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MERCADO FINANCEIRO
Risco de aceleração excessiva da economia deverá levar Copom a adotar atitude conservadora na quarta
Analistas esperam corte de 0,5 ponto no juro
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Cautela e parcimônia. As duas
palavras repetem-se monotonamente na boca e em relatórios de
economistas de bancos que tratam da expectativa para a reunião
desta semana do Copom (Comitê
de Política Monetária), que definirá os juros da economia.
O temor de que o aumento da
demanda supere o da oferta justificaria redução de 0,5 ponto percentual da taxa básica, esperada
pela maioria dos economistas,
apesar de a recuperação econômica também estar se dando de forma parcimoniosa.
"A necessidade de compatibilizar as velocidades da oferta e da
demanda agregadas com vistas ao
crescimento sustentado justifica a
manutenção de cautela da política
monetária", diz o economista-chefe do Bradesco, Octavio de
Barros, que espera corte de 0,5
ponto percentual da taxa básica.
O câmbio caiu desde a última
reunião em dezembro, mas não
ajudaria a motivar corte mais vigoroso, segundo analistas. No período, o dólar recuou de R$ 2,93
para R$ 2,829 (última sexta).
"O fator atenuante é o câmbio",
constata Barros. "Daí nossa leitura de que será possível seguir com
pequenas reduções dos juros nos
próximos meses."
Um corte mais agressivo de juros poderia, segundo analistas,
aumentar muito as importações
dada a reduzida capacidade ociosa em vários setores.
"O país não pode acelerar excessivamente a recuperação econômica sem os investimentos compatíveis que assegurem a ampliação da oferta", segundo o economista-chefe do Banco Modal, Alexandre Póvoa. O economista também considera que o Copom optará por corte de 0,5 ponto percentual dos juros, o que traria a taxa básica, a Selic, para 16%.
"Apesar da queda da tendência
de crescimento da indústria ter
recuado de 2,3% em setembro para 1,5% em novembro, ela ainda
se expande num ritmo considerável", afirma em seu relatório Marcelo Salomon, do Unibanco, também endossa redução de 0,5 ponto percentual. A ata da última reunião, lembra ele, mencionava a
incerteza com relação à magnitude dos efeitos da queda dos juros e
a necessidade de parcimônia na
condução da política monetária.
O setor varejista registrou queda de 0,3% em novembro em relação ao mesmo mês de 2003.
Para fazer suas previsões, economistas observam principalmente inflação e os juros reais.
Considerados por muitos analistas como um fator essencial de
decisão para a condução da política monetária, os juros ex-ante (taxa de juros futuros de um ano deflacionada pela expectativa do
mercado para o IPCA de 12 meses) caíram de 9,30% para 8,70%.
Esta queda nos juros projetados
seria um das principais fatores a
recomendar o gradualismo, dizem analistas. Segundo eles, um
corte superior a 0,5 ponto percentual causaria uma aceleração indesejável do recuo desses juros,
conforme critérios do BC.
Inflação
Devido a reajustes pontuais e ao
período de entressafra de produtos agrícolas, os índices de preços
mais recentes registraram alta.
Para Barros, não é o momento
de "testar nada. Deve-se observar
a natureza da recuperação que já
começa a pressionar preços".
"Todos os núcleos [de inflação]
sugerem alguma pressão", acrescenta Barros.
Apesar de considerar que o repique de inflação não deveria
ameaçar o ciclo da política monetária, "o vemos como um incentivo adicional para que as autoridades moderem o ritmo do corte da
taxa Selic", afirma Salomon.
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