada
tendência de aumento ou de queda da taxa. Isso indica que ela ficará nesse nível até a próxima reunião do Copom, a ser realizada
nos dias 20 e 21 de janeiro.
Com a decisão de ontem, a Selic
deve encerrar o ano com uma
queda de 8,5 pontos percentuais
desde janeiro. Quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tomou posse, a taxa estava em 25%.
De janeiro a fevereiro, os juros subiram para 26,5% ao ano. Segundo o BC, a elevação foi necessária
para conter a alta da inflação.
Como resultado do aperto monetário, o PIB (Produto Interno
Bruto) registrou, entre abril e junho, sua primeira queda desde a
crise asiática, em 1997.
No terceiro trimestre, a taxa de
crescimento decepcionou. Ficou
em apenas 0,4%, abaixo do 1,5%
esperado pelo governo.
Diante da estagnação, analistas
ainda divergem sobre o ritmo da
recuperação econômica do país.
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