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TRABALHO
Montadoras devem parar na quinta-feira em solidariedade aos demitidos da Ford
Sindicato prepara passeata no ABC
MAURICIO ESPOSITO
da Reportagem Local
Metalúrgicos da região do ABC
paulista farão na próxima quinta-feira uma passeata em solidariedade aos 2.800 trabalhadores demitidos pela Ford.
A intenção do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, que está organizando o protesto, é paralisar as
atividades das montadoras e principais fábricas da região para que
todos os funcionários participem
da passeata.
Ontem, cerca de 4 mil metalúrgicos da Ford, entre demitidos e empregados, não respeitaram a licença remunerada anunciada pela
montadora e compareceram à assembléia convocada pelo sindicato, no pátio da empresa.
Desde o dia 5 de janeiro, quando
os funcionários da Ford retornaram das férias coletivas, os 2.800
demitidos ocupam diariamente a
fábrica da montadora no ABC.
Como a Ford não vinha ativando
a linha de produção enquanto os
demitidos estivessem na unidade,
a fábrica permaneceu paralisada
todos os dias.
No sábado, a Ford anunciou licença remunerada para os 4.000
funcionários restantes da linha de
produção até o dia 29 de janeiro.
Depois da concentração de ontem, cerca de 400 veículos saíram
em carreata até a sede do sindicato,
onde aproximadamente mil metalúrgicos discutiram os protestos
programados para a semana.
Durante a assembléia na Ford,
parte dos sindicalistas quis forçar a
entrada na fábrica, mas foram desmotivados pelos demais, já que a
orientação da montadora era de
não permitir a ocupação.
Segundo Carlos Alberto Grana,
secretário-geral do sindicato, houve o temor de que a invasão pudesse provocar danos materiais às instalações, o que não seria bem-visto
pela opinião pública e poderia
atrapalhar a estratégia do sindicato, de pressionar o governo por
mudanças na política econômica.
Ontem, durante a inauguração
da nova fábrica da Volkswagen, no
Paraná, o presidente do sindicato,
Luiz Marinho, iria tentar marcar
uma audiência com Fernando
Henrique Cardoso, que também
compareceu à solenidade.
Os metalúrgicos do ABC iniciaram ontem uma campanha de arrecadação de fundos para os 2.800
demitidos, já que, amanhã, quando a Ford deposita o adiantamento
mensal, eles não receberão. Segundo Rafael Marques, coordenador
da comissão de fábrica da Ford, a
intenção é arrecadar cerca de R$ 1
milhão, o que daria um auxílio de
R$ 350 por demitido.
O sindicato também informou
que já recebeu 25 toneladas de alimentos de uma organização não-governamental do Rio de Janeiro.
Funcionários da outras montadoras também prometem ajudar.
Os trabalhadores da Volkswagen
darão o valor de duas horas de trabalho (R$ 15, em média) para os
demitidos da Ford.
No caso da Mercedes, a colaboração será de uma hora de trabalho
(cerca de R$ 6, em média).
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