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RECEITA GRADUAL
Há temor de que o BC pare o processo de corte da Selic; Fiesp quer "teste" com níveis de juros mais baixos
Setor produtivo teme redução mais lenta
DA REPORTAGEM LOCAL
A decisão do Copom fez os empresários esboçarem um novo temor que vai além do ""simples" tamanho do corte de juros. A dúvida agora é se haverá continuidade
no processo de redução dos juros.
Para o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado
de São Paulo), Horacio Lafer Piva,
com o corte de um ponto, o Copom (Comitê de Política Monetária) ""preserva amplo espaço para
novos cortes de juros e acena para
o setor produtivo uma lenta retomada da demanda doméstica".
"Prevaleceu o desejo de cortar a
Selic [a taxa básica de juros] mais
vezes no futuro à oportunidade
de aquecer um pouco mais rápido
o nível de atividade", disse em nota divulgada pela Fiesp.
De acordo com Piva, com o corte anunciado pelo BC, "os ânimos
se manterão mornos e a taxa de
desemprego pouco cederá".
Mas é em outro trecho que o dirigente empresarial alude às preocupações sobre a continuidade do
processo (de queda): "À medida
que nos aproximamos do patamar mais baixo de juros [com a
taxa de 16,5%, a menor desde
maio de 2001] que vigorou nos últimos anos, alguns pedem paciência, cautela, cortes menores e mais
esparsos", disse. "Nós insistimos
em afirmar que o ambiente é favorável ao controle da inflação [o
que em tese permitiria continuação dos cortes]", argumenta Piva.
E completou: "É hora de reescrevermos a história e testarmos níveis mais baixos de juros".
O presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Armando Monteiro Neto, disse que
a decisão do BC "é frustrante para
o setor produtivo". "O BC perdeu
a oportunidade de aproveitar um
momento favorável externa e internamente para uma queda
maior dos juros, o que teria efeitos positivos sobre as expectativas
do próximo ano", disse Monteiro.
"Se os empresários estão ávidos
por produzir, os trabalhadores
precisam de empregos e não há
riscos de elevação da inflação, para que manter a economia travada? Ainda assim, o importante é
que a tendência [dos juros] seja de
queda", disse Roberto Chadad, da
Abravest (Associação Brasileira
da Indústria do Vestuário).
Na avaliação de Abram Szajman, presidente da Fecomercio
SP (Federação do Comércio de
São Paulo), a "queda é sinalizador
do interesse do governo em promover o crescimento". "Os juros
ainda são proibitivos, havia espaço para corte de dois pontos, por
isso não podemos deixar de ressaltar a necessidade de continuidade desse processo [de queda]",
diz Szajman.
(JOSÉ ALAN DIAS)
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