São Paulo, segunda-feira, 19 de janeiro de 2004

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GUERRA DAS CERVEJAS

Após três meses de queda, AmBev amplia vendas, mas tem menor participação no mercado que há um ano

Nova Schin pára de crescer e Skol se recupera

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Novos dados a respeito da batalha comercial entre AmBev e Schincariol serão anunciados nesta semana. Eles mostram que a Nova Schin, xodó da Schincariol, parou de crescer: a participação de mercado da marca no segmento de cerveja pilsen ficou em 13,4% em dezembro, a mesma taxa verificada em novembro.
Já a líder do setor ganhou fôlego, segundo números do Instituto de Pesquisas Nielsen. A AmBev e suas marcas recuperaram certo espaço, após três meses consecutivos de queda na participação de mercado ("market share").
A Skol, por exemplo, a cerveja mais vendida no país, tinha 31,3% do mercado em setembro, passou para 30,4% em outubro, caiu de novo em novembro (29,9%), mas subiu em dezembro (30,1%), estancando a queda.
A taxa, no entanto, é dois pontos percentuais inferior à alcançada pela empresa um ano atrás, quando a Skol tinha 32,1%. A Brahma também cresceu, mas ainda registra participação inferior ao resultado apurado em dezembro de 2002.
Os dados mostram que, no mês passado, a marca ficou com 18,7% do volume de vendas de cerveja no país, uma taxa superior a novembro, após meses de retração e expansão da Nova Schin. No entanto, em dezembro de 2002 a marca tinha 20,2% do mercado. Cada ponto equivale a vendas no valor de R$ 100 milhões.
A Nielsen deve enviar ainda às empresas nesta semana a participação de mercado de cada grupo cervejeiro. A AmBev cresceu -passou de 62,6% em novembro (incluindo todas as marcas) para 63,2% em dezembro.
Abocanhar fatias das vendas da concorrente exigiu (e exige) da Schin um bom caixa -foram R$ 140 milhões em marketing- exposição agressiva na mídia e mudanças no formato de fabricação do produto. Surgiu o "Experimenta", e essas mudanças no grupo se traduziram em números.
De setembro a dezembro, a Nova Schin passou de 9,6% para 13,4% de participação. O avanço incomodou. A AmBev se defendeu agindo: reforçou promoções em bares e restaurantes colocando na linha de frente a Antarctica.
No final de dezembro, era possível compra a cerveja (garrafa) por R$ 1,70 em bares de São Paulo. A lata, a R$ 0,75 em supermercados. No início do mês passado, o valor era de R$ 0,79 nas lojas de redes supermercadistas.
Além disso, na mídia, acusações de sonegação contra a Schin ganharam fôlego na boca de executivos da AmBev e campanhas publicitárias foram alvo de acirradas batalhas judiciais.
Em dezembro, Nizan Guanaes, um dos mais populares marqueteiros do país, foi contratado pela AmBev. Na última sexta-feira, Guanaes foi confirmado oficialmente como o novo publicitário da marca Brahma.
Tanta movimentação deu resultado. Não é à toa que, agora, a Nova Schin desacelera um pouco. "Há consumidores de cerveja infiéis. Foi esse público que experimentou e agora, decidiu trocar de novo", diz Eugênio Foganholo, sócio-diretor da Mixxer Consultoria, especializada em varejo.
Segundo ele, em termos estatísticos, a recuperação da AmBev é "questionável". De novembro para dezembro, a Skol ganhou 0.2 pontos de participação. A Brahma, 0.4 pontos. O importante, diz ele, "é que a pesquisa mostra que, se a Schin não mantiver sua força promocional, a tendência é que perca mercado".
A Schincariol não comenta os números pois ainda não teve acesso a eles. Já a AmBev diz que "os resultados são um reflexo de um trabalho consistente do grupo e não em apostas aventureiras", afirma Alexandre Loures, gerente de comunicação da companhia.
Quem acompanhou a disputa à margem, com ensaios de reação na mídia por meio de novas campanhas publicitárias, foi a Kaiser, marca pertencente à Molson.
Em dezembro, a marca teve um novo tombo em market share. Há um ano, quase 11% do mercado era dela. Nos últimos meses, aconteceram quedas. Em setembro, a participação de mercado da cerveja estava em 8,9%. No mês passado, atingiu 8,6%.


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