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Rombo da Previdência é maior que o previsto
Deficit acumulado do ano deverá ultrapassar R$ 43 bilhões, ante a estimativa de R$ 41,2 bilhões feita pelo governo
Causas apontadas são o aumento real do mínimo, correção dos benefícios
pela inflação e maior
número de aposentados
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O impacto do aumento real
do salário mínimo e a frustração na arrecadação de contribuições jogaram por terra a
previsão do governo de encerrar 2009 com um deficit de R$
41,2 bilhões nas contas da Previdência Social. O saldo negativo do ano deverá ultrapassar
R$ 43 bilhões, segundo o Ministério da Previdência.
No mês passado, as despesas
com pagamento de benefícios
superaram as receitas com contribuições previdenciárias em
R$ 3,1 bilhões. Com isso, o rombo acumulado no ano alcançou
R$ 45,3 bilhões -em valores já
corrigidos pela inflação.
Esse valor deverá cair, no entanto, porque o ministério espera para este mês um superavit em suas contas.
Na avaliação do secretário de
Previdência Social, Helmut
Schwarzer, o saldo positivo de
dezembro ficará abaixo de R$
1,8 bilhão, que foi o superavit,
em valores atualizados, registrado nas contas no mesmo
mês do ano passado.
"Houve o aumento real do salário mínimo, a correção dos
benefícios pela inflação e, embora as receitas estejam crescendo, o patamar está abaixo
do ocorrido no ano passado",
disse o secretário ao justificar o
estouro da previsão do governo
para 2009.
Ele afirmou que o resultado
do ano deverá flutuar entre R$
43 bilhões e R$ 43,5 bilhões.
"Ainda assim ficaremos abaixo
do deficit de 2006", acrescentou. Naquele ano, a Previdência
apresentou o pior resultado da
história, com saldo negativo de
R$ 44 bilhões.
Arrecadação atípica
Em novembro, as receitas da
Previdência registraram a melhor marca mensal, com exceção dos meses de dezembro
-quando há recolhimento das
contribuições referentes ao 13º
salário dos trabalhadores. A arrecadação líquida atingiu R$
16,8 bilhões no mês passado.
Os números, no entanto, foram influenciados por fatores
atípicos, que não devem se repetir nos próximos meses.
Schwarzer explicou que, em
novembro, o caixa da Previdência recebeu reforço de R$ 1,3 bilhão referente a depósitos judiciais, que ficavam nos bancos,
mas agora compõem as receitas
do governo.
Além disso, outros R$ 350
milhões foram recolhidos das
empresas que quiseram ingressar no último parcelamento de
tributos do governo federal, o
chamado "Refis da crise".
Apesar do aumento da arrecadação, as despesas da Previdência também cresceram no
mês passado. Os gastos somaram R$ 19,9 bilhões.
O motivo para a elevação dos
gastos foi o pagamento de metade do 13º salário a uma parcela dos aposentados, representando um gasto adicional de R$
1,65 bilhão.
Na comparação com outubro, o deficit do mês passado
subiu 12%. O secretário disse
que está preocupado com o ritmo de crescimento da concessão de aposentadorias por tempo de contribuição e por idade.
Em novembro, o estoque
desses benefícios cresceu 4,8%
em relação ao mesmo período
do ano passado. "Esse patamar
está acima da taxa de crescimento demográfico. É preciso
que a sociedade comece a discutir mecanismos para retardar as aposentadorias", afirmou Schwarzer.
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