|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PF investiga fraudes em auxílios-doença
Ação ocorre em São Paulo, Minas, Rio, Pernambuco e Bahia; em alguns casos, quadrilhas contam com a ajuda de médicos
Investigações fazem parte de ações da Força-Tarefa Previdenciária, integrada por agentes da PF, fiscais do INSS e procuradores do MPF
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Polícia Federal investiga a
atuação de quadrilhas de falsificação de auxílios-doença em
cinco Estados: São Paulo, Minas Gerais, Rio, Pernambuco e
Bahia. O modo de atuação desses falsificadores é semelhante
ao descoberto no Rio Grande
do Sul, onde a PF desarticulou
uma quadrilha que deu prejuízo de pelo menos R$ 6,7 milhões à Previdência Social.
As investigações em curso fazem parte de ações da Força-Tarefa Previdenciária, composta por agentes da PF, fiscais
do INSS e procuradores do Ministério Público Federal. Elas
foram planejadas a pedido do
governo, depois de detectado o
aumento elevado na concessão
de auxílios-doença.
O ministro Nelson Machado
(Previdência) reconhece que
parte desse crescimento é causada por fraudes, mas não acredita que esse seja o principal
problema. "Não dá para dizer
que tudo é fraude. Há uma necessidade real de proteger o
trabalhador que adoece."
No caso do Rio Grande do
Sul, a força-tarefa batizou de
Operação Com Dor (referência
à simulação de doenças por
pessoas que obtinham o benefício fraudulento) ação desencadeada em julho deste ano para
prender a quadrilha que vinha
falsificando benefícios de auxílio-doença desde 2004.
Segundo as investigações da
PF, não há uma quadrilha nacional organizada atuando no
país. São grupos regionais que,
eventualmente, podem até se
comunicar para trocar informações sobre métodos mais
"eficientes" de fraudar o INSS.
Até o momento, a força-tarefa descobriu que existem pelo
menos dois métodos: no primeiro, o médico participa da
quadrilha e fornece atestados
falsos a trabalhadores que solicitam o pagamento do auxílio-doença; no segundo, as falsificações são feitas sem a participação de médicos -a quadrilha
utilizava registros de médicos
verdadeiros, que não tinham
conhecimento do esquema.
Em alguns processos apurados pela PF, os médicos envolvidos cobravam R$ 50 por atestado falsificado. Em outros, os
operadores das fraudes cobravam dos trabalhadores R$ 400
pelo serviço completo até a obtenção do auxílio-doença.
A PF suspeita que em determinadas fraudes a quadrilha fique com boa parte do pagamento dos benefícios ao longo
do período que dura a licença
concedida pela Previdência.
Em Porto Alegre, onde a PF
chegou a prender 29 pessoas,
havia o envolvimento de dirigentes sindicais em alguns dos
casos descobertos. Eles armaram um esquema de fraudes
para pessoas que recebiam o
benefício e, mesmo assim, continuavam trabalhando normalmente no sindicato.
Laranjas
Agentes da PF descobriram
que os médicos envolvidos no
esquema estavam instruindo as
pessoas a como se comportar
na entrevista com o perito da
Previdência no momento de
tentar obter o benefício.
Entre as recomendações, estavam não dormir na noite anterior, usar roupas amarfanhadas, falar de forma desorientada e até ingerir algum tipo de
medicamento para demonstrar
certo nível de alucinação.
Até agora, a maior parte das
fraudes descobertas envolvia
licenças concedidas por doença
mental, mais subjetivas no momento da análise pelos peritos.
Foram encontrados casos,
porém, de laranjas. Numa fraude, um portador de hanseníase
conseguiu o auxílio-doença, só
que o beneficiado foi outra pessoa -o doente se apresentou
com documentos falsos.
(VC e LP)
Texto Anterior: Benefícios são alvo principal de corte de gasto da Previdência Próximo Texto: Em Sorocaba, quadrilha tinha "braço jurídico" Índice
|