|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
GUERRA DAS CERVEJAS
Após três meses de queda, AmBev amplia vendas, mas tem menor participação no mercado que há um ano
Nova Schin pára de crescer e Skol se recupera
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Novos dados a respeito da batalha comercial entre AmBev e
Schincariol serão anunciados nesta semana. Eles mostram que a
Nova Schin, xodó da Schincariol,
parou de crescer: a participação
de mercado da marca no segmento de cerveja pilsen ficou em
13,4% em dezembro, a mesma taxa verificada em novembro.
Já a líder do setor ganhou fôlego, segundo números do Instituto
de Pesquisas Nielsen. A AmBev e
suas marcas recuperaram certo
espaço, após três meses consecutivos de queda na participação de
mercado ("market share").
A Skol, por exemplo, a cerveja
mais vendida no país, tinha 31,3%
do mercado em setembro, passou
para 30,4% em outubro, caiu de
novo em novembro (29,9%), mas
subiu em dezembro (30,1%), estancando a queda.
A taxa, no entanto, é dois pontos percentuais inferior à alcançada pela empresa um ano atrás,
quando a Skol tinha 32,1%. A
Brahma também cresceu, mas
ainda registra participação inferior ao resultado apurado em dezembro de 2002.
Os dados mostram que, no mês
passado, a marca ficou com 18,7%
do volume de vendas de cerveja
no país, uma taxa superior a novembro, após meses de retração e
expansão da Nova Schin. No entanto, em dezembro de 2002 a
marca tinha 20,2% do mercado.
Cada ponto equivale a vendas no
valor de R$ 100 milhões.
A Nielsen deve enviar ainda às
empresas nesta semana a participação de mercado de cada grupo
cervejeiro. A AmBev cresceu
-passou de 62,6% em novembro
(incluindo todas as marcas) para
63,2% em dezembro.
Abocanhar fatias das vendas da
concorrente exigiu (e exige) da
Schin um bom caixa -foram R$
140 milhões em marketing- exposição agressiva na mídia e mudanças no formato de fabricação
do produto. Surgiu o "Experimenta", e essas mudanças no grupo se traduziram em números.
De setembro a dezembro, a Nova Schin passou de 9,6% para
13,4% de participação. O avanço
incomodou. A AmBev se defendeu agindo: reforçou promoções
em bares e restaurantes colocando na linha de frente a Antarctica.
No final de dezembro, era possível compra a cerveja (garrafa) por
R$ 1,70 em bares de São Paulo. A
lata, a R$ 0,75 em supermercados.
No início do mês passado, o valor
era de R$ 0,79 nas lojas de redes
supermercadistas.
Além disso, na mídia, acusações
de sonegação contra a Schin ganharam fôlego na boca de executivos da AmBev e campanhas publicitárias foram alvo de acirradas
batalhas judiciais.
Em dezembro, Nizan Guanaes,
um dos mais populares marqueteiros do país, foi contratado pela
AmBev. Na última sexta-feira,
Guanaes foi confirmado oficialmente como o novo publicitário
da marca Brahma.
Tanta movimentação deu resultado. Não é à toa que, agora, a Nova Schin desacelera um pouco.
"Há consumidores de cerveja infiéis. Foi esse público que experimentou e agora, decidiu trocar de
novo", diz Eugênio Foganholo,
sócio-diretor da Mixxer Consultoria, especializada em varejo.
Segundo ele, em termos estatísticos, a recuperação da AmBev é
"questionável". De novembro para dezembro, a Skol ganhou 0.2
pontos de participação. A Brahma, 0.4 pontos. O importante, diz
ele, "é que a pesquisa mostra que,
se a Schin não mantiver sua força
promocional, a tendência é que
perca mercado".
A Schincariol não comenta os
números pois ainda não teve
acesso a eles. Já a AmBev diz que
"os resultados são um reflexo de
um trabalho consistente do grupo
e não em apostas aventureiras",
afirma Alexandre Loures, gerente
de comunicação da companhia.
Quem acompanhou a disputa à
margem, com ensaios de reação
na mídia por meio de novas campanhas publicitárias, foi a Kaiser,
marca pertencente à Molson.
Em dezembro, a marca teve um
novo tombo em market share. Há
um ano, quase 11% do mercado
era dela. Nos últimos meses,
aconteceram quedas. Em setembro, a participação de mercado da
cerveja estava em 8,9%. No mês
passado, atingiu 8,6%.
Texto Anterior: Paulista é líder de pregão virtual Próximo Texto: Abertura global: OMC e UE querem acelerar negociação comercial Índice
|