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São Paulo, quinta-feira, 18 de dezembro de 2003

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RECEITA GRADUAL

Há temor de que o BC pare o processo de corte da Selic; Fiesp quer "teste" com níveis de juros mais baixos

Setor produtivo teme redução mais lenta

DA REPORTAGEM LOCAL

A decisão do Copom fez os empresários esboçarem um novo temor que vai além do ""simples" tamanho do corte de juros. A dúvida agora é se haverá continuidade no processo de redução dos juros.
Para o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Horacio Lafer Piva, com o corte de um ponto, o Copom (Comitê de Política Monetária) ""preserva amplo espaço para novos cortes de juros e acena para o setor produtivo uma lenta retomada da demanda doméstica". "Prevaleceu o desejo de cortar a Selic [a taxa básica de juros] mais vezes no futuro à oportunidade de aquecer um pouco mais rápido o nível de atividade", disse em nota divulgada pela Fiesp.
De acordo com Piva, com o corte anunciado pelo BC, "os ânimos se manterão mornos e a taxa de desemprego pouco cederá".
Mas é em outro trecho que o dirigente empresarial alude às preocupações sobre a continuidade do processo (de queda): "À medida que nos aproximamos do patamar mais baixo de juros [com a taxa de 16,5%, a menor desde maio de 2001] que vigorou nos últimos anos, alguns pedem paciência, cautela, cortes menores e mais esparsos", disse. "Nós insistimos em afirmar que o ambiente é favorável ao controle da inflação [o que em tese permitiria continuação dos cortes]", argumenta Piva. E completou: "É hora de reescrevermos a história e testarmos níveis mais baixos de juros".
O presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Armando Monteiro Neto, disse que a decisão do BC "é frustrante para o setor produtivo". "O BC perdeu a oportunidade de aproveitar um momento favorável externa e internamente para uma queda maior dos juros, o que teria efeitos positivos sobre as expectativas do próximo ano", disse Monteiro.
"Se os empresários estão ávidos por produzir, os trabalhadores precisam de empregos e não há riscos de elevação da inflação, para que manter a economia travada? Ainda assim, o importante é que a tendência [dos juros] seja de queda", disse Roberto Chadad, da Abravest (Associação Brasileira da Indústria do Vestuário).
Na avaliação de Abram Szajman, presidente da Fecomercio SP (Federação do Comércio de São Paulo), a "queda é sinalizador do interesse do governo em promover o crescimento". "Os juros ainda são proibitivos, havia espaço para corte de dois pontos, por isso não podemos deixar de ressaltar a necessidade de continuidade desse processo [de queda]", diz Szajman. (JOSÉ ALAN DIAS)


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