|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Benefícios são alvo principal de corte de gasto da Previdência
Governo pretende economizar até R$ 3 bilhões com medidas de contenção de despesa em 2007, concentradas no auxílio-doença
Dispêndio com o benefício, em 2002, era de R$ 2,5 bi;
no ano passado, governo gastou R$ 12,5 bi, valor que pode se repetir neste ano
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As medidas de redução de
gastos da Previdência Social,
que farão parte do pacote para
aumentar o crescimento da
economia, devem resultar em
economia entre R$ 2 bilhões e
R$ 3 bilhões no ano que vem.
Concentradas principalmente na área do benefício do auxílio-doença, as propostas da equipe econômica acabaram limitadas depois que o presidente Lula descartou uma nova reforma. A idéia é que esse dinheiro compense parte das desonerações tributárias que vão
implicar perda de arrecadação.
No pacote econômico que será divulgado na quinta-feira,
Lula vai anunciar cortes de impostos na construção civil e em
novos investimentos produtivos, por exemplo. A expectativa
é que as medidas de desoneração causem perda de receita da
ordem de R$ 4 bilhões.
Além disso, o governo vai
anunciar uma lista de 40 a 50
obras na área de infra-estrutura a serem consideradas prioritárias e buscar recursos para
tocá-las em 2007, primeiro ano
do segundo mandato de Lula.
O governo elegeu o auxílio-doença como alvo de contenção
de gastos depois que o número
de benefícios concedidos explodiu. Até 2000, a média mensal era de 600 mil pagamentos.
No ano seguinte, começou a subir, atingindo o pico em outubro do ano passado, quando foi
pago mais de 1,6 milhão de auxílios-doença.
O gasto anual com o benefício, em 2002, era de R$ 2,5 bilhões. Saltou para R$ 12,5 bilhões no ano passado, número
que pode se repetir neste ano.
Queda e alta
O governo chegou a adotar
medidas para reduzir a concessão desse tipo de benefício no
final de 2005. Acabou com os
peritos terceirizados e baixou
novas regras, como a que estipulou prazo determinado para
a volta ao trabalho em alguns
casos de licença.
Conseguiu, com isso, sair de
um pico de 1,6 milhão de benefícios pagos por mês para 1,3
milhão em maio deste ano. Mas
o número voltou a crescer,
atingindo em outubro 1,522
milhão de auxílios-doença.
A queda acentuada se deveu
mais ao represamento de benefícios com o processo de adaptação dos novos peritos, que
substituíram os terceirizados.
O ministro Nelson Machado
(Previdência), porém, aposta
que as medidas deram certo e
ainda há espaço para reduções.
Segundo ele, se nada tivesse
sido feito, o número estaria hoje em 1,9 milhão. Além disso,
ele lembra que as concessões
voltaram a cair em novembro
-o estoque baixou de 1,522 milhão para 1,516 milhão.
O governo pretende adotar
medidas para desestimular a
busca pelo benefício. Primeiro,
aprovar projeto em tramitação
no Congresso que tentará evitar distorções no valor do benefício, já que hoje há muitos casos em que o trabalhador recebe mais parado, com o auxílio-doença, do que trabalhando.
Machado disse que o objetivo
é trazer o número de benefícios
concedidos para padrões internacionais a médio prazo.
Segundo ele, benefícios como auxílio-doença, auxílio-acidente do trabalho e aposentadoria por invalidez representam 14% dos trabalhadores
com carteira assinada, enquanto os padrões internacionais situam-se entre 7% e 8%.
(VC e LP)
Texto Anterior: Luiz Carlos Bresser-Pereira: Triste 2007 Próximo Texto: PF investiga fraudes em auxílios-doença Índice
|