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Banco paga juro maior com "falsa poupança"
Aplicações com nomes que remetem ao da caderneta oferecem retornos melhores, mas há carência de 30 dias antes do 1º resgate
Investimento, que na
verdade se trata de um
CDB, tem incidência de IR;
Pro Teste vê problema na
divulgação de produtos
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
Os bancos brasileiros estão
oferendo a seus clientes mais
conservadores uma aplicação
financeira que parece, mas não
é, uma poupança. Para atrair o
aplicador tradicional da caderneta, a "falsa poupança" promete um retorno levemente
maior, mas com as mesmas garantias de segurança.
Até o nome da aplicação lembra o de uma poupança tradicional -Super Poupança, no
Itaú; HiperPoup, no Bradesco;
Extrapoupe, no Banco do Brasil; e Multi Poup, no Santander.
A rentabilidade é expressa em
porcentagem mais TR, como a
poupança.
Na verdade, trata-se de um
CDB (Certificado de Depósito
Bancário) com liquidez diária,
que aceita quantias baixas de
aplicação -mínimo de R$ 100
no Bradesco, no Itaú e no Santander; e de R$ 200 no BB. Por
outro lado, rendem menos que
o CDB tradicional, de maior volume. Diferentemente da poupança, que é isenta, esses investimentos têm incidência de IR
(Imposto de Renda).
A principal vantagem oferecida pelos bancos é o rendimento, que fica em torno de 8%
bruto ao ano mais TR -a poupança garante 6% líquido mais
a TR. A "falsa poupança" também dispensa o aplicador da
obrigatoriedade de esperar as
datas de aniversário da aplicação para ter o rendimento integral do mês, como acontece
com a caderneta. O investidor
que sair antes leva o juro proporcional ao período.
A segurança é a mesma da
poupança, de até R$ 60 mil por
CPF, via FGC (Fundo Garantidor de Crédito), que vale para
todos os depósitos a prazo.
Para o cliente, a desvantagem
é ter obrigatoriamente de esperar 30 dias antes de efetuar o
primeiro resgate -carência
inexistente na poupança. Por
outro lado, não há incidência de
IOF (Imposto sobre Operações
Financeiras).
Já para o banco, além de obter dinheiro com custo baixo, a
vantagem é que fica livre de ter
de direcionar 65% da captação
para o crédito imobiliário.
Apesar de os bancos anunciarem uma rentabilidade isenta
de imposto, as "falsas poupanças" recolhem IR, que vai de
22,5% (menos de seis meses)
até 15% (mais de dois anos) no
final do período de aplicação.
"O investidor menos atento
pode nunca perceber que teve
imposto recolhido. Os bancos
fazem a propaganda de uma
poupança que rende mais. Já
anunciam uma rentabilidade
isenta de imposto. Aí parece
que é uma poupança melhorada, mas isso não existe. Nas divulgações que vi, em nenhum
momento é dito que é um CDB.
Isso está errado de acordo com
o Código de Defesa do Consumidor", diz Veronica Tostes,
advogada da Pro Teste. Procurados, bancos que oferecem o
serviço não se pronunciaram
sobre as declarações.
A Pro Teste fez simulações
com várias dessa aplicações
oferecidas pelos bancos. Constatou que, por menor que seja o
prazo da aplicação, em nenhum
caso a rentabilidade líquida
corre o risco de ficar abaixo da
poupança. A única possibilidade de render menos que a poupança é se o investidor resgatar
em menos de 30 dias, que tem
incidência de IOF. Mesmo assim, os principais produtos têm
carência de 30 dias para o primeiro resgate.
"Pela nossa experiência, essas aplicações não são as melhores do mercado. Mas não
chegam a ser um produto ruim,
rendendo menos do que a poupança. De qualquer maneira, é
importante que o consumidor
saiba que não é uma poupança.
Que, se ele precisar do dinheiro
antes de um mês, não vai conseguir", afirma.
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