São Paulo, terça, 19 de janeiro de 1999

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TRABALHO
Montadoras devem parar na quinta-feira em solidariedade aos demitidos da Ford
Sindicato prepara passeata no ABC

MAURICIO ESPOSITO
da Reportagem Local

Metalúrgicos da região do ABC paulista farão na próxima quinta-feira uma passeata em solidariedade aos 2.800 trabalhadores demitidos pela Ford.
A intenção do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, que está organizando o protesto, é paralisar as atividades das montadoras e principais fábricas da região para que todos os funcionários participem da passeata.
Ontem, cerca de 4 mil metalúrgicos da Ford, entre demitidos e empregados, não respeitaram a licença remunerada anunciada pela montadora e compareceram à assembléia convocada pelo sindicato, no pátio da empresa.
Desde o dia 5 de janeiro, quando os funcionários da Ford retornaram das férias coletivas, os 2.800 demitidos ocupam diariamente a fábrica da montadora no ABC.
Como a Ford não vinha ativando a linha de produção enquanto os demitidos estivessem na unidade, a fábrica permaneceu paralisada todos os dias.
No sábado, a Ford anunciou licença remunerada para os 4.000 funcionários restantes da linha de produção até o dia 29 de janeiro.
Depois da concentração de ontem, cerca de 400 veículos saíram em carreata até a sede do sindicato, onde aproximadamente mil metalúrgicos discutiram os protestos programados para a semana.
Durante a assembléia na Ford, parte dos sindicalistas quis forçar a entrada na fábrica, mas foram desmotivados pelos demais, já que a orientação da montadora era de não permitir a ocupação.
Segundo Carlos Alberto Grana, secretário-geral do sindicato, houve o temor de que a invasão pudesse provocar danos materiais às instalações, o que não seria bem-visto pela opinião pública e poderia atrapalhar a estratégia do sindicato, de pressionar o governo por mudanças na política econômica.
Ontem, durante a inauguração da nova fábrica da Volkswagen, no Paraná, o presidente do sindicato, Luiz Marinho, iria tentar marcar uma audiência com Fernando Henrique Cardoso, que também compareceu à solenidade.
Os metalúrgicos do ABC iniciaram ontem uma campanha de arrecadação de fundos para os 2.800 demitidos, já que, amanhã, quando a Ford deposita o adiantamento mensal, eles não receberão. Segundo Rafael Marques, coordenador da comissão de fábrica da Ford, a intenção é arrecadar cerca de R$ 1 milhão, o que daria um auxílio de R$ 350 por demitido.
O sindicato também informou que já recebeu 25 toneladas de alimentos de uma organização não-governamental do Rio de Janeiro.
Funcionários da outras montadoras também prometem ajudar. Os trabalhadores da Volkswagen darão o valor de duas horas de trabalho (R$ 15, em média) para os demitidos da Ford.
No caso da Mercedes, a colaboração será de uma hora de trabalho (cerca de R$ 6, em média).



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